O presidente do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Jonas Villas Boas, disse que o Governo Federal está querendo passar a responsabilidade da reforma agrária para os Estados. "É brincadeira. Quem tem que fazer a reforma é a União, nós só ajudamos o governo". Em resposta às críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do Itesp alegou que "a culpa na demora da reforma agrária é, principalmente, da lentidão da Justiça e da falta de vontade dos fazendeiros em fazer um acordo". Hoje à tarde, o presidente Lula fez duras críticas ao Itesp, dizendo que o Instituto estaria demorando em indicar terras na região do Pontal de Paranapanema, para que o governo fizesse a reforma agrária. "Apesar do Incra ter disponibilizado, desde 2003, R$ 29 milhões para a desapropriação de terras na região, o Itesp não apresentou no período quais terras deveriam ser desapropriadas", disse o presidente da República. Segundo Villas Boas, "não adianta ter o dinheiro sem a vontade dos fazendeiros em fazer o acordo". De acordo com ele, apenas três acordos foram feitos no ano passado. O Itesp aguarda um novo depósito do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de R$ 12,5 milhões. À noite, o governo estadual enviou à redação do Estadão.com.br uma nota sobre às críticas de Lula. Leia a íntegra: Nota do Governo do Estado de São Paulo: As críticas do presidente Lula ao ITESP são improcedentes. A atribuição de fazer a reforma agrária é federal, e o ITESP atua como órgão auxiliar. O Governo do Estado de São Paulo é um dos poucos que cede áreas do próprio Estado para a reforma agrária. Dos 186 assentamentos existentes em São Paulo, 122 foram feitos em áreas cedidas pelo Estado. Todos esses assentamentos, que reúnem cerca de dez mil famílias, contam com assistência técnica e social providos pelo ITESP. Há os casos em que a área é objeto de disputa judicial, e nesses nem o ITESP nem o INCRA podem agir a menos que haja acordo entre as partes. Nesses casos, o Governo Federal poderia contribuir mais incentivando os acordos, como faz o ITESP, do que fazendo críticas improcedentes.