A ministra Anielle Franco é um desastre com perda total. Num governo como o do presidente Lula, ela talvez não chamasse a atenção se fosse apenas péssima, perfeitamente inútil e caríssima – está levando, este ano, quase R$ 1 milhão do pagador de impostos, ou mais, para não fazer nada. É de se supor que estaria tudo razoavelmente bem se a ministra se contentasse em usufruir o seu bilhete premiado. Há centenas de pessoas no governo que fazem exatamente isso: levam o seu osso para algum canto escondido e ficam lá, quietos, aproveitando a vida em silêncio e com pouco risco. Mas Anielle não parece contente com o que ganhou. Quer também se exibir como “personalidade” e mostrar-se mais importante do que é – faz vídeos andando em garupa de moto numa favela do Rio de Janeiro, e uma porção de outras coisas assim. O resultado, inevitável, é que acabou expondo em plena luz do sol o que tem de pior. Para o governo, é só prejuízo.
Anielle cometeu o delito-padrão dos gatos gordos do governo Lula: requisitar aviões da Força Aérea Brasileira para viajar nos fins de semana. No seu caso, veio de Brasília a São Paulo como torcedora do Flamengo, para assistir à final da Copa do Brasil. Nada de diferente, aí. Desde o dia 1º. de janeiro a FAB foi transformada em empresa de taxi-aéreo a serviço pessoal dos ministros (são 38, agora) e de quem mais está em condição de dar uma carteirada. O problema é que Anielle fez questão de mostrar para todo mundo, com vídeo, Twitter e o resto, a delinquência que estava cometendo. É óbvio que pegou muitíssimo mal; uma criança com dez anos de idade saberia que um negócio desses só podia pegar mal. Como em geral acontece nesse tipo de caso, a emenda saiu muito pior que o soneto. Na tentativa de justificar o que fez, Anielle disse que usou o avião da FAB para assinar um “protocolo” contra o racismo bem na hora do jogo, e bem no estádio do Morumbi. É uma desculpa infantil. Não havia necessidade nenhuma de assinar o tal “protocolo”, que por sinal é mais um papel que não vai servir para nada, no dia na final com o seu time. Porque não fez a assinatura digital, como até o prefeito de Arroio dos Ratos pode fazer hoje em dia com qualquer documento?
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Daí por diante não se salvou nada. A ministra soltou uma nota histérica, e perfeitamente cretina, dizendo que era “inacreditável” que ela recebesse críticas por trabalhar “contra o racismo”, que “deixou os filhos em casa” para trabalhar etc. Por que “inacreditável”? Quer dizer que ela não pode ser criticada por gastar uma fortuna, num jato da FAB, numa viagem 100% inútil? A ideia de ser cobrada é tão absurda, no seu entender, que ela não acredita que algo assim possa ter acontecido. E o que os filhos têm a ver com isso? Eles ficaram em casa no domingo porque a mãe viajou para assistir um jogo de futebol. Com essa história toda, veio a público um fato constrangedor para o governo Lula: revelou-se que Anielle, este ano, já gastou com viagens metade da verba do seu ministério. Foi repetida, mais uma vez, que a única realização no currículo da ministra é o fato de ser irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio anos atrás. Para completar, uma “assessora especial” que viajou com ela na mordomia da FAB, achou uma boa ideia fazer uma nota agressivamente racista, e sem propósito algum, contra a torcida “branca” do São Paulo – descendente, segundo diz, de “europeu safade”, e “pior” ainda, “tudo pauliste”. Para que uma estupidez dessa? Foi demais, até para Anielle – teve de demitir a amiga, do cargo e do seu salário de R$ 17 mil por mês. Desastre do começo ao fim, mais uma vez.