BRASÍLIA - A renúncia do deputado afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), à presidência da Câmara nesta quinta-feira, 7, foi encarada pelo Palácio do Planalto como solução para distensionar o clima de instabilidade que tomou conta da Casa. A saída de Cunha representa, na prática, a retirada de mais uma pedra no sapato do presidente em exercício, Michel Temer, que aposta no afastamento definitivo de Dilma Rousseff.
Às vésperas de completar dois meses no cargo, o próprio Temer conversou com Cunha, acossado por investigações da Operação Lava Jato, e o aconselhou a renunciar ao comando da Câmara para tentar preservar o mandato. Nos bastidores do Planalto, a avaliação é que o governo só tem a ganhar com essa queda, pois, apesar da briga que se seguirá pela presidência da Câmara, o cenário não parece mais tão imponderável para Temer.
Mesmo com 12 deputados da base aliada disputando a cadeira de Cunha, Temer não terá mais um “bode na sala” durante as votações nem Waldir Maranhão (PP-MA) atazanando sua vida. O discurso oficial é que o governo não tem candidato, já que a ideia é não levar para o Planalto esse embate. Hoje, no entanto, o nome que conta com a maior simpatia do governo para ocupar a vaga de Cunha é o de Rogério Rosso (PSD-DF), também ligado ao ex-presidente da Câmara.
Temer ficou muito irritado com a derrota sofrida na quarta-feira, 6, na Câmara, quando o governo não conseguiu aprovar a urgência constitucional do projeto que trata da renegociação das dívidas dos Estados com a União. No Planalto, o comentário é que, se Cunha não saísse o mais rápido possível da presidência da Câmara, outras votações seriam contaminadas. Na contabilidade do governo, Temer já possui 60 dos 81 votos de senadores para derrotar Dilma e aprovar o impeachment, em agosto. O presidente em exercício tem feito todas as articulações políticas possíveis para não pôr em risco essa maioria. O Placar do Impeachment do Estado, no entanto, aponta 38 votos favoráveis ao afastamento e 18 contrários.