A cerca de um ano para o início das convenções partidárias, a disputa eleitoral em Guarulhos, segunda cidade mais populosa do Estado, tem cenário incerto. O prefeito Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), ainda não definiu seu sucessor, o que embola todas as demais pré-candidaturas. Até mesmo o PT, que tentará voltar ao poder no ano que vem, depois de oito anos, posterga a escolha entre o ex-prefeito Elói Pietá, o deputado federal Alencar Santana e o vereador Orlando Maurício Junior, conhecido como Maurício Brinquinho.
Com 1,4 milhão de habitantes e dona da 12ª economia mais rica do País – muito em função do Aeroporto Internacional de São Paulo – , a cidade enfrenta realidade semelhante à da capital no que diz respeito às desigualdades sociais, o maior desafio a ser enfrentado por qualquer um que vença a eleição. Nada que os pré-candidatos não saibam de cor. A lista, aliás, inclui ainda o deputado estadual Jorge Wilson (Republicanos) e a empresária Fran Corrêa (PSDB).
Atual líder do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), Wilson, que é mais conhecido como “Xerife do Consumidor”, tenta se cacifar para 2024 como o bolsonarista da vez, mas de perfil moderado. A escolha do parlamentar para o posto na Assembleia Legislativa de São Paulo, aliás, foi tratada como um aceno de Tarcísio ao centro, movimento que o parlamentar tentará seguir em sua eventual segunda disputa em Guarulhos. Em 2016, ele ficou em quarto lugar, com quase 11% dos votos válidos.
Para representar a gestão Guti nas urnas, no entanto, Wilson terá de vencer uma disputa travada entre aliados. O atual prefeito cogita apoiar seu secretário de Governo, o ex-vereador Edmilson Americano, hoje filiado ao Cidadania, mas com chances de se lançar pelo PSD, partido do atual prefeito.
Um dos nomes preferidos do grupo político que comanda a cidade, Americano é bastante conhecido entre os moradores e está na gestão desde o primeiro mandato, o que lhe confere mais credibilidade para representar uma candidatura de continuidade. Segundo o Estadão apurou, Guti só fará sua escolha no inicio de 2024. Até lá, líderes do PSD e Republicanos testarão a viabilidade eleitoral dos pré-candidatos.
Semanalmente, o Estadão mostra como está o “esquenta” na corrida pelas principais prefeituras do Estado. A série teve início com São Paulo, a maior e mais rica cidade do País, com orçamento previsto de R$ 107,3 bilhões para 2024.
Oposição
No PT, mais indefinições. Longe do poder municipal desde 2017 – o partido venceu em 2000, 2004, 2008 e 2012 –, a legenda caminha para mais uma prévia entre Pietá e Alencar, que, desta vez, esperava ser escolhido candidato de forma consensual. Para complicar ainda mais o racha interno, o vereador Maurício Brinquinho também defende que o nome petista saia pelo voto dos delegados do partido na cidade e se coloca como opção.
“Eu apoiei o nome do Elói na eleição passada, mas não espero essa cortesia de volta. Se necessário, vamos à disputa interna, sem problemas”, afirma Alencar, que espera uma decisão do PT ainda neste ano. Pesa contra Alencar o fato de ele ser o único deputado federal que representa Guarulhos em Brasília.
Alencar Santana, deputado federal pelo PT
Até outubro de 2024, a lista de possíveis candidatos dentro e fora do PT deve aumentar. Se Guti não conseguir montar uma aliança ampla pela continuidade do governo, outras lideranças cogitam se lançar, como o vereador Lucas Sanches (PP), que alcançou mais de 40 mil votos em Guarulhos em sua primeira disputa para deputado federal.
Tido como bolsonarista raiz, o parlamentar se tornou popular ao vestir um colete preto com os dizeres “fiscal do povo” para visitar serviços públicos da cidade, como unidades de saúde. No estilo, Sanches se assemelha a Wilson, que também é conhecido por defender os direitos do consumidor.
Já o PSDB pretende repetir a aposta de 2020 e lançar Fran Corrêa, presidente do partido na cidade e mulher do deputado federal Eli Corrêa Filho. Terceira colocada na eleição passada, a empresária já se movimenta politicamente, dando entrevistas e elencando prioridades de gestão.
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