Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

O desafio de curto e longo prazo dos desastres naturais


Por Redação
 Foto: arquivo pessoal.

Rafael Perich, Doutorando em Ciência Política na UFPR e Pesquisador no Consórcio de Pesquisa em Crises e Poder Local. E-mail: perich.rafa@gmail.com

A OMS divulgou que o terremoto na Turquia e Síria foi o pior desastre natural em 100 anos. Os números aumentam a cada dia e estima-se que 26 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária, além da quantidade de mortos já divulgada. No contexto brasileiro, vemos enchentes matando e desabrigando milhares de pessoas todos os anos, sem que as autoridades tomem medidas preventivas e educativas sobre o que fazer nesses casos. É preciso entender que a humanidade é simultaneamente vítima e causadora de catástrofes, sociedade e natureza estão em forte interação e a mudança em uma necessariamente afeta a outra.

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A falta de políticas públicas, de acesso a moradia digna e a desatenção frente aos avisos dos monitoramentos públicos geram problemas cada vez maiores. Esse vínculo bilateral torna-se cada vez mais chamativo com o aumento de práticas nocivas como o desmatamento que tem ocorrido no Brasil. As consequências dos desastres naturais para as populações afetadas dependem do grau de desenvolvimento da região, sem contar a humanidade das pessoas envolvidas (ao escrever me lembro do preço da água cobrada em São Sebastião - SP). Países em desenvolvimento tendem a sofrer perdas mais severas devido à falta de preparação e capacidade de resposta, além de que sociedades fragmentadas politicamente tendem a sofrer mais impactos. É, portanto, mais vantajoso investir em ações preventivas para que os custos em termos humanos, materiais e financeiros sejam suportáveis pelas sociedades.

Os desastres geram impactos de curto e longo prazo. O impacto de curto prazo geralmente é aquele que recebe atenção da mídia: o número de mortes, a extensão do desastre, fotos e vídeos impactantes - aquilo que é fácil de digerir para qualquer pessoa que esteja interessada no assunto. O impacto de longo prazo ocorre devido à perturbação econômica que as crises geram. Por exemplo, no caso do tsunami no Japão, houve um declínio na produção de algumas indústrias, incluindo eletrônicos e automóveis. Essa queda na produção foi causada pela interrupção estrutural direta no país, juntamente com o rompimento das cadeias produtivas globais. Esse ecossistema global faz com que uma região afetada interfira na economia de outras a quilômetros de distância. No caso da Turquia, as indústrias têxtil, de processamento de alimentos, eletrônica e mineração podem afetar países próximos, principalmente aqueles que já dependiam de fontes de energia devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Tamanho e densidade populacional são fatores que afetam a resiliência das cidades. Em cidades menos populosas, existe maior dificuldade de apreensão e aplicação de capacidades resilientes, pois o contato entre a população é menor, fazendo com que a cultura se enraíze mais lentamente. O efeito de radiação também é importante. A literatura de desastres enfatiza que cidades localizadas ao redor de cidades com altos níveis de resiliência possuem desenvolvimento resiliente maior do que cidades distantes. Além da resiliência social, a resiliência econômica das cidades é importante, permitindo a realocação ou não de recursos para alcançar crescimento econômico após um choque.

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É importante falar sobre economia, já que, na visão de longo prazo da resiliência urbana, as cidades são muito mais vulneráveis a deslocamentos econômicos e políticos do que a terremotos. Existem vários casos, como os incêndios de Londres, Chicago e Boston ou mesmo a Peste Negra, em que a cidade em si não sofreu um impacto populacional a longo prazo. Em vez disso, os salários aumentaram devido à escassez de mão de obra, o que também aumentou a demanda por bens de luxo. Isso fez com que o interesse pela cidade se mantivesse, diferentemente de cidades que sofreram com a perda do acesso a rios, por exemplo. Um caso emblemático é o do Rio Nilo, que por vezes ajudou a derrubar faraós devido às secas ocorridas.

A reconstrução após uma crise também depende da ajuda dos governos centrais. Eles podem estimular a economia e utilizar a crise como uma oportunidade para recomeçar do zero, redirecionando indústrias, comércios, populações e, principalmente, dinheiro para aquilo que planejaram fazer. Em países onde grande parte do território foi destruída, a reconstrução não tem como objetivo simplesmente restaurar o que foi perdido, mas sim realocar recursos e estratégias de políticas públicas e interesses políticos para que o país e sua população possam se desenvolver com qualidade e segurança.

Por fim, é necessário estimular o processo de resiliência da população, seja por meio de ações educativas ou reforço estrutural dos sistemas públicos, além da legislação sobre construção e garantias fundamentais. Além disso, é preciso assegurar a autonomia financeira municipal para que as realidades locais sejam respeitadas. Desta forma, empoderar as cidades faz com que elas se tornem mais seguras.

 Foto: arquivo pessoal.

Rafael Perich, Doutorando em Ciência Política na UFPR e Pesquisador no Consórcio de Pesquisa em Crises e Poder Local. E-mail: perich.rafa@gmail.com

A OMS divulgou que o terremoto na Turquia e Síria foi o pior desastre natural em 100 anos. Os números aumentam a cada dia e estima-se que 26 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária, além da quantidade de mortos já divulgada. No contexto brasileiro, vemos enchentes matando e desabrigando milhares de pessoas todos os anos, sem que as autoridades tomem medidas preventivas e educativas sobre o que fazer nesses casos. É preciso entender que a humanidade é simultaneamente vítima e causadora de catástrofes, sociedade e natureza estão em forte interação e a mudança em uma necessariamente afeta a outra.

A falta de políticas públicas, de acesso a moradia digna e a desatenção frente aos avisos dos monitoramentos públicos geram problemas cada vez maiores. Esse vínculo bilateral torna-se cada vez mais chamativo com o aumento de práticas nocivas como o desmatamento que tem ocorrido no Brasil. As consequências dos desastres naturais para as populações afetadas dependem do grau de desenvolvimento da região, sem contar a humanidade das pessoas envolvidas (ao escrever me lembro do preço da água cobrada em São Sebastião - SP). Países em desenvolvimento tendem a sofrer perdas mais severas devido à falta de preparação e capacidade de resposta, além de que sociedades fragmentadas politicamente tendem a sofrer mais impactos. É, portanto, mais vantajoso investir em ações preventivas para que os custos em termos humanos, materiais e financeiros sejam suportáveis pelas sociedades.

Os desastres geram impactos de curto e longo prazo. O impacto de curto prazo geralmente é aquele que recebe atenção da mídia: o número de mortes, a extensão do desastre, fotos e vídeos impactantes - aquilo que é fácil de digerir para qualquer pessoa que esteja interessada no assunto. O impacto de longo prazo ocorre devido à perturbação econômica que as crises geram. Por exemplo, no caso do tsunami no Japão, houve um declínio na produção de algumas indústrias, incluindo eletrônicos e automóveis. Essa queda na produção foi causada pela interrupção estrutural direta no país, juntamente com o rompimento das cadeias produtivas globais. Esse ecossistema global faz com que uma região afetada interfira na economia de outras a quilômetros de distância. No caso da Turquia, as indústrias têxtil, de processamento de alimentos, eletrônica e mineração podem afetar países próximos, principalmente aqueles que já dependiam de fontes de energia devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Tamanho e densidade populacional são fatores que afetam a resiliência das cidades. Em cidades menos populosas, existe maior dificuldade de apreensão e aplicação de capacidades resilientes, pois o contato entre a população é menor, fazendo com que a cultura se enraíze mais lentamente. O efeito de radiação também é importante. A literatura de desastres enfatiza que cidades localizadas ao redor de cidades com altos níveis de resiliência possuem desenvolvimento resiliente maior do que cidades distantes. Além da resiliência social, a resiliência econômica das cidades é importante, permitindo a realocação ou não de recursos para alcançar crescimento econômico após um choque.

É importante falar sobre economia, já que, na visão de longo prazo da resiliência urbana, as cidades são muito mais vulneráveis a deslocamentos econômicos e políticos do que a terremotos. Existem vários casos, como os incêndios de Londres, Chicago e Boston ou mesmo a Peste Negra, em que a cidade em si não sofreu um impacto populacional a longo prazo. Em vez disso, os salários aumentaram devido à escassez de mão de obra, o que também aumentou a demanda por bens de luxo. Isso fez com que o interesse pela cidade se mantivesse, diferentemente de cidades que sofreram com a perda do acesso a rios, por exemplo. Um caso emblemático é o do Rio Nilo, que por vezes ajudou a derrubar faraós devido às secas ocorridas.

A reconstrução após uma crise também depende da ajuda dos governos centrais. Eles podem estimular a economia e utilizar a crise como uma oportunidade para recomeçar do zero, redirecionando indústrias, comércios, populações e, principalmente, dinheiro para aquilo que planejaram fazer. Em países onde grande parte do território foi destruída, a reconstrução não tem como objetivo simplesmente restaurar o que foi perdido, mas sim realocar recursos e estratégias de políticas públicas e interesses políticos para que o país e sua população possam se desenvolver com qualidade e segurança.

Por fim, é necessário estimular o processo de resiliência da população, seja por meio de ações educativas ou reforço estrutural dos sistemas públicos, além da legislação sobre construção e garantias fundamentais. Além disso, é preciso assegurar a autonomia financeira municipal para que as realidades locais sejam respeitadas. Desta forma, empoderar as cidades faz com que elas se tornem mais seguras.

 Foto: arquivo pessoal.

Rafael Perich, Doutorando em Ciência Política na UFPR e Pesquisador no Consórcio de Pesquisa em Crises e Poder Local. E-mail: perich.rafa@gmail.com

A OMS divulgou que o terremoto na Turquia e Síria foi o pior desastre natural em 100 anos. Os números aumentam a cada dia e estima-se que 26 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária, além da quantidade de mortos já divulgada. No contexto brasileiro, vemos enchentes matando e desabrigando milhares de pessoas todos os anos, sem que as autoridades tomem medidas preventivas e educativas sobre o que fazer nesses casos. É preciso entender que a humanidade é simultaneamente vítima e causadora de catástrofes, sociedade e natureza estão em forte interação e a mudança em uma necessariamente afeta a outra.

A falta de políticas públicas, de acesso a moradia digna e a desatenção frente aos avisos dos monitoramentos públicos geram problemas cada vez maiores. Esse vínculo bilateral torna-se cada vez mais chamativo com o aumento de práticas nocivas como o desmatamento que tem ocorrido no Brasil. As consequências dos desastres naturais para as populações afetadas dependem do grau de desenvolvimento da região, sem contar a humanidade das pessoas envolvidas (ao escrever me lembro do preço da água cobrada em São Sebastião - SP). Países em desenvolvimento tendem a sofrer perdas mais severas devido à falta de preparação e capacidade de resposta, além de que sociedades fragmentadas politicamente tendem a sofrer mais impactos. É, portanto, mais vantajoso investir em ações preventivas para que os custos em termos humanos, materiais e financeiros sejam suportáveis pelas sociedades.

Os desastres geram impactos de curto e longo prazo. O impacto de curto prazo geralmente é aquele que recebe atenção da mídia: o número de mortes, a extensão do desastre, fotos e vídeos impactantes - aquilo que é fácil de digerir para qualquer pessoa que esteja interessada no assunto. O impacto de longo prazo ocorre devido à perturbação econômica que as crises geram. Por exemplo, no caso do tsunami no Japão, houve um declínio na produção de algumas indústrias, incluindo eletrônicos e automóveis. Essa queda na produção foi causada pela interrupção estrutural direta no país, juntamente com o rompimento das cadeias produtivas globais. Esse ecossistema global faz com que uma região afetada interfira na economia de outras a quilômetros de distância. No caso da Turquia, as indústrias têxtil, de processamento de alimentos, eletrônica e mineração podem afetar países próximos, principalmente aqueles que já dependiam de fontes de energia devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Tamanho e densidade populacional são fatores que afetam a resiliência das cidades. Em cidades menos populosas, existe maior dificuldade de apreensão e aplicação de capacidades resilientes, pois o contato entre a população é menor, fazendo com que a cultura se enraíze mais lentamente. O efeito de radiação também é importante. A literatura de desastres enfatiza que cidades localizadas ao redor de cidades com altos níveis de resiliência possuem desenvolvimento resiliente maior do que cidades distantes. Além da resiliência social, a resiliência econômica das cidades é importante, permitindo a realocação ou não de recursos para alcançar crescimento econômico após um choque.

É importante falar sobre economia, já que, na visão de longo prazo da resiliência urbana, as cidades são muito mais vulneráveis a deslocamentos econômicos e políticos do que a terremotos. Existem vários casos, como os incêndios de Londres, Chicago e Boston ou mesmo a Peste Negra, em que a cidade em si não sofreu um impacto populacional a longo prazo. Em vez disso, os salários aumentaram devido à escassez de mão de obra, o que também aumentou a demanda por bens de luxo. Isso fez com que o interesse pela cidade se mantivesse, diferentemente de cidades que sofreram com a perda do acesso a rios, por exemplo. Um caso emblemático é o do Rio Nilo, que por vezes ajudou a derrubar faraós devido às secas ocorridas.

A reconstrução após uma crise também depende da ajuda dos governos centrais. Eles podem estimular a economia e utilizar a crise como uma oportunidade para recomeçar do zero, redirecionando indústrias, comércios, populações e, principalmente, dinheiro para aquilo que planejaram fazer. Em países onde grande parte do território foi destruída, a reconstrução não tem como objetivo simplesmente restaurar o que foi perdido, mas sim realocar recursos e estratégias de políticas públicas e interesses políticos para que o país e sua população possam se desenvolver com qualidade e segurança.

Por fim, é necessário estimular o processo de resiliência da população, seja por meio de ações educativas ou reforço estrutural dos sistemas públicos, além da legislação sobre construção e garantias fundamentais. Além disso, é preciso assegurar a autonomia financeira municipal para que as realidades locais sejam respeitadas. Desta forma, empoderar as cidades faz com que elas se tornem mais seguras.

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