De uns bons tempos para cá, políticos se apropriaram equivocadamente de uma palavra para tentar se defender de fatos imputados a eles.
A muamba com as joias: É narrativa!
A campanha do pix: narrativa! Narrativa!
O hacker no Palácio do Alvorada: narrativa! Narrativa! Narrativa!!!
Afinal, o novo sorriso de Bolsonaro é narrativa?
Recorro ao velho e bom dicionário:
narrativa
substantivo feminino
- 1.
exposição de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados, reais ou imaginários, por meio de palavras ou de imagens.
- 2.
ação, processo ou efeito de narrar; narração.
Os exemplos citados acima retratam a exposição de acontecimentos encadeados, investigados em inquéritos da Polícia Federal. Dizer que é narrativa não descarta que, de fato, aconteceram. Se houve crime ou não, caberá à Polícia Federal dizer ao fim dos inquéritos e a justiça julgar, se houver denúncia.
Esta semana, o ex-presidente Bolsonaro foi intimado a depor sobre empresários que discutiram golpe pelo whattsapp, depois da vitória de Lula nas eleições.
Na semana passada, o ex-presidente e seu entorno se tornaram o centro da investigação de um suposto esquema ilegal de venda de joias dadas à presidência da república. Hoje, o advogado de defesa da mulher dele, Michelle Bolsonaro deixou o caso das joias sauditas. No auge das investigações, Bolsonaro foi a Goiânia para fazer harmonização dentária. Narrativa? Os dentes são reais, de porcelana, é bem verdade. Verdade também exibe um sorriso, ainda amarelo, do ex-presidente.
"Um sorriso para cada história," explicou o odontologista Rildo Lasmar, responsável pelo procedimento.
Harmonizar a estética pode até garantir um momento de diversionismo em meio à crise que tem revelado uma cronologia rocambolesca de tentativa de golpe e de patrimônio público cravado de diamantes, vendido no mercado americano. É fato que nem tudo que reluz é ouro, tanto é que havia latão no meio dos presentes.
No fim das investigações, a história dirá com que sorriso - reluzente ou amarelo -Bolsonaro vai ficar.