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Opinião|Cada cidade com suas celebridades: do bar da Bia Kicis ao encontro com Bradley Cooper


Brasiliense que é brasiliense - meu caso - disfarça e faz que nem viu algum político. São as celebridades da capital federal

Por Giuliana Morrone
Atualização:

Cada cidade com suas celebridades. Quando vou ao Rio, sigo os cariocas e finjo que não vejo Alexandre Nero saindo da padaria em Ipanema. Tem que ser muito outsider para reparar e falar sobre quem estacionou no Leblon. É assim também em Nova York. Lá estava eu fazendo leg press na academia e ele veio me perguntar se faltava muito para acabar. Uma série ainda, murmurei entediada. Vou esperar, respondeu Bradley Cooper.

Brasiliense que é brasiliense - meu caso - disfarça e faz que nem viu algum político. São as celebridades da capital federal. É Flavio Bolsonaro, o senador pelo PL do Rio, de bermuda na fila do caixa do supermercado, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, na feijoada da Vila Planalto... políticos eleitos alhures ocupam a nossa cidade.

Flyer do antigo bar Radicaos, em Brasília: “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”. Foto: Reprodução
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Evidentemente, há os daqui também.

Na minha adolescência, representei bem a geração Coca-Cola e, sempre que podia, assistia aos shows da Legião Urbana, da Plebe Rude e de outras bandas da capital. A gente ia pro Bom Demais, um bar vegetariano na Asa Norte, para ver Cassia Eller no palquinho. Cassia Eller causava. Os punks causavam mais. Quebravam tudo. Nunca fui - meus pais não deixariam jamais - mas soube que havia um bar chamado Radicaos, frequentado por punks. Era o caos. “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”, dizia o flyer do Radicaos.

Para minha surpresa, soube recentemente que um dos sócios do Radicaos era a deputada pelo Distrito Federal Bia Kicis, do PL. Foi a própria deputada que falou de seu passado punk, numa gravação bem-humorada, disponível na web. O tempo passou, Kicis é hoje um dos esteios do que restou do bolsonarismo.

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Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de tornar Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, não faltam especulações sobre quem vai ocupar o lugar dele, e de quem receberá apoio efetivo. A direita dá sinais de que não quer mais “radicaos”, como a beligerante deputada Carla Zambelli, do PL. Prefere os que transitam sem muitos solavancos no centro, e no lado dos mais conservadores, como o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas. Há também Michelle Bolsonaro, que tem se dividido nos ensaios de atuação no cenário político, e na venda de loção hidratante. Permanece marcada pela imagem da cascata de diamantes. Nomes como os dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Paraná, Ratinho Junior, também circulam nas rodas de Brasília.

Convenhamos, ainda é cedo para saber quem será o sucessor de Jair. É cedo até para prever o futuro de Jair. Como vai lidar com as emoções, com a perda de protagonismo, com o ostracismo eleitoral.

Tarde é para a esquerda buscar novos líderes e novos pensamentos que não sejam “radicaos”, como o equívoco de querer relativizar democracia.

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Enquanto a poeira vermelha assenta neste início de seca em Brasília, o centro vai comendo pelas beiradas.

Cada cidade com suas celebridades. Quando vou ao Rio, sigo os cariocas e finjo que não vejo Alexandre Nero saindo da padaria em Ipanema. Tem que ser muito outsider para reparar e falar sobre quem estacionou no Leblon. É assim também em Nova York. Lá estava eu fazendo leg press na academia e ele veio me perguntar se faltava muito para acabar. Uma série ainda, murmurei entediada. Vou esperar, respondeu Bradley Cooper.

Brasiliense que é brasiliense - meu caso - disfarça e faz que nem viu algum político. São as celebridades da capital federal. É Flavio Bolsonaro, o senador pelo PL do Rio, de bermuda na fila do caixa do supermercado, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, na feijoada da Vila Planalto... políticos eleitos alhures ocupam a nossa cidade.

Flyer do antigo bar Radicaos, em Brasília: “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”. Foto: Reprodução

Evidentemente, há os daqui também.

Na minha adolescência, representei bem a geração Coca-Cola e, sempre que podia, assistia aos shows da Legião Urbana, da Plebe Rude e de outras bandas da capital. A gente ia pro Bom Demais, um bar vegetariano na Asa Norte, para ver Cassia Eller no palquinho. Cassia Eller causava. Os punks causavam mais. Quebravam tudo. Nunca fui - meus pais não deixariam jamais - mas soube que havia um bar chamado Radicaos, frequentado por punks. Era o caos. “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”, dizia o flyer do Radicaos.

Para minha surpresa, soube recentemente que um dos sócios do Radicaos era a deputada pelo Distrito Federal Bia Kicis, do PL. Foi a própria deputada que falou de seu passado punk, numa gravação bem-humorada, disponível na web. O tempo passou, Kicis é hoje um dos esteios do que restou do bolsonarismo.

Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de tornar Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, não faltam especulações sobre quem vai ocupar o lugar dele, e de quem receberá apoio efetivo. A direita dá sinais de que não quer mais “radicaos”, como a beligerante deputada Carla Zambelli, do PL. Prefere os que transitam sem muitos solavancos no centro, e no lado dos mais conservadores, como o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas. Há também Michelle Bolsonaro, que tem se dividido nos ensaios de atuação no cenário político, e na venda de loção hidratante. Permanece marcada pela imagem da cascata de diamantes. Nomes como os dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Paraná, Ratinho Junior, também circulam nas rodas de Brasília.

Convenhamos, ainda é cedo para saber quem será o sucessor de Jair. É cedo até para prever o futuro de Jair. Como vai lidar com as emoções, com a perda de protagonismo, com o ostracismo eleitoral.

Tarde é para a esquerda buscar novos líderes e novos pensamentos que não sejam “radicaos”, como o equívoco de querer relativizar democracia.

Enquanto a poeira vermelha assenta neste início de seca em Brasília, o centro vai comendo pelas beiradas.

Cada cidade com suas celebridades. Quando vou ao Rio, sigo os cariocas e finjo que não vejo Alexandre Nero saindo da padaria em Ipanema. Tem que ser muito outsider para reparar e falar sobre quem estacionou no Leblon. É assim também em Nova York. Lá estava eu fazendo leg press na academia e ele veio me perguntar se faltava muito para acabar. Uma série ainda, murmurei entediada. Vou esperar, respondeu Bradley Cooper.

Brasiliense que é brasiliense - meu caso - disfarça e faz que nem viu algum político. São as celebridades da capital federal. É Flavio Bolsonaro, o senador pelo PL do Rio, de bermuda na fila do caixa do supermercado, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, na feijoada da Vila Planalto... políticos eleitos alhures ocupam a nossa cidade.

Flyer do antigo bar Radicaos, em Brasília: “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”. Foto: Reprodução

Evidentemente, há os daqui também.

Na minha adolescência, representei bem a geração Coca-Cola e, sempre que podia, assistia aos shows da Legião Urbana, da Plebe Rude e de outras bandas da capital. A gente ia pro Bom Demais, um bar vegetariano na Asa Norte, para ver Cassia Eller no palquinho. Cassia Eller causava. Os punks causavam mais. Quebravam tudo. Nunca fui - meus pais não deixariam jamais - mas soube que havia um bar chamado Radicaos, frequentado por punks. Era o caos. “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”, dizia o flyer do Radicaos.

Para minha surpresa, soube recentemente que um dos sócios do Radicaos era a deputada pelo Distrito Federal Bia Kicis, do PL. Foi a própria deputada que falou de seu passado punk, numa gravação bem-humorada, disponível na web. O tempo passou, Kicis é hoje um dos esteios do que restou do bolsonarismo.

Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de tornar Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, não faltam especulações sobre quem vai ocupar o lugar dele, e de quem receberá apoio efetivo. A direita dá sinais de que não quer mais “radicaos”, como a beligerante deputada Carla Zambelli, do PL. Prefere os que transitam sem muitos solavancos no centro, e no lado dos mais conservadores, como o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas. Há também Michelle Bolsonaro, que tem se dividido nos ensaios de atuação no cenário político, e na venda de loção hidratante. Permanece marcada pela imagem da cascata de diamantes. Nomes como os dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Paraná, Ratinho Junior, também circulam nas rodas de Brasília.

Convenhamos, ainda é cedo para saber quem será o sucessor de Jair. É cedo até para prever o futuro de Jair. Como vai lidar com as emoções, com a perda de protagonismo, com o ostracismo eleitoral.

Tarde é para a esquerda buscar novos líderes e novos pensamentos que não sejam “radicaos”, como o equívoco de querer relativizar democracia.

Enquanto a poeira vermelha assenta neste início de seca em Brasília, o centro vai comendo pelas beiradas.

Cada cidade com suas celebridades. Quando vou ao Rio, sigo os cariocas e finjo que não vejo Alexandre Nero saindo da padaria em Ipanema. Tem que ser muito outsider para reparar e falar sobre quem estacionou no Leblon. É assim também em Nova York. Lá estava eu fazendo leg press na academia e ele veio me perguntar se faltava muito para acabar. Uma série ainda, murmurei entediada. Vou esperar, respondeu Bradley Cooper.

Brasiliense que é brasiliense - meu caso - disfarça e faz que nem viu algum político. São as celebridades da capital federal. É Flavio Bolsonaro, o senador pelo PL do Rio, de bermuda na fila do caixa do supermercado, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, na feijoada da Vila Planalto... políticos eleitos alhures ocupam a nossa cidade.

Flyer do antigo bar Radicaos, em Brasília: “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”. Foto: Reprodução

Evidentemente, há os daqui também.

Na minha adolescência, representei bem a geração Coca-Cola e, sempre que podia, assistia aos shows da Legião Urbana, da Plebe Rude e de outras bandas da capital. A gente ia pro Bom Demais, um bar vegetariano na Asa Norte, para ver Cassia Eller no palquinho. Cassia Eller causava. Os punks causavam mais. Quebravam tudo. Nunca fui - meus pais não deixariam jamais - mas soube que havia um bar chamado Radicaos, frequentado por punks. Era o caos. “Satisfação garantida, ou seu dinheiro de vodka”, dizia o flyer do Radicaos.

Para minha surpresa, soube recentemente que um dos sócios do Radicaos era a deputada pelo Distrito Federal Bia Kicis, do PL. Foi a própria deputada que falou de seu passado punk, numa gravação bem-humorada, disponível na web. O tempo passou, Kicis é hoje um dos esteios do que restou do bolsonarismo.

Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de tornar Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, não faltam especulações sobre quem vai ocupar o lugar dele, e de quem receberá apoio efetivo. A direita dá sinais de que não quer mais “radicaos”, como a beligerante deputada Carla Zambelli, do PL. Prefere os que transitam sem muitos solavancos no centro, e no lado dos mais conservadores, como o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas. Há também Michelle Bolsonaro, que tem se dividido nos ensaios de atuação no cenário político, e na venda de loção hidratante. Permanece marcada pela imagem da cascata de diamantes. Nomes como os dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Paraná, Ratinho Junior, também circulam nas rodas de Brasília.

Convenhamos, ainda é cedo para saber quem será o sucessor de Jair. É cedo até para prever o futuro de Jair. Como vai lidar com as emoções, com a perda de protagonismo, com o ostracismo eleitoral.

Tarde é para a esquerda buscar novos líderes e novos pensamentos que não sejam “radicaos”, como o equívoco de querer relativizar democracia.

Enquanto a poeira vermelha assenta neste início de seca em Brasília, o centro vai comendo pelas beiradas.

Opinião por Giuliana Morrone

Giuliana Morrone nasceu no hospital da L2 Sul, em Brasíla. Para onde vai, leva a experiência de mais de 30 anos de jornalismo político e internacional. É especializada em ESG.

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