Investigado pela PF, secretário do 'tratoraço' deixa o cargo no governo


Saída se dá no mesmo dia em que o 'Estadão' mostrou que, mesmo após ser alvo de investigação por suspeitas envolvendo desvios de verbas do governo, Tiago Pontes Queiroz continuava no cargo

Por Breno Pires

BRASÍLIA- Chamado de “secretário do tratoraço” por deputados, o advogado Tiago Pontes Queiroz pediu exoneração nesta sexta-feira, 8, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A saída acontece logo após o Estadão mostrar que, mesmo sendo alvo de investigação por suspeita de desvios de recursos do governo, ele continuava no cargo de confiança cobiçado no governo Jair Bolsonaro. Ele atribuiu seu pedido de demissão a “fogo amigo” e “inveja na política”.

Como secretário nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano, Queiroz foi o responsável por assinar uma licitação em que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou R$ 130 milhões em sobrepreço. A secretaria dele também firmou mais de 115 convênios com risco de sobrepreço “alto ou extremo”, segundo relatório da CGU.

continua após a publicidade
Secretário Tiago Queiroz cuida do cofre do Ministério do Desenvolvimento Regional. Foto: Tiago Pontes Queiroz/Instagram

A atuação do órgão de controle ocorreu após o Estadão iniciar, em maio, a publicação de reportagens sobre o “orçamento secreto”, como admitiu o ministro da CGU, Wagner Rosário. Três dias antes da queda de Queiroz, Rosário reconheceu na Câmara uma série de suspeitas de que o modelo pouco transparente de distribuição de recursos, por interesse de congressistas, possa ter servido para atos de corrupção, numa espécie de “feirão de emendas”. Ele disse que o esquema está sob investigação.

Chamado de “tratoraço” por envolver a compra de tratores, o esquema do orçamento secreto tem ajudado o presidente a manter uma base fiel no Congresso e escapar de processos de impeachment. Bilhões de reais foram distribuídos para um grupo de deputados e senadores aliados que determinaram o que fazer com o dinheiro, sem qualquer critério técnico ou transparência.

continua após a publicidade

A secretaria de Queiroz era um dos motores mais poderosos desse esquema para angariar apoio político. Como o Estadão mostrou, a secretaria dele empenhou R$ 6,5 bilhões em emendas do relator-geral do orçamento, o mecanismo do “orçamento secreto”, criado em acordo do Palácio do Planalto com o Congresso.

O agora ex-secretário é também investigado pela Polícia Federal na Operação Pés de Barro, que apura desvios no Ministério da Saúde durante a gestão Ricardo Barros (Progressistas-PR), em 2018. Na época, Queiroz era diretor de Logística da pasta. Barros, atual líder do governo Bolsonaro na Câmara, era o ministro.

Em 21 de setembro, uma equipe da Polícia Federal cumpriu busca e apreensão em um endereço ligado a Queiroz, que teve os sigilos fiscal e bancário quebrados. O inquérito cita indícios de crimes previstos na Lei de Licitações, estelionato, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa, prevaricação e advocacia administrativa. Ele diz que os atos sob suspeita antecedem sua atuação na equipe de Barros.

continua após a publicidade

Centrão. Queiroz havia sido nomeado em maio de 2020, na aproximação de Bolsonaro com o Centrão. O então secretário teve entre seus “padrinhos” o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o ministro da Casa Civil e presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Por apadrinhamentos, ele ocupou cargos de gestão em governos anteriores e foi mantido por Bolsonaro. Passou, por exemplo, por posições gerenciais e de superintendência na CBTU, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos.

Em mensagem ao Estadão, Queiroz disse que sempre agiu com probidade e manifestou ser vítima de “fogo amigo” de atores da política. “Não estou disposto a permanecer administrando a inveja na política e ilações com objetivo de macular a reputação e o trabalho sério de toda uma equipe de servidores da SMDRU. Em função disso, decidi pedir minha exoneração ao ministro Rogério Marinho, com a consciência tranquila de sempre ter prezado pelo zelo e probidade na administração pública”, disse Queiroz.

continua após a publicidade

O Ministério do Desenvolvimento Regional afirmou que ele pediu demissão “para fazer sua defesa nas investigações citadas pela reportagem”. 

BRASÍLIA- Chamado de “secretário do tratoraço” por deputados, o advogado Tiago Pontes Queiroz pediu exoneração nesta sexta-feira, 8, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A saída acontece logo após o Estadão mostrar que, mesmo sendo alvo de investigação por suspeita de desvios de recursos do governo, ele continuava no cargo de confiança cobiçado no governo Jair Bolsonaro. Ele atribuiu seu pedido de demissão a “fogo amigo” e “inveja na política”.

Como secretário nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano, Queiroz foi o responsável por assinar uma licitação em que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou R$ 130 milhões em sobrepreço. A secretaria dele também firmou mais de 115 convênios com risco de sobrepreço “alto ou extremo”, segundo relatório da CGU.

Secretário Tiago Queiroz cuida do cofre do Ministério do Desenvolvimento Regional. Foto: Tiago Pontes Queiroz/Instagram

A atuação do órgão de controle ocorreu após o Estadão iniciar, em maio, a publicação de reportagens sobre o “orçamento secreto”, como admitiu o ministro da CGU, Wagner Rosário. Três dias antes da queda de Queiroz, Rosário reconheceu na Câmara uma série de suspeitas de que o modelo pouco transparente de distribuição de recursos, por interesse de congressistas, possa ter servido para atos de corrupção, numa espécie de “feirão de emendas”. Ele disse que o esquema está sob investigação.

Chamado de “tratoraço” por envolver a compra de tratores, o esquema do orçamento secreto tem ajudado o presidente a manter uma base fiel no Congresso e escapar de processos de impeachment. Bilhões de reais foram distribuídos para um grupo de deputados e senadores aliados que determinaram o que fazer com o dinheiro, sem qualquer critério técnico ou transparência.

A secretaria de Queiroz era um dos motores mais poderosos desse esquema para angariar apoio político. Como o Estadão mostrou, a secretaria dele empenhou R$ 6,5 bilhões em emendas do relator-geral do orçamento, o mecanismo do “orçamento secreto”, criado em acordo do Palácio do Planalto com o Congresso.

O agora ex-secretário é também investigado pela Polícia Federal na Operação Pés de Barro, que apura desvios no Ministério da Saúde durante a gestão Ricardo Barros (Progressistas-PR), em 2018. Na época, Queiroz era diretor de Logística da pasta. Barros, atual líder do governo Bolsonaro na Câmara, era o ministro.

Em 21 de setembro, uma equipe da Polícia Federal cumpriu busca e apreensão em um endereço ligado a Queiroz, que teve os sigilos fiscal e bancário quebrados. O inquérito cita indícios de crimes previstos na Lei de Licitações, estelionato, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa, prevaricação e advocacia administrativa. Ele diz que os atos sob suspeita antecedem sua atuação na equipe de Barros.

Centrão. Queiroz havia sido nomeado em maio de 2020, na aproximação de Bolsonaro com o Centrão. O então secretário teve entre seus “padrinhos” o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o ministro da Casa Civil e presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Por apadrinhamentos, ele ocupou cargos de gestão em governos anteriores e foi mantido por Bolsonaro. Passou, por exemplo, por posições gerenciais e de superintendência na CBTU, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos.

Em mensagem ao Estadão, Queiroz disse que sempre agiu com probidade e manifestou ser vítima de “fogo amigo” de atores da política. “Não estou disposto a permanecer administrando a inveja na política e ilações com objetivo de macular a reputação e o trabalho sério de toda uma equipe de servidores da SMDRU. Em função disso, decidi pedir minha exoneração ao ministro Rogério Marinho, com a consciência tranquila de sempre ter prezado pelo zelo e probidade na administração pública”, disse Queiroz.

O Ministério do Desenvolvimento Regional afirmou que ele pediu demissão “para fazer sua defesa nas investigações citadas pela reportagem”. 

BRASÍLIA- Chamado de “secretário do tratoraço” por deputados, o advogado Tiago Pontes Queiroz pediu exoneração nesta sexta-feira, 8, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A saída acontece logo após o Estadão mostrar que, mesmo sendo alvo de investigação por suspeita de desvios de recursos do governo, ele continuava no cargo de confiança cobiçado no governo Jair Bolsonaro. Ele atribuiu seu pedido de demissão a “fogo amigo” e “inveja na política”.

Como secretário nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano, Queiroz foi o responsável por assinar uma licitação em que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou R$ 130 milhões em sobrepreço. A secretaria dele também firmou mais de 115 convênios com risco de sobrepreço “alto ou extremo”, segundo relatório da CGU.

Secretário Tiago Queiroz cuida do cofre do Ministério do Desenvolvimento Regional. Foto: Tiago Pontes Queiroz/Instagram

A atuação do órgão de controle ocorreu após o Estadão iniciar, em maio, a publicação de reportagens sobre o “orçamento secreto”, como admitiu o ministro da CGU, Wagner Rosário. Três dias antes da queda de Queiroz, Rosário reconheceu na Câmara uma série de suspeitas de que o modelo pouco transparente de distribuição de recursos, por interesse de congressistas, possa ter servido para atos de corrupção, numa espécie de “feirão de emendas”. Ele disse que o esquema está sob investigação.

Chamado de “tratoraço” por envolver a compra de tratores, o esquema do orçamento secreto tem ajudado o presidente a manter uma base fiel no Congresso e escapar de processos de impeachment. Bilhões de reais foram distribuídos para um grupo de deputados e senadores aliados que determinaram o que fazer com o dinheiro, sem qualquer critério técnico ou transparência.

A secretaria de Queiroz era um dos motores mais poderosos desse esquema para angariar apoio político. Como o Estadão mostrou, a secretaria dele empenhou R$ 6,5 bilhões em emendas do relator-geral do orçamento, o mecanismo do “orçamento secreto”, criado em acordo do Palácio do Planalto com o Congresso.

O agora ex-secretário é também investigado pela Polícia Federal na Operação Pés de Barro, que apura desvios no Ministério da Saúde durante a gestão Ricardo Barros (Progressistas-PR), em 2018. Na época, Queiroz era diretor de Logística da pasta. Barros, atual líder do governo Bolsonaro na Câmara, era o ministro.

Em 21 de setembro, uma equipe da Polícia Federal cumpriu busca e apreensão em um endereço ligado a Queiroz, que teve os sigilos fiscal e bancário quebrados. O inquérito cita indícios de crimes previstos na Lei de Licitações, estelionato, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa, prevaricação e advocacia administrativa. Ele diz que os atos sob suspeita antecedem sua atuação na equipe de Barros.

Centrão. Queiroz havia sido nomeado em maio de 2020, na aproximação de Bolsonaro com o Centrão. O então secretário teve entre seus “padrinhos” o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o ministro da Casa Civil e presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Por apadrinhamentos, ele ocupou cargos de gestão em governos anteriores e foi mantido por Bolsonaro. Passou, por exemplo, por posições gerenciais e de superintendência na CBTU, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos.

Em mensagem ao Estadão, Queiroz disse que sempre agiu com probidade e manifestou ser vítima de “fogo amigo” de atores da política. “Não estou disposto a permanecer administrando a inveja na política e ilações com objetivo de macular a reputação e o trabalho sério de toda uma equipe de servidores da SMDRU. Em função disso, decidi pedir minha exoneração ao ministro Rogério Marinho, com a consciência tranquila de sempre ter prezado pelo zelo e probidade na administração pública”, disse Queiroz.

O Ministério do Desenvolvimento Regional afirmou que ele pediu demissão “para fazer sua defesa nas investigações citadas pela reportagem”. 

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.