Há 40 anos, embaixador americano era sequestrado


Circunstâncias da morte e destino dos restos mortais de guerrilheiro ainda geram polêmica

Por Moacir Assunção, Pedro Venceslau e de O Estado de S.Paulo

O embaixador americano Charles Burke Elbrick, em foto de 1969. Foto: Arquivo/AE

 

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SÃO PAULO - O destino dos restos mortais do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, codinome Jonas, converteu-se em uma das principais polêmica dos últimos dias, exatamente nas proximidades da data em que a ação mais espetacular de que participou, o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, ocorrido em 4 de setembro de 1969, completa 40 anos.

 

Operário têxtil e sindicalista, com militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), Jonas foi o líder da operação que levou a ditadura militar, sob enorme pressão, inclusive internacional, a libertar 15 militantes de esquerda, entre os quais o então líder estudantil e deputado federal cassado José Dirceu e o ex-parlamentar comunista Gregório Bezerra. Na semana passada, o jornal O Globo divulgou um relatório secreto no qual o Exército afirmava que Jonas morrera em função de "ferimentos recebidos".

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Os militares sempre negaram que o guerrilheiro, odiado pelos órgãos de repressão, tivesse sido assassinado pelos agentes da Operação Bandeirante (Oban), no quartel da Rua Tutóia, em São Paulo. A versão oficial dava conta de que ele havia morrido durante a fuga, ao ser levado para mostrar um aparelho (imóvel usado pelos militantes) aos seus captores.

 

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Na imagem, os militantes trocados na libertação do embaixador. Foto: Arquivo/AE

 

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Agora, a viúva do guerrilheiro, Ilda Martins Silva, vai entrar com uma ação na Justiça Federal, junto com o Movimento Tortura Nunca Mais, exigindo que o Estado localize e devolva os restos mortais do marido. "Passei a vida com um atestado de morte presumida. Foi quando descobri, pelo Instituto Médico Legal (IML), que o corpo está no cemitério da Vila Formosa e, com o reconhecimento do Exército, quero que eles se responsabilizem por encontrar o túmulo para podermos dar um enterro decente ao Jonas", disse Ilda.

 

Dirigente do Movimento Tortura Nunca Mais, Rose Nogueira concorda com Ilda. "O Estado brasileiro tem obrigação de devolver os restos mortais à família." O ex-militante Paulo de Tarso Venceslau, que também participou do sequestro e foi preso dez dias depois, disse que os agentes que o torturaram mostraram pedaços de massa encefálica que teria pertencido a Jonas, para intimidá-lo.

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Várias testemunhas relataram que o líder do sequestro foi morto a pancadas por pelo menos 15 agentes. "Fui levada a uma sala e deixado de frente para uma parede na qual havia muito sangue e algo que os agentes disseram ser pedaços do cérebro dele. Avisaram que se não falasse, sofreria o mesmo", relatou.

 

 

O atual ministro-chefe da Comunicação Social do governo federal, Franklin Martins, mentor da ação, lembra-se bem de Jonas. "Ele era um homem bem preparado em termos militares, que conduziu muito bem a operação. Para mim, é um herói do povo, que preferiu morrer a delatar seus companheiros", disse. Também participante da operação, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), tem, hoje, uma visão crítica do episódio.

 

"Queríamos, com a soltura dos presos, recompor um pouco os grupos de esquerda que estavam quase esfacelados e ditadura se aproveitou do sequestro para aumentar a repressão, principalmente sobre os grupos pacíficos, que pretendiam combater o regime de outra forma. Na verdade, pode ter significado o início do fim da oposição armada ou não."

O embaixador americano Charles Burke Elbrick, em foto de 1969. Foto: Arquivo/AE

 

SÃO PAULO - O destino dos restos mortais do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, codinome Jonas, converteu-se em uma das principais polêmica dos últimos dias, exatamente nas proximidades da data em que a ação mais espetacular de que participou, o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, ocorrido em 4 de setembro de 1969, completa 40 anos.

 

Operário têxtil e sindicalista, com militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), Jonas foi o líder da operação que levou a ditadura militar, sob enorme pressão, inclusive internacional, a libertar 15 militantes de esquerda, entre os quais o então líder estudantil e deputado federal cassado José Dirceu e o ex-parlamentar comunista Gregório Bezerra. Na semana passada, o jornal O Globo divulgou um relatório secreto no qual o Exército afirmava que Jonas morrera em função de "ferimentos recebidos".

 

Os militares sempre negaram que o guerrilheiro, odiado pelos órgãos de repressão, tivesse sido assassinado pelos agentes da Operação Bandeirante (Oban), no quartel da Rua Tutóia, em São Paulo. A versão oficial dava conta de que ele havia morrido durante a fuga, ao ser levado para mostrar um aparelho (imóvel usado pelos militantes) aos seus captores.

 

Na imagem, os militantes trocados na libertação do embaixador. Foto: Arquivo/AE

 

Agora, a viúva do guerrilheiro, Ilda Martins Silva, vai entrar com uma ação na Justiça Federal, junto com o Movimento Tortura Nunca Mais, exigindo que o Estado localize e devolva os restos mortais do marido. "Passei a vida com um atestado de morte presumida. Foi quando descobri, pelo Instituto Médico Legal (IML), que o corpo está no cemitério da Vila Formosa e, com o reconhecimento do Exército, quero que eles se responsabilizem por encontrar o túmulo para podermos dar um enterro decente ao Jonas", disse Ilda.

 

Dirigente do Movimento Tortura Nunca Mais, Rose Nogueira concorda com Ilda. "O Estado brasileiro tem obrigação de devolver os restos mortais à família." O ex-militante Paulo de Tarso Venceslau, que também participou do sequestro e foi preso dez dias depois, disse que os agentes que o torturaram mostraram pedaços de massa encefálica que teria pertencido a Jonas, para intimidá-lo.

 

 

Várias testemunhas relataram que o líder do sequestro foi morto a pancadas por pelo menos 15 agentes. "Fui levada a uma sala e deixado de frente para uma parede na qual havia muito sangue e algo que os agentes disseram ser pedaços do cérebro dele. Avisaram que se não falasse, sofreria o mesmo", relatou.

 

 

O atual ministro-chefe da Comunicação Social do governo federal, Franklin Martins, mentor da ação, lembra-se bem de Jonas. "Ele era um homem bem preparado em termos militares, que conduziu muito bem a operação. Para mim, é um herói do povo, que preferiu morrer a delatar seus companheiros", disse. Também participante da operação, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), tem, hoje, uma visão crítica do episódio.

 

"Queríamos, com a soltura dos presos, recompor um pouco os grupos de esquerda que estavam quase esfacelados e ditadura se aproveitou do sequestro para aumentar a repressão, principalmente sobre os grupos pacíficos, que pretendiam combater o regime de outra forma. Na verdade, pode ter significado o início do fim da oposição armada ou não."

O embaixador americano Charles Burke Elbrick, em foto de 1969. Foto: Arquivo/AE

 

SÃO PAULO - O destino dos restos mortais do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, codinome Jonas, converteu-se em uma das principais polêmica dos últimos dias, exatamente nas proximidades da data em que a ação mais espetacular de que participou, o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, ocorrido em 4 de setembro de 1969, completa 40 anos.

 

Operário têxtil e sindicalista, com militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), Jonas foi o líder da operação que levou a ditadura militar, sob enorme pressão, inclusive internacional, a libertar 15 militantes de esquerda, entre os quais o então líder estudantil e deputado federal cassado José Dirceu e o ex-parlamentar comunista Gregório Bezerra. Na semana passada, o jornal O Globo divulgou um relatório secreto no qual o Exército afirmava que Jonas morrera em função de "ferimentos recebidos".

 

Os militares sempre negaram que o guerrilheiro, odiado pelos órgãos de repressão, tivesse sido assassinado pelos agentes da Operação Bandeirante (Oban), no quartel da Rua Tutóia, em São Paulo. A versão oficial dava conta de que ele havia morrido durante a fuga, ao ser levado para mostrar um aparelho (imóvel usado pelos militantes) aos seus captores.

 

Na imagem, os militantes trocados na libertação do embaixador. Foto: Arquivo/AE

 

Agora, a viúva do guerrilheiro, Ilda Martins Silva, vai entrar com uma ação na Justiça Federal, junto com o Movimento Tortura Nunca Mais, exigindo que o Estado localize e devolva os restos mortais do marido. "Passei a vida com um atestado de morte presumida. Foi quando descobri, pelo Instituto Médico Legal (IML), que o corpo está no cemitério da Vila Formosa e, com o reconhecimento do Exército, quero que eles se responsabilizem por encontrar o túmulo para podermos dar um enterro decente ao Jonas", disse Ilda.

 

Dirigente do Movimento Tortura Nunca Mais, Rose Nogueira concorda com Ilda. "O Estado brasileiro tem obrigação de devolver os restos mortais à família." O ex-militante Paulo de Tarso Venceslau, que também participou do sequestro e foi preso dez dias depois, disse que os agentes que o torturaram mostraram pedaços de massa encefálica que teria pertencido a Jonas, para intimidá-lo.

 

 

Várias testemunhas relataram que o líder do sequestro foi morto a pancadas por pelo menos 15 agentes. "Fui levada a uma sala e deixado de frente para uma parede na qual havia muito sangue e algo que os agentes disseram ser pedaços do cérebro dele. Avisaram que se não falasse, sofreria o mesmo", relatou.

 

 

O atual ministro-chefe da Comunicação Social do governo federal, Franklin Martins, mentor da ação, lembra-se bem de Jonas. "Ele era um homem bem preparado em termos militares, que conduziu muito bem a operação. Para mim, é um herói do povo, que preferiu morrer a delatar seus companheiros", disse. Também participante da operação, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), tem, hoje, uma visão crítica do episódio.

 

"Queríamos, com a soltura dos presos, recompor um pouco os grupos de esquerda que estavam quase esfacelados e ditadura se aproveitou do sequestro para aumentar a repressão, principalmente sobre os grupos pacíficos, que pretendiam combater o regime de outra forma. Na verdade, pode ter significado o início do fim da oposição armada ou não."

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