A Polícia Federal só deverá concluir na segunda-feira o laudo técnico sobre o equipamento de escuta telefônica encontrado na casa do líder do PFL na Câmara e candidato à presidência da Casa, deputado Inocêncio Oliveira (PE). O aparelho achado na casa de Inocêncio é um interceptador de comunicações, que capta conversas telefônicas e som ambiente e pode retransmiti-las a uma central, via rádio. O aparelho estava instalado em uma das duas linhas telefônicas da casa do deputado. Na próxima semana, peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, vão realizar testes complementares com o equipamento para avaliar seu alcance de transmissão. Com esses testes, a PF pretende descobrir se o transmissor estaria sendo utilizado para interceptar as conversas de ambiente ou apenas as conversas telefônicas da casa de Inocêncio de Oliveira. A conclusão dos testes será indispensável para a continuidade do inquérito sobre um possível grampo telefônico. Apesar de assessores de Inocêncio afirmarem que o equipamento encontrado seria sofisticado, peritos da Polícia Federal negam. Segundo a descrição do aparelho pela PF, o equipamento tem características de interceptador industrial, mas não é de tecnologia avançada, nem apresenta qualquer grau de sofisticação. A PF informou que o radiotransmissor pode ser adquirido tanto no Brasil quanto no exterior, em lojas especializadas ou de equipamentos eletrônicos. O aparelho, segundo um delegado da PF, custaria hoje em torno de US$ 2 mil. Hoje correu rumor de que os telefones na casa do deputado em Recife também estariam grampeados. O boato foi negado pela assessoria de Inocêncio. Outro boato surgido durante o dia foi de que o possível grampo poderia ter sido colocado pela Abin - Agência Brasileira de Inteligência, ligada à Presidência da República, para que o Planalto pudesse acompanhar de perto a rebeldia de seu ex-aliado. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, não quis se pronunciar a respeito. Com cautela, no palácio, auxiliares do presidente preferiam aguardar, primeiro, que se fizesse alguma acusação formal à Abin, para que o órgão pudesse se defender. Mas, extra-oficialmente, pessoas ligadas a Abin repudiam com veemência essas suspeitas, ressaltam que a agência não tem este papel e reiteram que a agência não faz este tipo de trabalho.