Após dois dias de silêncio, o governo brasileiro emitiu nota em que parabeniza o presidente eleito da Colômbia, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro, por sua vitória eleitoral no último domingo. O político de esquerda foi eleito em segundo turno com 50,44% dos votos válidos e derrotou o populista de direita Rodolfo Hernández.
“O governo brasileiro congratula o senador Gustavo Petro por sua eleição à presidência da Colômbia. Ao desejar ao presidente eleito êxito no desempenho de suas funções, o Governo brasileiro reafirma seu compromisso com a continuidade e o aprofundamento das relações bilaterais com a Colômbia, com vistas ao bem-estar, prosperidade, democracia e liberdade de nossos povos”, afirmou o Ministério de Relações Exteriores.
Ao contrário de outros presidenciáveis, como o ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), o presidente Jair Bolsonaro ainda não desejou sorte a Petro. A demora em acenos oficiais tem sido uma constante na eleição de políticos de esquerda, como aconteceu no Chile após Gabriel Boric vencer a disputa.
Bolsonaro
Na noite desta segunda-feira, 20, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a aliados que Petro é um ex-guerrilheiro e o comparou a Lula, seu principal adversário nessas eleições. “Vocês viram o discurso de hoje do novo presidente da Colômbia? ‘Soltar todos os meninos presos, todos’. O Lula vai soltar os menininhos que mataram alguém por um celular para tomar uma cerveja”, afirmou o presidente a apoiadores.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Petro afirmou que “jovens foram presos apenas por terem esperança” no país. Possivelmente, ele se referia aos protestos contra o presidente Iván Duque que tomaram a Colômbia em 2021 e resultaram na detenção de alguns manifestantes.
Bolsonaro prosseguiu: “Ele (Lula) fala, inclusive, quando ele tocou na questão do Abílio Diniz , ‘os meninos sequestradores’; imagine um parente nosso sequestrado. Chegou uma época, inclusive, que o cara pedia o resgate e era comum cortar um pedaço da orelha (da vítima) e mandar para você receber. O Lula quer a volta disso”.
O presidente se referia às declarações do petista sobre os sequestradores de Abílio Diniz. Na última sexta-feira, 17, o ex-presidente lembrou que pediu ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, que os sequestradores do empresário fossem transferidos de volta para seus países (o grupo de criminosos tinha chilenos, argentinos e canadenses). Como mostrou o Estadão, a fala gerou desgaste e foi usada como munição eleitoral contra Lula.
O petista justificou o pedido feito a FHC por se tratar, segundo ele, de uma questão humanitária, já que os criminosos faziam greve de fome na prisão. À época, eles foram transferidos, mas terminaram de cumprir as penas em seus países.