BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) de “desqualificada” ao falar sobre o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro nesta sexta-feira, 27, em um evento realizado em Goiânia. A senadora, que foi relatora do colegiado, respondeu que o ex-presidente “está com medo de ser preso e por isso fala tanta bobagem”.
Com agendas em Goiânia neste final de semana, Bolsonaro participou de uma palestra para apoiadores em um hotel da cidade. Ao falar o texto final da CPMI, o ex-presidente afirmou que tanto o relatório quanto Eliziane seriam “desqualificados”. O ex-chefe do Executivo também acusou a senadora de supostamente atuar à mando do ministro da Justiça, Flávio Dino.
“Golpe? Desde quando assumi me acusavam de querer dar um golpe. Uma CPMI cujo relatório é tão desqualificado quanto a senadora relatora daquela CPMI, a serviço do Ministro da Justiça”, afirmou Bolsonaro.
Eliziane diz que palavras de Bolsonaro ‘não valem nada’
Por meio de uma nota, Eliziane respondeu que as palavras de Bolsonaro “não valem nada” e que o ex-presidente estaria “com medo de ser preso”. A senadora também ressaltou as conclusões do seu relatório final, que aponta a participação do ex-chefe do Executivo em uma tentativa de golpe de Estado após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado.
“Bolsonaro foi o pior presidente da história do Brasil. Suas palavras ditas em ato hoje em Goiânia não valem nada, não me atingem. Mulher e nordestina sempre foram um alvo preferido pra ele, já agredira antes a imprensa livre, os negros e os pobres, e tentou liderar um golpe no Brasil. Bolsonaro está inelegível por 8 anos. O relatório da CPMI foi incorporado em sua totalidade às investigações do STF. Está com medo de ser preso e por isso fala tanta bobagem”, afirmou a senadora.
Senadora apontou Bolsonaro como autor intelectual dos ataques em Brasília
No relatório final da CPMI, que foi aprovado no último dia 18 por 20 votos a 11, Eliziane sugeriu o indiciamento de Bolsonaro nos crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Juntas, as penas máximas somam 29 anos de prisão.
A relatora também propôs o indiciamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), de militares como o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, e agentes da segurança pública do Distrito Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Também estão na lista o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Nesta quarta-feira, 25, Gama e parlamentares governistas entregaram o relatório final para os órgãos competentes por dar encaminhamento às denúncias. A última parada foi no Tribunal de Contas da União (TCU), onde o presidente Bruno Dantas garantiu que as informações do documento serão esmiuçadas para eventualmente instaurar novos processos de investigação.