‘Há uma tentativa de assalto da Presidência sem voto popular’, afirma Berzoini


Na linha de frente dadistribuição de cargos, ministro diz que Planalto barra impeachment e vairecuperar governabilidade

Por Vera Rosa e Isadora Peron
Ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini defendeu governo petista Foto: André Dusek/Estadão

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que “pedaços” do PMDB, aliados à oposição, querem “tomar de assalto a Presidência da República”. Para o petista, o Palácio do Planalto vai conseguir os votos para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, mas será necessário um rearranjo de forças capaz de dar sustentação ao governo. “Não adianta vencer o impeachment sem garantir governabilidade”, disse o ministro. “Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País.”

Seis dias após a reunião em que o partido do vice-presidente Michel Temer anunciou a saída da base aliada, porém, a reforma ministerial continua empacada. O impasse ocorre porque ministros do PMDB não querem deixar o governo – até agora, apenas um entregou o cargo. Na linha de frente das negociações para redistribuição dos cargos, Berzoini se reuniu ontem com Dilma e com o chefe do Gabinete Pessoal, Jaques Wagner. A expectativa é que a nova configuração da Esplanada seja anunciada nesta semana. Para não ser deposta, a presidente precisa do apoio de no mínimo 171 deputados. “Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso”, afirmou Berzoini.O governo está tendo dificuldade para arrumar a base aliada após o rompimento do PMDB?

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Não foi o PMDB que rompeu com o governo. Foi um pedaço do PMDB, que já tinha dado declarações públicas de discordância. Isso é tradicional no PMDB. Na administração Fernando Henrique, nos dois mandatos de Lula e em boa parte da gestão Dilma, o PMDB esteve parcialmente com o governo. Agora, importantes lideranças de vários Estados, governadores, deputados, senadores, ministros continuam hipotecando solidariedade e apoio ao governo.

O PMDB tem hoje seis ministérios. Ficará com quantos?

Essa decisão compete à presidenta. Evidentemente, a presidenta pode achar necessário uma recomposição e todos manifestaram disponibilidade para colocar o cargo à disposição.O ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), continuará no governo? A pasta tem sido muito cobiçada por outros partidos. Pode ficar. É um ministério muito importante, que tem uma capilaridade muito grande.O desembarque do PMDB não agravou a crise? Pelo que o sr. diz, foi até bom para o governo. Não acho que agravou, até porque não houve a saída. Houve apenas a decisão da direção partidária, tomada em três minutos, sem discussão. Acho que foi o retrato de um grupo que quer se utilizar da estrutura do partido para influenciar o processo político. Do ponto de vista do governo, não mudou nada na relação com parlamentares do PMDB e com ministros do partido.E com os outros partidos da base aliada, como PP e PR? Haverá a divisão do espólio do PMDB? Todos os partidos da base têm consciência de que o redesenho ministerial é algo que pode acontecer a qualquer momento por razões políticas, mas não há nenhum tipo de iniciativa para ocupar o lugar de A, B ou C. O que há é que todo mundo que está na política quer ter acesso aos instrumentos para poder fazer política e mostrar serviço ao País. Vamos aguardar para ver o que a presidente vai decidir.O entorno de Michel Temer já estaria montando um novo ministério. Como o sr. vê a iniciativa? Eu vejo que tem gente encarando esse impeachment, que começou torto, como uma tentativa de eleição indireta. Não está se discutindo se houve crime de responsabilidade. O que está se discutindo é a tentativa de tomar de assalto a Presidência da República sem que haja voto popular. Tentar transformar um impeachment distorcido em eleição indireta é um grave risco à democracia, é aquilo que a gente chama de golpe, porque travado a partir de um processo totalmente viciado, conduzido por uma pessoa (o presidente da Câmara, Eduardo Cunha) que tem contas na Suíça e é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal.Como fica a relação da presidente com o vice depois disso? A postura das pessoas ligadas ao vice-presidente e a dele próprio motivaram um distanciamento completo. Não há hoje diálogo entre a presidente e o seu vice.O governo tem voto para barrar o impeachment na Câmara? Tem.Quantos? Essa é uma informação estratégica. Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso. Agora, não adianta vencer o impeachment sem garantir a governabilidade. Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País.Foi um erro nomear o ex-presidente Lula para a Casa Civil? O presidente Lula não é crise, é solução. Ele tem grande capacidade de articulação e um respeito imenso no mundo político. A nova fase da Operação Lava Jato, que ressuscita o escândalo do mensalão e o caso Celso Daniel, preocupa o governo? Não há por que ficar preocupado. Isso está se tornando uma rotina e demonstra, mais uma vez, que o objeto da investigação não é combater a corrupção, mas, sim, criar fatos políticos para atacar o PT.Como está o ânimo da presidente para enfrentar o processo de impeachment?  Ao contrário do que muitos pensam, pessoas de vários partidos têm procurado o governo para discutir o futuro e conversar sobre como superar este momento. Ninguém vem se lamentar. Aqui está todo mundo pronto para a luta. Não tem ninguém desanimado aqui, não.

Ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini defendeu governo petista Foto: André Dusek/Estadão

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que “pedaços” do PMDB, aliados à oposição, querem “tomar de assalto a Presidência da República”. Para o petista, o Palácio do Planalto vai conseguir os votos para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, mas será necessário um rearranjo de forças capaz de dar sustentação ao governo. “Não adianta vencer o impeachment sem garantir governabilidade”, disse o ministro. “Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País.”

Seis dias após a reunião em que o partido do vice-presidente Michel Temer anunciou a saída da base aliada, porém, a reforma ministerial continua empacada. O impasse ocorre porque ministros do PMDB não querem deixar o governo – até agora, apenas um entregou o cargo. Na linha de frente das negociações para redistribuição dos cargos, Berzoini se reuniu ontem com Dilma e com o chefe do Gabinete Pessoal, Jaques Wagner. A expectativa é que a nova configuração da Esplanada seja anunciada nesta semana. Para não ser deposta, a presidente precisa do apoio de no mínimo 171 deputados. “Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso”, afirmou Berzoini.O governo está tendo dificuldade para arrumar a base aliada após o rompimento do PMDB?

Não foi o PMDB que rompeu com o governo. Foi um pedaço do PMDB, que já tinha dado declarações públicas de discordância. Isso é tradicional no PMDB. Na administração Fernando Henrique, nos dois mandatos de Lula e em boa parte da gestão Dilma, o PMDB esteve parcialmente com o governo. Agora, importantes lideranças de vários Estados, governadores, deputados, senadores, ministros continuam hipotecando solidariedade e apoio ao governo.

O PMDB tem hoje seis ministérios. Ficará com quantos?

Essa decisão compete à presidenta. Evidentemente, a presidenta pode achar necessário uma recomposição e todos manifestaram disponibilidade para colocar o cargo à disposição.O ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), continuará no governo? A pasta tem sido muito cobiçada por outros partidos. Pode ficar. É um ministério muito importante, que tem uma capilaridade muito grande.O desembarque do PMDB não agravou a crise? Pelo que o sr. diz, foi até bom para o governo. Não acho que agravou, até porque não houve a saída. Houve apenas a decisão da direção partidária, tomada em três minutos, sem discussão. Acho que foi o retrato de um grupo que quer se utilizar da estrutura do partido para influenciar o processo político. Do ponto de vista do governo, não mudou nada na relação com parlamentares do PMDB e com ministros do partido.E com os outros partidos da base aliada, como PP e PR? Haverá a divisão do espólio do PMDB? Todos os partidos da base têm consciência de que o redesenho ministerial é algo que pode acontecer a qualquer momento por razões políticas, mas não há nenhum tipo de iniciativa para ocupar o lugar de A, B ou C. O que há é que todo mundo que está na política quer ter acesso aos instrumentos para poder fazer política e mostrar serviço ao País. Vamos aguardar para ver o que a presidente vai decidir.O entorno de Michel Temer já estaria montando um novo ministério. Como o sr. vê a iniciativa? Eu vejo que tem gente encarando esse impeachment, que começou torto, como uma tentativa de eleição indireta. Não está se discutindo se houve crime de responsabilidade. O que está se discutindo é a tentativa de tomar de assalto a Presidência da República sem que haja voto popular. Tentar transformar um impeachment distorcido em eleição indireta é um grave risco à democracia, é aquilo que a gente chama de golpe, porque travado a partir de um processo totalmente viciado, conduzido por uma pessoa (o presidente da Câmara, Eduardo Cunha) que tem contas na Suíça e é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal.Como fica a relação da presidente com o vice depois disso? A postura das pessoas ligadas ao vice-presidente e a dele próprio motivaram um distanciamento completo. Não há hoje diálogo entre a presidente e o seu vice.O governo tem voto para barrar o impeachment na Câmara? Tem.Quantos? Essa é uma informação estratégica. Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso. Agora, não adianta vencer o impeachment sem garantir a governabilidade. Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País.Foi um erro nomear o ex-presidente Lula para a Casa Civil? O presidente Lula não é crise, é solução. Ele tem grande capacidade de articulação e um respeito imenso no mundo político. A nova fase da Operação Lava Jato, que ressuscita o escândalo do mensalão e o caso Celso Daniel, preocupa o governo? Não há por que ficar preocupado. Isso está se tornando uma rotina e demonstra, mais uma vez, que o objeto da investigação não é combater a corrupção, mas, sim, criar fatos políticos para atacar o PT.Como está o ânimo da presidente para enfrentar o processo de impeachment?  Ao contrário do que muitos pensam, pessoas de vários partidos têm procurado o governo para discutir o futuro e conversar sobre como superar este momento. Ninguém vem se lamentar. Aqui está todo mundo pronto para a luta. Não tem ninguém desanimado aqui, não.

Ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini defendeu governo petista Foto: André Dusek/Estadão

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que “pedaços” do PMDB, aliados à oposição, querem “tomar de assalto a Presidência da República”. Para o petista, o Palácio do Planalto vai conseguir os votos para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, mas será necessário um rearranjo de forças capaz de dar sustentação ao governo. “Não adianta vencer o impeachment sem garantir governabilidade”, disse o ministro. “Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País.”

Seis dias após a reunião em que o partido do vice-presidente Michel Temer anunciou a saída da base aliada, porém, a reforma ministerial continua empacada. O impasse ocorre porque ministros do PMDB não querem deixar o governo – até agora, apenas um entregou o cargo. Na linha de frente das negociações para redistribuição dos cargos, Berzoini se reuniu ontem com Dilma e com o chefe do Gabinete Pessoal, Jaques Wagner. A expectativa é que a nova configuração da Esplanada seja anunciada nesta semana. Para não ser deposta, a presidente precisa do apoio de no mínimo 171 deputados. “Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso”, afirmou Berzoini.O governo está tendo dificuldade para arrumar a base aliada após o rompimento do PMDB?

Não foi o PMDB que rompeu com o governo. Foi um pedaço do PMDB, que já tinha dado declarações públicas de discordância. Isso é tradicional no PMDB. Na administração Fernando Henrique, nos dois mandatos de Lula e em boa parte da gestão Dilma, o PMDB esteve parcialmente com o governo. Agora, importantes lideranças de vários Estados, governadores, deputados, senadores, ministros continuam hipotecando solidariedade e apoio ao governo.

O PMDB tem hoje seis ministérios. Ficará com quantos?

Essa decisão compete à presidenta. Evidentemente, a presidenta pode achar necessário uma recomposição e todos manifestaram disponibilidade para colocar o cargo à disposição.O ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), continuará no governo? A pasta tem sido muito cobiçada por outros partidos. Pode ficar. É um ministério muito importante, que tem uma capilaridade muito grande.O desembarque do PMDB não agravou a crise? Pelo que o sr. diz, foi até bom para o governo. Não acho que agravou, até porque não houve a saída. Houve apenas a decisão da direção partidária, tomada em três minutos, sem discussão. Acho que foi o retrato de um grupo que quer se utilizar da estrutura do partido para influenciar o processo político. Do ponto de vista do governo, não mudou nada na relação com parlamentares do PMDB e com ministros do partido.E com os outros partidos da base aliada, como PP e PR? Haverá a divisão do espólio do PMDB? Todos os partidos da base têm consciência de que o redesenho ministerial é algo que pode acontecer a qualquer momento por razões políticas, mas não há nenhum tipo de iniciativa para ocupar o lugar de A, B ou C. O que há é que todo mundo que está na política quer ter acesso aos instrumentos para poder fazer política e mostrar serviço ao País. Vamos aguardar para ver o que a presidente vai decidir.O entorno de Michel Temer já estaria montando um novo ministério. Como o sr. vê a iniciativa? Eu vejo que tem gente encarando esse impeachment, que começou torto, como uma tentativa de eleição indireta. Não está se discutindo se houve crime de responsabilidade. O que está se discutindo é a tentativa de tomar de assalto a Presidência da República sem que haja voto popular. Tentar transformar um impeachment distorcido em eleição indireta é um grave risco à democracia, é aquilo que a gente chama de golpe, porque travado a partir de um processo totalmente viciado, conduzido por uma pessoa (o presidente da Câmara, Eduardo Cunha) que tem contas na Suíça e é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal.Como fica a relação da presidente com o vice depois disso? A postura das pessoas ligadas ao vice-presidente e a dele próprio motivaram um distanciamento completo. Não há hoje diálogo entre a presidente e o seu vice.O governo tem voto para barrar o impeachment na Câmara? Tem.Quantos? Essa é uma informação estratégica. Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso. Agora, não adianta vencer o impeachment sem garantir a governabilidade. Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País.Foi um erro nomear o ex-presidente Lula para a Casa Civil? O presidente Lula não é crise, é solução. Ele tem grande capacidade de articulação e um respeito imenso no mundo político. A nova fase da Operação Lava Jato, que ressuscita o escândalo do mensalão e o caso Celso Daniel, preocupa o governo? Não há por que ficar preocupado. Isso está se tornando uma rotina e demonstra, mais uma vez, que o objeto da investigação não é combater a corrupção, mas, sim, criar fatos políticos para atacar o PT.Como está o ânimo da presidente para enfrentar o processo de impeachment?  Ao contrário do que muitos pensam, pessoas de vários partidos têm procurado o governo para discutir o futuro e conversar sobre como superar este momento. Ninguém vem se lamentar. Aqui está todo mundo pronto para a luta. Não tem ninguém desanimado aqui, não.

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