Os candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado Federal chegam ao dia da eleição com ampla vantagem sobre seus concorrentes diretos, em quase todas as bancadas. É o que mostram os números atualizados do placar Estadão. Tanto o deputado Arthur Lira (PP-AL) como o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) somam mais votos declarados e, em tese, têm mais chances de vitória nesta segunda-feira, 1º, em Brasília.
Com mais de cem votos declarados à frente de Baleia Rossi (MDB-SP) na enquete publicada pela primeira vez em 15 de janeiro, Lira “ganhou” 89 apoios públicos de lá pra cá. Segundo o placar, o líder do Centrão só não tem vantagem em cinco Estados – tem menos apoios declarados no Acre e no Ceará e empata com Baleia em São Paulo, Mato Grosso e Paraíba. As outras 22 bancadas lhe dão vantagem na eleição. O voto, porém, é secreto.
Com a campanha oficial na rua desde 9 de dezembro, o deputado alagoano rodou o País visitando políticos com a promessa de dar “voz novamente à Câmara”, em uma crítica indireta à condução da Casa por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia deixa o cargo nesta segunda após quase quatro anos consecutivos e sai em atrito direto com o governo Bolsonaro. Ele deixa para trás 59 pedidos ativos de impeachment ainda não analisados.
O governo federal passou a ser pressionado cada vez mais por sua atuação na pandemia de covid-19 – o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por exemplo, virou alvo de um inquérito da Polícia Federal por omissão a mando do STF. Ao mesmo tempo, Bolsonaro usou a máquina para interferir na disputa nesta reta final de campanha.
O acordo com Lira e Pacheco não inclui, segundo o Estadão apurou, apenas verbas, cargos ou mesmo dificuldades para a oposição avançar com pedidos de impeachment. Ambos não se comprometem com a instalação ou a continuidade de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) com potencial de atingir o governo.
Uma delas, já em curso, é a CPI das Fake News, que tem como alvo o “gabinete do ódio” e filhos de Bolsonaro. A outra é a CPI da Saúde, proposta por adversários para investigar falhas do governo na condução da pandemia de covid-19.
Apesar das costuras feitas pelo Planalto para viabilizar suas candidaturas, ambos os candidatos prometem, caso vençam, gestões independentes. Senador em primeiro mandato, Pacheco também coloca como prioridade a aprovação de reformas e de pautas que preservem vidas humanas e gerem renda.
Senado
Apoiado pelo presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o candidato governista do Senado já soma os 41 votos necessários para vencer a disputa, segundo placar do Estadão. Se o resultado se confirmar, Pacheco chegará à presidência do Congresso Nacional com o apoio não só dos bolsonaristas, mas de partidos de oposição, como PT e PDT. Em relação às bancadas, venceria em ao menos 15 Estados.
A candidata rival, Simone Tebet (MDB-MS), perdeu força na última semana depois que seu próprio partido deixou de apoiá-la. Oficialmente, no entanto, os senadores emedebistas não mudaram o voto na enquete e ela segue com 26 votos declarados, sendo 14 da legenda. Mas a quantidade de votos ainda não revelados (9) já não são suficientes para que a senadora ultrapasse Pacheco.
Já na Câmara, o total de deputados que não quiseram dizer em quem votarão pode, em tese, fazer Baleia virar o jogo. Neste caso, ele precisaria do apoio de 93% desse grupo.
Além de Lira e Baleia Rossi, ao menos outros sete deputados lançaram candidatura à presidência da Casa. Entre eles, a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSOL), que está em seu sexto mandato como deputada federal. A decisão de lançar a candidatura causou atritos no PSOL, após integrantes do partido terem declarado apoio à candidatura de Baleia Rossi.
No Senado, além de Pacheco e Simone, outros três senadores lançaram candidaturas: Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Lasier Martins (Podemos-RS).