RIO – A imprensa internacional repercutiu a operação da Polícia Federal (PF) para apurar a organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. A investigação aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve participação direta na edição da “minuta golpista” que circulou entre seus aliados após o segundo turno das eleições. Conversas encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, sugerem que Bolsonaro ajudou a redigir e editar o documento.
O jornal The New York Times, dos EUA, destaca que “Bolsonaro e dezenas de assessores, ministros e líderes militares trabalharam juntos para minar a confiança do público brasileiro nas eleições e preparar o terreno para um possível golpe”. A reportagem diz que “durante meses antes das eleições de 2022 no Brasil, Bolsonaro semeou dúvidas sobre a segurança dos sistemas eleitorais do seu País e alertou que se perdesse, seria resultado de fraude”.
O argentino Lá Nacion diz que operação policial desta quinta-feira contra “a tentativa de golpe de Estado” culminou nos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. O veículo destaca que os investigados “espalharam informações falsas sobre o sistema de votação eletrônica no Brasil, antes e depois das eleições, segundo a polícia”.
O inglês The Guardian diz que “Bolsonaro repetidamente semeou dúvidas sobre a confiabilidade do sistema de votação do Brasil e nunca admitiu a derrota após as eleições”. O jornal ainda destaca que Bolsonaro, descrito como um “populista de extrema direita”, enfrenta uma série de outras investigações criminais, incluindo o caso de desvios de joias, revelado pelo Estadão.
Já o espanhol El País diz que o cerco judicial torno de Bolsonaro “vem se acirrando desde que, ao deixar o poder, ele perdeu a imunidade”. O periódico ainda traz a informação de que é a primeira vez que o ex-presidente é alvo de uma operação direta contra ele nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela PF.
As agências de notícias internacionais, como Bloomberg, Reuters e AFP também repercutiram a operação contra o ex-presidente. Segundo a Reuters, “o confisco do passaporte de Bolsonaro é um mau presságio para o ex-líder, um populista de extrema direita frequentemente comparado ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump”.