Grupo de empresários que inclui bolsonaristas tenta aproximação com Lula, que se esquiva de agenda


Líder nas pesquisas de intenção de votos, petista escala Alckmin, candidato a vice, para conversar com integrantes do Instituto Unidos Brasil

Por Luiz Vassallo
Atualização:

Um grupo formado majoritariamente por empresários que apoiaram ou ainda apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca um canal de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – líder nas pesquisas de intenção de votos na corrida pelo Palácio do Planalto. O petista, porém, tem se esquivado de um possível encontro e escalou o candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), para conversar com os empresários.

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Fundado em 2020, o Instituto Unidos Brasil defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, sobretudo bolsonaristas. A entidade não tem quadro público de associados, mas entre os “colaboradores voluntários” estão Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Procurados, os empresários não se manifestaram.

Lula escalou seu vice, Geraldo Alckmin, para conversar com empresários. Foto: Eraldo Peres/AP

Entre os apoiadores está, ainda, o empresário Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB. Salim Mattar, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro, também integra o grupo. Eventos do grupo já reuniram o jurista Ives Gandra Martins, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

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Questionado pelo Estadão se compareceria à sabatina com Lula, e se concordava com o aceno dos empresários do Instituto também a outros candidatos, Abduch não se manifestou. Após a publicação da reportagem, Abduch disse que “não foi pessoalmente consultado e não apoiaria qualquer aproximação” com o ex-presidente Lula, a quem ele chama de “ex-presidiário”. Em nota, o Instituto Unidos Brasil afirma que Abduch “não colabora ou possui vínculo” com as atividades da entidade e disse que o empresário as compareceu “pontualmente ao lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo no Congresso”.

No evento mencionado pela entidade, Abduch não apenas gravou um vídeo em que dizia que o “Instituto Unidos Pelo Brasil vai se tornar um grande patrimônio do povo brasileiro” como a própria entidade publicou uma foto sua em agradecimento aos seus “apoiadores”.

Acenos a Lula

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Recentemente, no entanto, os empresários passaram a fazer acenos a Lula e interlocutores. Animou o grupo o fato de o petista ter prometido, na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma reforma administrativa no início de um eventual governo, além de ter mencionado a “desoneração da produção”.

“Eu acho que Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente”, disse Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping.

No próximo evento, no dia 1.º de setembro, sobre desoneração da folha salarial, pauta que os empresários querem levar a todos os candidatos à Presidência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará presente. Entre os participantes também estará um interlocutor de Lula, o presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

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O sindicalista tem tentado convencer o petista a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em um hotel em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários. Para a sabatina, o convite foi feito por meio de uma carta enviada a Lula no dia 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.

No documento, eles propõem que Lula tenha uma fala de dez minutos e, depois, responda a rodadas de perguntas dos empresários. O petista ofereceu o nome de Alckmin para representá-lo, sob o argumento de que há incompatibilidade de agenda, mas ainda não foi batido o martelo. “Eu falei com o Lula para que ele vá, é importante. Ele tem de estar com a área empresarial, por mais que a área empresarial do comércio seja mais conservadora”, disse Patah ao Estadão. À reportagem, a assessoria do ex-presidente afirmou que ainda não está definido se o petista irá, ou não, à sabatina com o setor dos supermercados.

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O empresário Tomé Abduch bduch (terno marrom) durante reunião de fundação do Instituto Unidos Brasil Foto: Reprodução

Sob a condição de reserva, um dos apoiadores do grupo disse que os empresários procuram Lula em razão da importância de se estar próximo do governo, independentemente do vencedor da eleição deste ano.

Sahyoun destacou a importância do diálogo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse.

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Apesar de boa parte dos empresários do Instituto Unidos Brasil ter apoiado Bolsonaro em 2018, conflitos com o governo têm provocado um desembarque silencioso. Segundo apurou o Estadão, empresários do setor de supermercados não receberam bem o pedido de Guedes para que “travassem” os preços por dois ou três meses, a fim de conter a alta da inflação.

Além da desoneração da folha, há outras pautas que o grupo quer levar a Lula e demais candidatos. “São cinco pautas. A pauta da desburocratização, do custo Brasil, da reforma administrativa, da simplificação tributária e a pauta do ambiente de negócios. Temos debatido com nossos parlamentares, e estamos levando isso à discussão com a sociedade”, afirmou Sahyoun.

O discurso dos empresários, no entanto, enfrenta forte resistência nas bases do petismo. A reforma administrativa, por exemplo, não é nem sequer citada nominalmente no plano de governo de Lula. E o ex-presidente e seus apoiadores têm defendido a taxação de grandes fortunas, medida rejeitada por parte do empresariado.

Um grupo formado majoritariamente por empresários que apoiaram ou ainda apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca um canal de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – líder nas pesquisas de intenção de votos na corrida pelo Palácio do Planalto. O petista, porém, tem se esquivado de um possível encontro e escalou o candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), para conversar com os empresários.

Fundado em 2020, o Instituto Unidos Brasil defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, sobretudo bolsonaristas. A entidade não tem quadro público de associados, mas entre os “colaboradores voluntários” estão Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Procurados, os empresários não se manifestaram.

Lula escalou seu vice, Geraldo Alckmin, para conversar com empresários. Foto: Eraldo Peres/AP

Entre os apoiadores está, ainda, o empresário Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB. Salim Mattar, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro, também integra o grupo. Eventos do grupo já reuniram o jurista Ives Gandra Martins, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Questionado pelo Estadão se compareceria à sabatina com Lula, e se concordava com o aceno dos empresários do Instituto também a outros candidatos, Abduch não se manifestou. Após a publicação da reportagem, Abduch disse que “não foi pessoalmente consultado e não apoiaria qualquer aproximação” com o ex-presidente Lula, a quem ele chama de “ex-presidiário”. Em nota, o Instituto Unidos Brasil afirma que Abduch “não colabora ou possui vínculo” com as atividades da entidade e disse que o empresário as compareceu “pontualmente ao lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo no Congresso”.

No evento mencionado pela entidade, Abduch não apenas gravou um vídeo em que dizia que o “Instituto Unidos Pelo Brasil vai se tornar um grande patrimônio do povo brasileiro” como a própria entidade publicou uma foto sua em agradecimento aos seus “apoiadores”.

Acenos a Lula

Recentemente, no entanto, os empresários passaram a fazer acenos a Lula e interlocutores. Animou o grupo o fato de o petista ter prometido, na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma reforma administrativa no início de um eventual governo, além de ter mencionado a “desoneração da produção”.

“Eu acho que Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente”, disse Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping.

No próximo evento, no dia 1.º de setembro, sobre desoneração da folha salarial, pauta que os empresários querem levar a todos os candidatos à Presidência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará presente. Entre os participantes também estará um interlocutor de Lula, o presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

O sindicalista tem tentado convencer o petista a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em um hotel em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários. Para a sabatina, o convite foi feito por meio de uma carta enviada a Lula no dia 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.

No documento, eles propõem que Lula tenha uma fala de dez minutos e, depois, responda a rodadas de perguntas dos empresários. O petista ofereceu o nome de Alckmin para representá-lo, sob o argumento de que há incompatibilidade de agenda, mas ainda não foi batido o martelo. “Eu falei com o Lula para que ele vá, é importante. Ele tem de estar com a área empresarial, por mais que a área empresarial do comércio seja mais conservadora”, disse Patah ao Estadão. À reportagem, a assessoria do ex-presidente afirmou que ainda não está definido se o petista irá, ou não, à sabatina com o setor dos supermercados.

O empresário Tomé Abduch bduch (terno marrom) durante reunião de fundação do Instituto Unidos Brasil Foto: Reprodução

Sob a condição de reserva, um dos apoiadores do grupo disse que os empresários procuram Lula em razão da importância de se estar próximo do governo, independentemente do vencedor da eleição deste ano.

Sahyoun destacou a importância do diálogo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse.

Apesar de boa parte dos empresários do Instituto Unidos Brasil ter apoiado Bolsonaro em 2018, conflitos com o governo têm provocado um desembarque silencioso. Segundo apurou o Estadão, empresários do setor de supermercados não receberam bem o pedido de Guedes para que “travassem” os preços por dois ou três meses, a fim de conter a alta da inflação.

Além da desoneração da folha, há outras pautas que o grupo quer levar a Lula e demais candidatos. “São cinco pautas. A pauta da desburocratização, do custo Brasil, da reforma administrativa, da simplificação tributária e a pauta do ambiente de negócios. Temos debatido com nossos parlamentares, e estamos levando isso à discussão com a sociedade”, afirmou Sahyoun.

O discurso dos empresários, no entanto, enfrenta forte resistência nas bases do petismo. A reforma administrativa, por exemplo, não é nem sequer citada nominalmente no plano de governo de Lula. E o ex-presidente e seus apoiadores têm defendido a taxação de grandes fortunas, medida rejeitada por parte do empresariado.

Um grupo formado majoritariamente por empresários que apoiaram ou ainda apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca um canal de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – líder nas pesquisas de intenção de votos na corrida pelo Palácio do Planalto. O petista, porém, tem se esquivado de um possível encontro e escalou o candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), para conversar com os empresários.

Fundado em 2020, o Instituto Unidos Brasil defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, sobretudo bolsonaristas. A entidade não tem quadro público de associados, mas entre os “colaboradores voluntários” estão Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Procurados, os empresários não se manifestaram.

Lula escalou seu vice, Geraldo Alckmin, para conversar com empresários. Foto: Eraldo Peres/AP

Entre os apoiadores está, ainda, o empresário Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB. Salim Mattar, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro, também integra o grupo. Eventos do grupo já reuniram o jurista Ives Gandra Martins, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Questionado pelo Estadão se compareceria à sabatina com Lula, e se concordava com o aceno dos empresários do Instituto também a outros candidatos, Abduch não se manifestou. Após a publicação da reportagem, Abduch disse que “não foi pessoalmente consultado e não apoiaria qualquer aproximação” com o ex-presidente Lula, a quem ele chama de “ex-presidiário”. Em nota, o Instituto Unidos Brasil afirma que Abduch “não colabora ou possui vínculo” com as atividades da entidade e disse que o empresário as compareceu “pontualmente ao lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo no Congresso”.

No evento mencionado pela entidade, Abduch não apenas gravou um vídeo em que dizia que o “Instituto Unidos Pelo Brasil vai se tornar um grande patrimônio do povo brasileiro” como a própria entidade publicou uma foto sua em agradecimento aos seus “apoiadores”.

Acenos a Lula

Recentemente, no entanto, os empresários passaram a fazer acenos a Lula e interlocutores. Animou o grupo o fato de o petista ter prometido, na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma reforma administrativa no início de um eventual governo, além de ter mencionado a “desoneração da produção”.

“Eu acho que Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente”, disse Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping.

No próximo evento, no dia 1.º de setembro, sobre desoneração da folha salarial, pauta que os empresários querem levar a todos os candidatos à Presidência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará presente. Entre os participantes também estará um interlocutor de Lula, o presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

O sindicalista tem tentado convencer o petista a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em um hotel em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários. Para a sabatina, o convite foi feito por meio de uma carta enviada a Lula no dia 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.

No documento, eles propõem que Lula tenha uma fala de dez minutos e, depois, responda a rodadas de perguntas dos empresários. O petista ofereceu o nome de Alckmin para representá-lo, sob o argumento de que há incompatibilidade de agenda, mas ainda não foi batido o martelo. “Eu falei com o Lula para que ele vá, é importante. Ele tem de estar com a área empresarial, por mais que a área empresarial do comércio seja mais conservadora”, disse Patah ao Estadão. À reportagem, a assessoria do ex-presidente afirmou que ainda não está definido se o petista irá, ou não, à sabatina com o setor dos supermercados.

O empresário Tomé Abduch bduch (terno marrom) durante reunião de fundação do Instituto Unidos Brasil Foto: Reprodução

Sob a condição de reserva, um dos apoiadores do grupo disse que os empresários procuram Lula em razão da importância de se estar próximo do governo, independentemente do vencedor da eleição deste ano.

Sahyoun destacou a importância do diálogo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse.

Apesar de boa parte dos empresários do Instituto Unidos Brasil ter apoiado Bolsonaro em 2018, conflitos com o governo têm provocado um desembarque silencioso. Segundo apurou o Estadão, empresários do setor de supermercados não receberam bem o pedido de Guedes para que “travassem” os preços por dois ou três meses, a fim de conter a alta da inflação.

Além da desoneração da folha, há outras pautas que o grupo quer levar a Lula e demais candidatos. “São cinco pautas. A pauta da desburocratização, do custo Brasil, da reforma administrativa, da simplificação tributária e a pauta do ambiente de negócios. Temos debatido com nossos parlamentares, e estamos levando isso à discussão com a sociedade”, afirmou Sahyoun.

O discurso dos empresários, no entanto, enfrenta forte resistência nas bases do petismo. A reforma administrativa, por exemplo, não é nem sequer citada nominalmente no plano de governo de Lula. E o ex-presidente e seus apoiadores têm defendido a taxação de grandes fortunas, medida rejeitada por parte do empresariado.

Um grupo formado majoritariamente por empresários que apoiaram ou ainda apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca um canal de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – líder nas pesquisas de intenção de votos na corrida pelo Palácio do Planalto. O petista, porém, tem se esquivado de um possível encontro e escalou o candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), para conversar com os empresários.

Fundado em 2020, o Instituto Unidos Brasil defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, sobretudo bolsonaristas. A entidade não tem quadro público de associados, mas entre os “colaboradores voluntários” estão Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Procurados, os empresários não se manifestaram.

Lula escalou seu vice, Geraldo Alckmin, para conversar com empresários. Foto: Eraldo Peres/AP

Entre os apoiadores está, ainda, o empresário Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB. Salim Mattar, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro, também integra o grupo. Eventos do grupo já reuniram o jurista Ives Gandra Martins, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Questionado pelo Estadão se compareceria à sabatina com Lula, e se concordava com o aceno dos empresários do Instituto também a outros candidatos, Abduch não se manifestou. Após a publicação da reportagem, Abduch disse que “não foi pessoalmente consultado e não apoiaria qualquer aproximação” com o ex-presidente Lula, a quem ele chama de “ex-presidiário”. Em nota, o Instituto Unidos Brasil afirma que Abduch “não colabora ou possui vínculo” com as atividades da entidade e disse que o empresário as compareceu “pontualmente ao lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo no Congresso”.

No evento mencionado pela entidade, Abduch não apenas gravou um vídeo em que dizia que o “Instituto Unidos Pelo Brasil vai se tornar um grande patrimônio do povo brasileiro” como a própria entidade publicou uma foto sua em agradecimento aos seus “apoiadores”.

Acenos a Lula

Recentemente, no entanto, os empresários passaram a fazer acenos a Lula e interlocutores. Animou o grupo o fato de o petista ter prometido, na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma reforma administrativa no início de um eventual governo, além de ter mencionado a “desoneração da produção”.

“Eu acho que Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente”, disse Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping.

No próximo evento, no dia 1.º de setembro, sobre desoneração da folha salarial, pauta que os empresários querem levar a todos os candidatos à Presidência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará presente. Entre os participantes também estará um interlocutor de Lula, o presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

O sindicalista tem tentado convencer o petista a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em um hotel em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários. Para a sabatina, o convite foi feito por meio de uma carta enviada a Lula no dia 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.

No documento, eles propõem que Lula tenha uma fala de dez minutos e, depois, responda a rodadas de perguntas dos empresários. O petista ofereceu o nome de Alckmin para representá-lo, sob o argumento de que há incompatibilidade de agenda, mas ainda não foi batido o martelo. “Eu falei com o Lula para que ele vá, é importante. Ele tem de estar com a área empresarial, por mais que a área empresarial do comércio seja mais conservadora”, disse Patah ao Estadão. À reportagem, a assessoria do ex-presidente afirmou que ainda não está definido se o petista irá, ou não, à sabatina com o setor dos supermercados.

O empresário Tomé Abduch bduch (terno marrom) durante reunião de fundação do Instituto Unidos Brasil Foto: Reprodução

Sob a condição de reserva, um dos apoiadores do grupo disse que os empresários procuram Lula em razão da importância de se estar próximo do governo, independentemente do vencedor da eleição deste ano.

Sahyoun destacou a importância do diálogo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse.

Apesar de boa parte dos empresários do Instituto Unidos Brasil ter apoiado Bolsonaro em 2018, conflitos com o governo têm provocado um desembarque silencioso. Segundo apurou o Estadão, empresários do setor de supermercados não receberam bem o pedido de Guedes para que “travassem” os preços por dois ou três meses, a fim de conter a alta da inflação.

Além da desoneração da folha, há outras pautas que o grupo quer levar a Lula e demais candidatos. “São cinco pautas. A pauta da desburocratização, do custo Brasil, da reforma administrativa, da simplificação tributária e a pauta do ambiente de negócios. Temos debatido com nossos parlamentares, e estamos levando isso à discussão com a sociedade”, afirmou Sahyoun.

O discurso dos empresários, no entanto, enfrenta forte resistência nas bases do petismo. A reforma administrativa, por exemplo, não é nem sequer citada nominalmente no plano de governo de Lula. E o ex-presidente e seus apoiadores têm defendido a taxação de grandes fortunas, medida rejeitada por parte do empresariado.

Um grupo formado majoritariamente por empresários que apoiaram ou ainda apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca um canal de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – líder nas pesquisas de intenção de votos na corrida pelo Palácio do Planalto. O petista, porém, tem se esquivado de um possível encontro e escalou o candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), para conversar com os empresários.

Fundado em 2020, o Instituto Unidos Brasil defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, sobretudo bolsonaristas. A entidade não tem quadro público de associados, mas entre os “colaboradores voluntários” estão Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Procurados, os empresários não se manifestaram.

Lula escalou seu vice, Geraldo Alckmin, para conversar com empresários. Foto: Eraldo Peres/AP

Entre os apoiadores está, ainda, o empresário Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB. Salim Mattar, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro, também integra o grupo. Eventos do grupo já reuniram o jurista Ives Gandra Martins, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, e a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Questionado pelo Estadão se compareceria à sabatina com Lula, e se concordava com o aceno dos empresários do Instituto também a outros candidatos, Abduch não se manifestou. Após a publicação da reportagem, Abduch disse que “não foi pessoalmente consultado e não apoiaria qualquer aproximação” com o ex-presidente Lula, a quem ele chama de “ex-presidiário”. Em nota, o Instituto Unidos Brasil afirma que Abduch “não colabora ou possui vínculo” com as atividades da entidade e disse que o empresário as compareceu “pontualmente ao lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo no Congresso”.

No evento mencionado pela entidade, Abduch não apenas gravou um vídeo em que dizia que o “Instituto Unidos Pelo Brasil vai se tornar um grande patrimônio do povo brasileiro” como a própria entidade publicou uma foto sua em agradecimento aos seus “apoiadores”.

Acenos a Lula

Recentemente, no entanto, os empresários passaram a fazer acenos a Lula e interlocutores. Animou o grupo o fato de o petista ter prometido, na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma reforma administrativa no início de um eventual governo, além de ter mencionado a “desoneração da produção”.

“Eu acho que Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente”, disse Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping.

No próximo evento, no dia 1.º de setembro, sobre desoneração da folha salarial, pauta que os empresários querem levar a todos os candidatos à Presidência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estará presente. Entre os participantes também estará um interlocutor de Lula, o presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

O sindicalista tem tentado convencer o petista a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em um hotel em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários. Para a sabatina, o convite foi feito por meio de uma carta enviada a Lula no dia 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.

No documento, eles propõem que Lula tenha uma fala de dez minutos e, depois, responda a rodadas de perguntas dos empresários. O petista ofereceu o nome de Alckmin para representá-lo, sob o argumento de que há incompatibilidade de agenda, mas ainda não foi batido o martelo. “Eu falei com o Lula para que ele vá, é importante. Ele tem de estar com a área empresarial, por mais que a área empresarial do comércio seja mais conservadora”, disse Patah ao Estadão. À reportagem, a assessoria do ex-presidente afirmou que ainda não está definido se o petista irá, ou não, à sabatina com o setor dos supermercados.

O empresário Tomé Abduch bduch (terno marrom) durante reunião de fundação do Instituto Unidos Brasil Foto: Reprodução

Sob a condição de reserva, um dos apoiadores do grupo disse que os empresários procuram Lula em razão da importância de se estar próximo do governo, independentemente do vencedor da eleição deste ano.

Sahyoun destacou a importância do diálogo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse.

Apesar de boa parte dos empresários do Instituto Unidos Brasil ter apoiado Bolsonaro em 2018, conflitos com o governo têm provocado um desembarque silencioso. Segundo apurou o Estadão, empresários do setor de supermercados não receberam bem o pedido de Guedes para que “travassem” os preços por dois ou três meses, a fim de conter a alta da inflação.

Além da desoneração da folha, há outras pautas que o grupo quer levar a Lula e demais candidatos. “São cinco pautas. A pauta da desburocratização, do custo Brasil, da reforma administrativa, da simplificação tributária e a pauta do ambiente de negócios. Temos debatido com nossos parlamentares, e estamos levando isso à discussão com a sociedade”, afirmou Sahyoun.

O discurso dos empresários, no entanto, enfrenta forte resistência nas bases do petismo. A reforma administrativa, por exemplo, não é nem sequer citada nominalmente no plano de governo de Lula. E o ex-presidente e seus apoiadores têm defendido a taxação de grandes fortunas, medida rejeitada por parte do empresariado.

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