Aos fatos, como eles são

Opinião|Governo vê atentado a bomba no STF como conspiração e ignora os fatos sobre o que ocorreu na capital


Todo o interesse das autoridades, desde o primeiro minuto, foi dizer que o terrorista-suicida não agiu sozinho, e que não ocorreu um “ato isolado”

Por J.R. Guzzo
Atualização:

Há uma porção de fatos objetivos quando se olha de forma racional para o que aconteceu nas explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes dias atrás. Que tal, então, começar por eles? Um chaveiro do interior de Santa Catarina foi a Brasília com a intenção de detonar um ou mais artefatos explosivos dentro do STF. Foi barrado na portaria e aí voltou para a praça, onde se suicidou explodindo em cima de si mesmo as bombas que levava amarradas no corpo.

O prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, local em que explodiu bomba em tentativa de atentado Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Mensagens deixadas por Francisco Luiz comprovam que estava com problemas mentais. Ao levantar cada passo dos seus últimos movimentos em Brasília, a polícia verificou que ele não teve contato com ninguém em posição de autoridade, ou ligado à militância política, ou com qualquer grau de influência. Estava hospedado numa pensão de Ceilândia, usou o próprio carro para se deslocar em Brasília e não tinha treinamento em explosivos – ou se tinha não aprendeu nada, tanto que só conseguiu matar a si próprio.

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Não se conhece casos de terroristas que tenham tentado matar ministros pedindo um crachá de entrada na portaria do edifício onde eles dão expediente. Em nenhum momento, nas ações finais de Luiz, alguém esteve concretamente sob o risco de ser morto pelos seus explosivos – a não ser ele mesmo. Não tinha nenhuma importância como militante político. O máximo a que chegou foi uma candidatura para vereador numa cidade do interior de Santa Catarina, pelo PL, na eleição de 2020. Teve 98 votos.

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O exame desses fatos, porém, foi o que menos interessou à Polícia Federal, ao STF e ao restante da máquina estatal de investigações criminais até agora. Em vez de serem a base da apuração a ser feita, foram expostos nos primeiros momentos e imediatamente substituídos por teorias, suposições e conclusões definitivas por parte das autoridades do governo. Ou seja: o que interessa não é saber o que aconteceu, mas sim chegar à conclusão que querem. Trabalham com “todos os cenários”, como dizem, menos um – o de que Luiz tenha sido apenas o Luiz de carne e osso descrito acima.

Todo o interesse das autoridades, desde o primeiro minuto, foi dizer que o terrorista-suicida não agiu sozinho, e que não ocorreu um “ato isolado”. Com quem ele agiu, então? Se fez parte de uma conspiração, como diz o governo, é impossível que não tenha aparecido nenhum nome, nenhuma ligação e nenhuma pista. O STF, por sua vez, já decidiu que o chaveiro-bomba é “um prosseguimento dos atos golpistas de 8 de janeiro”; colocou o seu caso no mesmo inquérito, que lida com fatos ocorridos dois anos atrás. Mais que tudo, por causa de Luiz, a anistia foi declarada “impossível”. Fica tudo resolvido, então. Só que nada se resolveu.

Há uma porção de fatos objetivos quando se olha de forma racional para o que aconteceu nas explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes dias atrás. Que tal, então, começar por eles? Um chaveiro do interior de Santa Catarina foi a Brasília com a intenção de detonar um ou mais artefatos explosivos dentro do STF. Foi barrado na portaria e aí voltou para a praça, onde se suicidou explodindo em cima de si mesmo as bombas que levava amarradas no corpo.

O prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, local em que explodiu bomba em tentativa de atentado Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Mensagens deixadas por Francisco Luiz comprovam que estava com problemas mentais. Ao levantar cada passo dos seus últimos movimentos em Brasília, a polícia verificou que ele não teve contato com ninguém em posição de autoridade, ou ligado à militância política, ou com qualquer grau de influência. Estava hospedado numa pensão de Ceilândia, usou o próprio carro para se deslocar em Brasília e não tinha treinamento em explosivos – ou se tinha não aprendeu nada, tanto que só conseguiu matar a si próprio.

Não se conhece casos de terroristas que tenham tentado matar ministros pedindo um crachá de entrada na portaria do edifício onde eles dão expediente. Em nenhum momento, nas ações finais de Luiz, alguém esteve concretamente sob o risco de ser morto pelos seus explosivos – a não ser ele mesmo. Não tinha nenhuma importância como militante político. O máximo a que chegou foi uma candidatura para vereador numa cidade do interior de Santa Catarina, pelo PL, na eleição de 2020. Teve 98 votos.

O exame desses fatos, porém, foi o que menos interessou à Polícia Federal, ao STF e ao restante da máquina estatal de investigações criminais até agora. Em vez de serem a base da apuração a ser feita, foram expostos nos primeiros momentos e imediatamente substituídos por teorias, suposições e conclusões definitivas por parte das autoridades do governo. Ou seja: o que interessa não é saber o que aconteceu, mas sim chegar à conclusão que querem. Trabalham com “todos os cenários”, como dizem, menos um – o de que Luiz tenha sido apenas o Luiz de carne e osso descrito acima.

Todo o interesse das autoridades, desde o primeiro minuto, foi dizer que o terrorista-suicida não agiu sozinho, e que não ocorreu um “ato isolado”. Com quem ele agiu, então? Se fez parte de uma conspiração, como diz o governo, é impossível que não tenha aparecido nenhum nome, nenhuma ligação e nenhuma pista. O STF, por sua vez, já decidiu que o chaveiro-bomba é “um prosseguimento dos atos golpistas de 8 de janeiro”; colocou o seu caso no mesmo inquérito, que lida com fatos ocorridos dois anos atrás. Mais que tudo, por causa de Luiz, a anistia foi declarada “impossível”. Fica tudo resolvido, então. Só que nada se resolveu.

Há uma porção de fatos objetivos quando se olha de forma racional para o que aconteceu nas explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes dias atrás. Que tal, então, começar por eles? Um chaveiro do interior de Santa Catarina foi a Brasília com a intenção de detonar um ou mais artefatos explosivos dentro do STF. Foi barrado na portaria e aí voltou para a praça, onde se suicidou explodindo em cima de si mesmo as bombas que levava amarradas no corpo.

O prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, local em que explodiu bomba em tentativa de atentado Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Mensagens deixadas por Francisco Luiz comprovam que estava com problemas mentais. Ao levantar cada passo dos seus últimos movimentos em Brasília, a polícia verificou que ele não teve contato com ninguém em posição de autoridade, ou ligado à militância política, ou com qualquer grau de influência. Estava hospedado numa pensão de Ceilândia, usou o próprio carro para se deslocar em Brasília e não tinha treinamento em explosivos – ou se tinha não aprendeu nada, tanto que só conseguiu matar a si próprio.

Não se conhece casos de terroristas que tenham tentado matar ministros pedindo um crachá de entrada na portaria do edifício onde eles dão expediente. Em nenhum momento, nas ações finais de Luiz, alguém esteve concretamente sob o risco de ser morto pelos seus explosivos – a não ser ele mesmo. Não tinha nenhuma importância como militante político. O máximo a que chegou foi uma candidatura para vereador numa cidade do interior de Santa Catarina, pelo PL, na eleição de 2020. Teve 98 votos.

O exame desses fatos, porém, foi o que menos interessou à Polícia Federal, ao STF e ao restante da máquina estatal de investigações criminais até agora. Em vez de serem a base da apuração a ser feita, foram expostos nos primeiros momentos e imediatamente substituídos por teorias, suposições e conclusões definitivas por parte das autoridades do governo. Ou seja: o que interessa não é saber o que aconteceu, mas sim chegar à conclusão que querem. Trabalham com “todos os cenários”, como dizem, menos um – o de que Luiz tenha sido apenas o Luiz de carne e osso descrito acima.

Todo o interesse das autoridades, desde o primeiro minuto, foi dizer que o terrorista-suicida não agiu sozinho, e que não ocorreu um “ato isolado”. Com quem ele agiu, então? Se fez parte de uma conspiração, como diz o governo, é impossível que não tenha aparecido nenhum nome, nenhuma ligação e nenhuma pista. O STF, por sua vez, já decidiu que o chaveiro-bomba é “um prosseguimento dos atos golpistas de 8 de janeiro”; colocou o seu caso no mesmo inquérito, que lida com fatos ocorridos dois anos atrás. Mais que tudo, por causa de Luiz, a anistia foi declarada “impossível”. Fica tudo resolvido, então. Só que nada se resolveu.

Há uma porção de fatos objetivos quando se olha de forma racional para o que aconteceu nas explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes dias atrás. Que tal, então, começar por eles? Um chaveiro do interior de Santa Catarina foi a Brasília com a intenção de detonar um ou mais artefatos explosivos dentro do STF. Foi barrado na portaria e aí voltou para a praça, onde se suicidou explodindo em cima de si mesmo as bombas que levava amarradas no corpo.

O prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, local em que explodiu bomba em tentativa de atentado Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Mensagens deixadas por Francisco Luiz comprovam que estava com problemas mentais. Ao levantar cada passo dos seus últimos movimentos em Brasília, a polícia verificou que ele não teve contato com ninguém em posição de autoridade, ou ligado à militância política, ou com qualquer grau de influência. Estava hospedado numa pensão de Ceilândia, usou o próprio carro para se deslocar em Brasília e não tinha treinamento em explosivos – ou se tinha não aprendeu nada, tanto que só conseguiu matar a si próprio.

Não se conhece casos de terroristas que tenham tentado matar ministros pedindo um crachá de entrada na portaria do edifício onde eles dão expediente. Em nenhum momento, nas ações finais de Luiz, alguém esteve concretamente sob o risco de ser morto pelos seus explosivos – a não ser ele mesmo. Não tinha nenhuma importância como militante político. O máximo a que chegou foi uma candidatura para vereador numa cidade do interior de Santa Catarina, pelo PL, na eleição de 2020. Teve 98 votos.

O exame desses fatos, porém, foi o que menos interessou à Polícia Federal, ao STF e ao restante da máquina estatal de investigações criminais até agora. Em vez de serem a base da apuração a ser feita, foram expostos nos primeiros momentos e imediatamente substituídos por teorias, suposições e conclusões definitivas por parte das autoridades do governo. Ou seja: o que interessa não é saber o que aconteceu, mas sim chegar à conclusão que querem. Trabalham com “todos os cenários”, como dizem, menos um – o de que Luiz tenha sido apenas o Luiz de carne e osso descrito acima.

Todo o interesse das autoridades, desde o primeiro minuto, foi dizer que o terrorista-suicida não agiu sozinho, e que não ocorreu um “ato isolado”. Com quem ele agiu, então? Se fez parte de uma conspiração, como diz o governo, é impossível que não tenha aparecido nenhum nome, nenhuma ligação e nenhuma pista. O STF, por sua vez, já decidiu que o chaveiro-bomba é “um prosseguimento dos atos golpistas de 8 de janeiro”; colocou o seu caso no mesmo inquérito, que lida com fatos ocorridos dois anos atrás. Mais que tudo, por causa de Luiz, a anistia foi declarada “impossível”. Fica tudo resolvido, então. Só que nada se resolveu.

Opinião por J.R. Guzzo

Jornalista escreve semanalmente sobre o cenário político e econômico do País

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