Conflito em Gaza se equipara à guerra na Ucrânia em número de posts nas redes, diz estudo


Estudo da FGV Rio mostra que a discussão sobre os conflitos externos nas redes sociais são moldados pela polarização política entre Lula e Bolsonaro; enfoque midiático e envolvimento de influenciadores digitais e de parlamentares provocaram a diferença

Por Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – Em menos de um mês do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o debate sobre o confronto se equipara, nas redes sociais, a discussão sobre a guerra na Ucrânia em um ano e oito meses de deflagração do confronto na Europa. É o que mostra um estudo da FGV Comunicação Rio, com base em postagens e interações, entre janeiro de 2022 e outubro de 2023, no Facebook.

De acordo com o levantamento, o debate digital sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia foi marcado pela polarização política entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A discussão arrefeceu de maneira considerável após a deflagração do conflito, em fevereiro de 2022.

Brasileiros que foram repatriados da zona de guerra em Israel no Oriente Médio desembarcaram na Base Aérea de Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão
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Nos últimos 30 dias, a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas atingiu, no Facebook, números próximos ao somatório de um ano e oito meses da guerra na Ucrânia.

Ao todo, foram registradas 129.578 publicações sobre o conflito europeu no Facebook desde o início da guerra – de janeiro de 2022 a outubro de 2023. De acordo com a FGV, os posts somaram quase 30 milhões de interações. Apesar dos números relativamente elevados, tanto os posts quanto as interações ficaram restritos ao período inicial da guerra.

“É importante sinalizar que, de maneira geral, o debate sobre a guerra da Ucrânia tendeu a ser polarizado entre setores da direita e/ou apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma perspectiva pró-Rússia, e setores da esquerda e/ou apoiadores do atual presidente Lula, com uma visão favorável à Ucrânia. Isso ocorreu especialmente durante os primeiros meses da guerra”, diz a FGV.

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Nos últimos 30 dias, a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas atingiu, no Facebook, 122.296 posts e 25.216.748 interações.

De acordo com o pesquisador Renato Contente, da Escola de Comunicação, Mídia e Informação (ECMI) da FGV, a politização do conflito no Brasil, o enfoque midiático e o envolvimento de influenciadores digitais e de parlamentares nas redes sociais são componentes que influenciaram no maior engajamento sobre o conflito em Gaza.

“Uma série de componentes podem ter influenciado na diferença de engajamento entre os dois conflitos. Entre eles, a politização mais evidente com o contexto brasileiro, o enfoque midiático mais robusto e o envolvimento mais direto de influenciadores digitais e de parlamentares nas redes sociais sobre o tema. Parece haver ainda uma ideia de proximidade maior devido à presença mais forte da comunidade judaica no País, a aproximação histórica de representantes dessa comunidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a morte de brasileiros durante o conflito, especialmente nas circunstâncias que ocorreram a partir do ataque do Hamas, em território israelense”, explicou.

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Ainda de acordo com Contente, “a reação militar de Israel também foi um elemento que mobilizou um alto volume de postagens, refletindo diretamente a polarização do contexto político brasileiro, ainda personificada nas figuras de Bolsonaro e Lula”.

Segundo a FGV, para além de um debate fortemente calcado na polarização política entre o governo e a oposição, não houve uma sobrevida do debate a respeito da guerra na Ucrânia após a sua deflagração.

O interesse sobre o conflito na Ucrânia se segmentou após mais de um ano de guerra. Os assuntos mais buscados passaram a ser relacionados ao resgate de brasileiros que estavam no território em conflito, animais resgatados e atletas, como jogadores de futebol. Desdobramentos de caráter político, como declarações e pedidos de ajuda a outros países por parte de Zelensky, também estiveram em destaque, mas em menor quantidade.

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Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu Foto: AFP

Como mostrou o Estadão, os debates sobre política externa ganham contornos e servem de munição para a discussão na política doméstica brasileira. O ataque do Hamas contra Israel, por exemplo, provocou uma ampla mobilização de cunho político na internet no Brasil com marcado protagonismo da direita. Lula vem sendo cobrado por um posicionamento enfático contra o Hamas por parlamentares de oposição, o que fez com que capitalizassem no tema para mobilizar e gerar engajamento nas redes sociais. A FGV Comunicação Rio analisou quase 800 mil posts do debate sobre o conflito no X (antigo Twitter), no Facebook e no Instagram, de 7 a 10 de outubro.

O protagonismo da direita fica explícito em número de posts e em engajamento médio nas plataformas: enquanto parlamentares da oposição publicaram 156 vezes sobre o conflito no Oriente Médio, a base governista fez apenas 23 posts. Já em termos de engajamento, a direita obteve um desempenho cerca de 871% superior ao observado entre parlamentares governistas. Os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Carlos Jordy (PL-RJ) – que integram o núcleo duro do bolsonarismo – lideram entre os parlamentares que mais citaram o tema nas redes sociais.

RIO – Em menos de um mês do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o debate sobre o confronto se equipara, nas redes sociais, a discussão sobre a guerra na Ucrânia em um ano e oito meses de deflagração do confronto na Europa. É o que mostra um estudo da FGV Comunicação Rio, com base em postagens e interações, entre janeiro de 2022 e outubro de 2023, no Facebook.

De acordo com o levantamento, o debate digital sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia foi marcado pela polarização política entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A discussão arrefeceu de maneira considerável após a deflagração do conflito, em fevereiro de 2022.

Brasileiros que foram repatriados da zona de guerra em Israel no Oriente Médio desembarcaram na Base Aérea de Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

Nos últimos 30 dias, a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas atingiu, no Facebook, números próximos ao somatório de um ano e oito meses da guerra na Ucrânia.

Ao todo, foram registradas 129.578 publicações sobre o conflito europeu no Facebook desde o início da guerra – de janeiro de 2022 a outubro de 2023. De acordo com a FGV, os posts somaram quase 30 milhões de interações. Apesar dos números relativamente elevados, tanto os posts quanto as interações ficaram restritos ao período inicial da guerra.

“É importante sinalizar que, de maneira geral, o debate sobre a guerra da Ucrânia tendeu a ser polarizado entre setores da direita e/ou apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma perspectiva pró-Rússia, e setores da esquerda e/ou apoiadores do atual presidente Lula, com uma visão favorável à Ucrânia. Isso ocorreu especialmente durante os primeiros meses da guerra”, diz a FGV.

Nos últimos 30 dias, a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas atingiu, no Facebook, 122.296 posts e 25.216.748 interações.

De acordo com o pesquisador Renato Contente, da Escola de Comunicação, Mídia e Informação (ECMI) da FGV, a politização do conflito no Brasil, o enfoque midiático e o envolvimento de influenciadores digitais e de parlamentares nas redes sociais são componentes que influenciaram no maior engajamento sobre o conflito em Gaza.

“Uma série de componentes podem ter influenciado na diferença de engajamento entre os dois conflitos. Entre eles, a politização mais evidente com o contexto brasileiro, o enfoque midiático mais robusto e o envolvimento mais direto de influenciadores digitais e de parlamentares nas redes sociais sobre o tema. Parece haver ainda uma ideia de proximidade maior devido à presença mais forte da comunidade judaica no País, a aproximação histórica de representantes dessa comunidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a morte de brasileiros durante o conflito, especialmente nas circunstâncias que ocorreram a partir do ataque do Hamas, em território israelense”, explicou.

Ainda de acordo com Contente, “a reação militar de Israel também foi um elemento que mobilizou um alto volume de postagens, refletindo diretamente a polarização do contexto político brasileiro, ainda personificada nas figuras de Bolsonaro e Lula”.

Segundo a FGV, para além de um debate fortemente calcado na polarização política entre o governo e a oposição, não houve uma sobrevida do debate a respeito da guerra na Ucrânia após a sua deflagração.

O interesse sobre o conflito na Ucrânia se segmentou após mais de um ano de guerra. Os assuntos mais buscados passaram a ser relacionados ao resgate de brasileiros que estavam no território em conflito, animais resgatados e atletas, como jogadores de futebol. Desdobramentos de caráter político, como declarações e pedidos de ajuda a outros países por parte de Zelensky, também estiveram em destaque, mas em menor quantidade.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu Foto: AFP

Como mostrou o Estadão, os debates sobre política externa ganham contornos e servem de munição para a discussão na política doméstica brasileira. O ataque do Hamas contra Israel, por exemplo, provocou uma ampla mobilização de cunho político na internet no Brasil com marcado protagonismo da direita. Lula vem sendo cobrado por um posicionamento enfático contra o Hamas por parlamentares de oposição, o que fez com que capitalizassem no tema para mobilizar e gerar engajamento nas redes sociais. A FGV Comunicação Rio analisou quase 800 mil posts do debate sobre o conflito no X (antigo Twitter), no Facebook e no Instagram, de 7 a 10 de outubro.

O protagonismo da direita fica explícito em número de posts e em engajamento médio nas plataformas: enquanto parlamentares da oposição publicaram 156 vezes sobre o conflito no Oriente Médio, a base governista fez apenas 23 posts. Já em termos de engajamento, a direita obteve um desempenho cerca de 871% superior ao observado entre parlamentares governistas. Os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Carlos Jordy (PL-RJ) – que integram o núcleo duro do bolsonarismo – lideram entre os parlamentares que mais citaram o tema nas redes sociais.

RIO – Em menos de um mês do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o debate sobre o confronto se equipara, nas redes sociais, a discussão sobre a guerra na Ucrânia em um ano e oito meses de deflagração do confronto na Europa. É o que mostra um estudo da FGV Comunicação Rio, com base em postagens e interações, entre janeiro de 2022 e outubro de 2023, no Facebook.

De acordo com o levantamento, o debate digital sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia foi marcado pela polarização política entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A discussão arrefeceu de maneira considerável após a deflagração do conflito, em fevereiro de 2022.

Brasileiros que foram repatriados da zona de guerra em Israel no Oriente Médio desembarcaram na Base Aérea de Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

Nos últimos 30 dias, a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas atingiu, no Facebook, números próximos ao somatório de um ano e oito meses da guerra na Ucrânia.

Ao todo, foram registradas 129.578 publicações sobre o conflito europeu no Facebook desde o início da guerra – de janeiro de 2022 a outubro de 2023. De acordo com a FGV, os posts somaram quase 30 milhões de interações. Apesar dos números relativamente elevados, tanto os posts quanto as interações ficaram restritos ao período inicial da guerra.

“É importante sinalizar que, de maneira geral, o debate sobre a guerra da Ucrânia tendeu a ser polarizado entre setores da direita e/ou apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma perspectiva pró-Rússia, e setores da esquerda e/ou apoiadores do atual presidente Lula, com uma visão favorável à Ucrânia. Isso ocorreu especialmente durante os primeiros meses da guerra”, diz a FGV.

Nos últimos 30 dias, a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas atingiu, no Facebook, 122.296 posts e 25.216.748 interações.

De acordo com o pesquisador Renato Contente, da Escola de Comunicação, Mídia e Informação (ECMI) da FGV, a politização do conflito no Brasil, o enfoque midiático e o envolvimento de influenciadores digitais e de parlamentares nas redes sociais são componentes que influenciaram no maior engajamento sobre o conflito em Gaza.

“Uma série de componentes podem ter influenciado na diferença de engajamento entre os dois conflitos. Entre eles, a politização mais evidente com o contexto brasileiro, o enfoque midiático mais robusto e o envolvimento mais direto de influenciadores digitais e de parlamentares nas redes sociais sobre o tema. Parece haver ainda uma ideia de proximidade maior devido à presença mais forte da comunidade judaica no País, a aproximação histórica de representantes dessa comunidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a morte de brasileiros durante o conflito, especialmente nas circunstâncias que ocorreram a partir do ataque do Hamas, em território israelense”, explicou.

Ainda de acordo com Contente, “a reação militar de Israel também foi um elemento que mobilizou um alto volume de postagens, refletindo diretamente a polarização do contexto político brasileiro, ainda personificada nas figuras de Bolsonaro e Lula”.

Segundo a FGV, para além de um debate fortemente calcado na polarização política entre o governo e a oposição, não houve uma sobrevida do debate a respeito da guerra na Ucrânia após a sua deflagração.

O interesse sobre o conflito na Ucrânia se segmentou após mais de um ano de guerra. Os assuntos mais buscados passaram a ser relacionados ao resgate de brasileiros que estavam no território em conflito, animais resgatados e atletas, como jogadores de futebol. Desdobramentos de caráter político, como declarações e pedidos de ajuda a outros países por parte de Zelensky, também estiveram em destaque, mas em menor quantidade.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu Foto: AFP

Como mostrou o Estadão, os debates sobre política externa ganham contornos e servem de munição para a discussão na política doméstica brasileira. O ataque do Hamas contra Israel, por exemplo, provocou uma ampla mobilização de cunho político na internet no Brasil com marcado protagonismo da direita. Lula vem sendo cobrado por um posicionamento enfático contra o Hamas por parlamentares de oposição, o que fez com que capitalizassem no tema para mobilizar e gerar engajamento nas redes sociais. A FGV Comunicação Rio analisou quase 800 mil posts do debate sobre o conflito no X (antigo Twitter), no Facebook e no Instagram, de 7 a 10 de outubro.

O protagonismo da direita fica explícito em número de posts e em engajamento médio nas plataformas: enquanto parlamentares da oposição publicaram 156 vezes sobre o conflito no Oriente Médio, a base governista fez apenas 23 posts. Já em termos de engajamento, a direita obteve um desempenho cerca de 871% superior ao observado entre parlamentares governistas. Os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Carlos Jordy (PL-RJ) – que integram o núcleo duro do bolsonarismo – lideram entre os parlamentares que mais citaram o tema nas redes sociais.

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