Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Brasil, um país estranho


Por Redação
Imagem: arquivo pessoal  

Emiliano Lobo de Godoi, Professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

Somos um povo de uma rica e interessante história, mas, no mínimo, temos um comportamento estranho. Vivemos em uma constante dualidade entre elogiar nosso país e degradar nossos recursos naturais. Entre o orgulho de sermos brasileiros e a vergonha de nossos atos. Entre a grande capacidade de elaborar Leis e nossa inoperância em cumpri-las. Entre apontar erros dos outros e permanecer de maneira inabalável em nossos próprios erros. Entre falar com soberba sobre a importância da honestidade e praticar com descaramento a desonestidade.

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Nos orgulhamos da simpatia e do acolhimento que nosso povo demonstra, mas aceitamos com naturalidade os 40,8 mil assassinatos no país ocorridos apenas em 2022, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só de homicídios dolosos (intencionais) de mulheres foram 3,9 mil. No trânsito, a cada minuto, pelo menos uma pessoa fica inválida e, a cada 12 minutos, uma pessoa morre, conforme aponta o Observatório Nacional de Segurança Viária. Uma forma estranha de cuidarmos uns dos outros.

Exaltamos em nosso hino nacional a exuberância de nossas florestas, bradando em alto som, que nossos "lindos campos têm mais flores e nossos bosques têm mais vida", porém, eliminamos praticamente 90% da mata atlântica e 50% da vegetação original do cerrado, para ficar apenas nestes dois biomas. Somos contra os desmatamentos, porém, em nenhum momento nos importamos com a origem das madeiras dos produtos que compramos. Ao contrário, nos orgulhamos da madeira nobre que compõe o piso de nossa sala.

Exploramos uma árvore até quase sua extinção e, após isso, fazemos uma homenagem a essa mesma planta dando o seu nome ao país. Em nossas viagens, há bem mais chances de encontrarmos uma floresta de eucalipto do que um único exemplar de Pau- Brasil. Eliminamos grande parte dos povos tradicionais e, após isso, os agraciamos dando seus nomes à estados e cidades espalhadas pelo país. Uma forma estranha de se demonstrar respeito.

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Criamos o dia da água e nos gabamos de nosso país ser detentor de 12% das águas doces do planeta. Ao mesmo tempo, avançamos em áreas de preservação permanente e secamos nossas nascentes. Captamos água limpa e devolvemos 45% do total em forma de esgoto sem qualquer tipo de tratamento. Uma forma estranha de se cuidar da água.

Isso indica que nosso problema é bem mais profundo do que imaginamos. Precisamos refletir se existe coerência entre a imagem que criamos para nós e os atos que praticamos entre nós. Precisamos deixar um pouco de lado nosso ufanismo e, de fato, trabalhar por um país mais igualitário e justo. Devemos pensar que um país só se constrói com ações práticas e efetivas e se destrói quando vive apenas de ilusões.

Imagem: arquivo pessoal  

Emiliano Lobo de Godoi, Professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

Somos um povo de uma rica e interessante história, mas, no mínimo, temos um comportamento estranho. Vivemos em uma constante dualidade entre elogiar nosso país e degradar nossos recursos naturais. Entre o orgulho de sermos brasileiros e a vergonha de nossos atos. Entre a grande capacidade de elaborar Leis e nossa inoperância em cumpri-las. Entre apontar erros dos outros e permanecer de maneira inabalável em nossos próprios erros. Entre falar com soberba sobre a importância da honestidade e praticar com descaramento a desonestidade.

Nos orgulhamos da simpatia e do acolhimento que nosso povo demonstra, mas aceitamos com naturalidade os 40,8 mil assassinatos no país ocorridos apenas em 2022, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só de homicídios dolosos (intencionais) de mulheres foram 3,9 mil. No trânsito, a cada minuto, pelo menos uma pessoa fica inválida e, a cada 12 minutos, uma pessoa morre, conforme aponta o Observatório Nacional de Segurança Viária. Uma forma estranha de cuidarmos uns dos outros.

Exaltamos em nosso hino nacional a exuberância de nossas florestas, bradando em alto som, que nossos "lindos campos têm mais flores e nossos bosques têm mais vida", porém, eliminamos praticamente 90% da mata atlântica e 50% da vegetação original do cerrado, para ficar apenas nestes dois biomas. Somos contra os desmatamentos, porém, em nenhum momento nos importamos com a origem das madeiras dos produtos que compramos. Ao contrário, nos orgulhamos da madeira nobre que compõe o piso de nossa sala.

Exploramos uma árvore até quase sua extinção e, após isso, fazemos uma homenagem a essa mesma planta dando o seu nome ao país. Em nossas viagens, há bem mais chances de encontrarmos uma floresta de eucalipto do que um único exemplar de Pau- Brasil. Eliminamos grande parte dos povos tradicionais e, após isso, os agraciamos dando seus nomes à estados e cidades espalhadas pelo país. Uma forma estranha de se demonstrar respeito.

Criamos o dia da água e nos gabamos de nosso país ser detentor de 12% das águas doces do planeta. Ao mesmo tempo, avançamos em áreas de preservação permanente e secamos nossas nascentes. Captamos água limpa e devolvemos 45% do total em forma de esgoto sem qualquer tipo de tratamento. Uma forma estranha de se cuidar da água.

Isso indica que nosso problema é bem mais profundo do que imaginamos. Precisamos refletir se existe coerência entre a imagem que criamos para nós e os atos que praticamos entre nós. Precisamos deixar um pouco de lado nosso ufanismo e, de fato, trabalhar por um país mais igualitário e justo. Devemos pensar que um país só se constrói com ações práticas e efetivas e se destrói quando vive apenas de ilusões.

Imagem: arquivo pessoal  

Emiliano Lobo de Godoi, Professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

Somos um povo de uma rica e interessante história, mas, no mínimo, temos um comportamento estranho. Vivemos em uma constante dualidade entre elogiar nosso país e degradar nossos recursos naturais. Entre o orgulho de sermos brasileiros e a vergonha de nossos atos. Entre a grande capacidade de elaborar Leis e nossa inoperância em cumpri-las. Entre apontar erros dos outros e permanecer de maneira inabalável em nossos próprios erros. Entre falar com soberba sobre a importância da honestidade e praticar com descaramento a desonestidade.

Nos orgulhamos da simpatia e do acolhimento que nosso povo demonstra, mas aceitamos com naturalidade os 40,8 mil assassinatos no país ocorridos apenas em 2022, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só de homicídios dolosos (intencionais) de mulheres foram 3,9 mil. No trânsito, a cada minuto, pelo menos uma pessoa fica inválida e, a cada 12 minutos, uma pessoa morre, conforme aponta o Observatório Nacional de Segurança Viária. Uma forma estranha de cuidarmos uns dos outros.

Exaltamos em nosso hino nacional a exuberância de nossas florestas, bradando em alto som, que nossos "lindos campos têm mais flores e nossos bosques têm mais vida", porém, eliminamos praticamente 90% da mata atlântica e 50% da vegetação original do cerrado, para ficar apenas nestes dois biomas. Somos contra os desmatamentos, porém, em nenhum momento nos importamos com a origem das madeiras dos produtos que compramos. Ao contrário, nos orgulhamos da madeira nobre que compõe o piso de nossa sala.

Exploramos uma árvore até quase sua extinção e, após isso, fazemos uma homenagem a essa mesma planta dando o seu nome ao país. Em nossas viagens, há bem mais chances de encontrarmos uma floresta de eucalipto do que um único exemplar de Pau- Brasil. Eliminamos grande parte dos povos tradicionais e, após isso, os agraciamos dando seus nomes à estados e cidades espalhadas pelo país. Uma forma estranha de se demonstrar respeito.

Criamos o dia da água e nos gabamos de nosso país ser detentor de 12% das águas doces do planeta. Ao mesmo tempo, avançamos em áreas de preservação permanente e secamos nossas nascentes. Captamos água limpa e devolvemos 45% do total em forma de esgoto sem qualquer tipo de tratamento. Uma forma estranha de se cuidar da água.

Isso indica que nosso problema é bem mais profundo do que imaginamos. Precisamos refletir se existe coerência entre a imagem que criamos para nós e os atos que praticamos entre nós. Precisamos deixar um pouco de lado nosso ufanismo e, de fato, trabalhar por um país mais igualitário e justo. Devemos pensar que um país só se constrói com ações práticas e efetivas e se destrói quando vive apenas de ilusões.

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