Bolsonaro e PL querem avançar em capitais nas eleições de 2024; PT tenta recuperar terreno


Partido de Valdemar vai testar capital político do ex-presidente, agora inelegível, nas metrópoles; sigla de Lula busca reverter fracasso de 2020 com volta do petista à Presidência

Por Luísa Carvalho

Apesar de ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e estar inelegível até 2030, Jair Bolsonaro (PL) pretende usar o capital político nas eleições municipais de 2024 para reeleger aliados em capitais e ampliar o número de metrópoles comandadas pelo partido dele, o Partido Liberal (PL), que vê o ex-presidente como um ativo.

Ao menos dez dos prefeitos de capitais de diferentes partidos que devem tentar a reeleição se alinharam a Bolsonaro durante o mandato dele na Presidência. O PL hoje está à frente apenas de uma capital, em Maceió (AL), administrada pelo prefeito João Henrique Caldas, o JHC. A sigla cogita lançar 15 candidatos nas principais metrópoles do País.

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Para analistas ouvidos pelo Estadão, Bolsonaro, mesmo inelegível, terá influência na disputa, sobretudo nas capitais, onde a tendência é que a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reproduza, com temas nacionais se sobrepondo a locais. De volta à Presidência, o PT tenta reverter o cenário de 2020, quando não elegeu nenhum prefeito nas 26 capitais.

“O nome da direita que for escolhido para rivalizar com o PT vai precisar dialogar e criar algum tipo de ponto com o bolsonarismo”, afirmou o cientista político Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria. Para ele, a agenda bolsonarista deve continuar pautando as próximas disputas eleitorais.

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Os prefeitos aliados de Bolsonaro que pretendem disputar a reeleição se espalham por diferentes partidos, além do PL: PP e Republicanos, que integraram a base do Planalto na gestão passada, Avante e MDB, que ocupa ministérios no governo Lula.

Para sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, o mapa político da disputa presidencial de 2022 deve se repetir em 2024 nas capitais. “A votação do segundo turno do ano passado já pode dizer em quais cidades Jair Bolsonaro vai ter um peso muito grande”, afirmou Lavareda, que é presidente do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipesp).

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, em nota, que as estratégias para 2024 são “segredo de Estado.” Como mostrou o Estadão, porém, Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) agem para evitar a pulverização de candidaturas da direita, movimento que poderia favorecer o PT e aliados do presidente Lula.

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Na quarta-feira, 26, Bolsonaro almoçou com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que busca apoio dos bolsonaristas para se tornar o nome da direita na disputa na capital paulista. “Não vou forçar ninguém a me apoiar. Estou fazendo o meu trabalho, procurando tornar uma cidade melhor, e aí deixar as pessoas terem sua decisão. Se vier o apoio, ótimo”, afirmou o prefeito.

Valdemar Costa Neto, Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes em reunião em junho Foto: Beto Barata/ PL

Presente no encontro, Valdemar, por sua vez, enfatizou a necessidade de Bolsonaro apoiar Nunes para fortalecer a candidatura do prefeito contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL). “Nós precisamos nos unir, fazer de tudo para trazer esses votos do Bolsonaro só para somar. Porque, se brincarmos aqui, vamos ter o Boulos de prefeito. E, na próxima eleição, ele (Boulos) será candidato a presidente do Brasil, com o dinheiro de São Paulo”, disse o dirigente do PL. “É evidente que ele (Bolsonaro) queria ter um prefeito em São Paulo. Ricardo, estou vendo que (você) vai ser o prefeito dele em São Paulo. É isso que nós precisamos trabalhar.”

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Lavareda, no entanto, pondera sobre o poder da transferência de votos do ex-presidente para alguém fora de sua órbita política. “Bolsonaro dá mostras de entender que reconhece o peso do seu apoio, mas sabe que ele não é decisivo para a viabilização de uma candidatura”, afirmou.

No Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo, o ex-presidente já tem candidato no seu campo político, o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto (PL). Ele deverá ser o nome do bolsonarismo para disputar a eleição contra o prefeito Eduardo Paes (PSD), que deve ter o apoio do presidente Lula.

Entre os aliados de Lula nas capitais, seis nomes, distribuídos entre PSOL, PDT, PSD e PP, podem aproveitar a vitória do petista para tentar se manter no jogo com apoio do partido.

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Mas não há garantia de que, em todos os casos, o PT estabeleça alianças num primeiro momento com nomes de fora da legenda. Em 2024, as cidades com mais de cem mil eleitores serão o foco principal do partido do presidente para lançar candidatos da sigla.

Lula e Eduardo Paes em evento no Rio em fevereiro Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

PT tenta virar o jogo

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O Partido dos Trabalhadores deve lançar candidatos a prefeitos em ao menos 17 capitais, incluindo Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador, três dos cinco maiores colégios eleitorais do País – o partido tem uma federação com o PCdoB e o PV. Nas outras metrópoles, os petistas devem apoiar nomes de siglas esquerda, como o PSOL em São Paulo, ou até de partidos de centro-direita, como é o caso de Paes, no Rio.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, o senador Humberto Costa (CE) reconhece que 2024 “será complexo”, apesar de o partido ter voltado à Presidência com Lula. “Vamos definir uma meta ao mesmo tempo ousada e realista. Queremos eleger o maior número de prefeitos e vereadores possível”, afirmou.

De acordo com Rafael Cortez, da Tendências, o partido de Lula precisará fazer concessões na disputa mesmo com Lula no poder em um cenário de melhora nos indicadores econômicos. “A retomada da força política do PT enquanto organização ainda é mais lenta do que a emergência do lulismo como fenômeno político”, disse.

Em Belo Horizonte, o PT cogita lançar candidato próprio na disputa contra o prefeito Fuad Noman (PSD), nome forte para a reeleição e que apoiou Lula na eleição presidencial em 2022. O presidente do PT em Minas Gerais, Cristiano Silveira, reconhece o “gesto importante” de Fuad, mas diz que isso não significa alinhamento automático para 2024.

A participação de Lula nesse processo ainda não está definida, de acordo com Humberto Costa. Segundo o senador, o presidente não terá um papel ativo no cenário como um todo, apenas em contextos em que um envolvimento maior seja avaliado como necessário. “Mas isso nós vamos discutir com ele quando tivermos um quadro traçado. Vamos apresentá-lo e ouvir suas opiniões.”

Taxa de reeleição recorde em 2020

Em 2020, a taxa de reeleição de prefeitos foi recorde, a maior em 12 anos. Cerca de 65% dos prefeitos se mantiveram em seus cargos. Nas capitais, dez foram reeleitos, cinco deles no primeiro turno. Para Lavareda, do Ipespe, o cenário deve se repetir. “A alta taxa de reeleição deve ser uma tendência do atual ciclo político brasileiro.” Segundo ele, é cedo para dizer se o PT elegerá mais prefeitos com a volta de Lula à Presidência. “Não dá para prever ainda se o aumento, no próximo ano, vai acontecer nas capitais”, diz. / COLABOROU ZECA FERREIRA

Nomes cotados para capitais pelos partidos de Bolsonaro e Lula

  • Aracaju (SE): Sem nomes fortes do PL | Eliane Aquino (PT)
  • Belém (PA): Everaldo Eguchi (PL) | PT deve se aliar ao atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL)
  • Belo Horizonte (MG): Bruno Engler (PL) | Beatriz Cerqueira (PT) e Macaé Evaristo (PT)
  • Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL) | Camila Jara (PT)
  • Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL) | Rosa Neide (PT)
  • Curitiba (PR): Sem nomes fortes do PL | Arilson Chiorato (PT)
  • Florianópolis (SC): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Fortaleza (CE): Carmelo Neto (PL) | Luizianne Lins (PT)
  • Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL) | Adriana Accorsi (PT)
  • João Pessoa (PB): Cida Ramos (PT), Luciano Cartaxo (PT) e Marcus Henriques (PT) | Sem nomes fortes do PL
  • Macapá (AP): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Maceió (AL): JHC (PL) | Ronaldo Medeiros (PT) e Elida Miranda (PT)
  • Manaus (AM): Coronel Menezes (PL) | José Ricardo (PT)
  • Natal (RN): General Girão (PL) | Natalia Bonavides (PL)
  • Palmas (TO): Felipe Martins (PL) | Paulo Mourão (PT)
  • Porto Alegre (RS): Onyx Lorenzoni (PL) | Edegar Pretto (PT)
  • Porto Velho (RO): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Recife (PE): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Rio Branco (AC): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Rio de Janeiro (RJ): Walter Braga Netto (PL) e Eduardo Pazuello (PL) | PT deve apoiar atual prefeito Eduardo Paes (PSD)
  • Salvador (BA): João Roma (PL) | Maria Marighella (PT), Robinson Almeida (PT) e Vilma Reis (PT)
  • São Luís (MA): Sem nomes fortes do PL | Nome de Duarte Junior (PSB), considerado candidato do ministro Flavio Dino, deve ser apoiado pelo PT
  • São Paulo (SP): Marcos Pontes (PL). Bolsonaro deve manter alinhamento com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) | PT deve se associar a Guilherme Boulos (PSOL)
  • Teresina (PI): Sem nomes fortes do PL | Franzé Silva (PT)
  • Vitória (ES): Sem nomes fortes do PL | João Coser (PT)

Apesar de ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e estar inelegível até 2030, Jair Bolsonaro (PL) pretende usar o capital político nas eleições municipais de 2024 para reeleger aliados em capitais e ampliar o número de metrópoles comandadas pelo partido dele, o Partido Liberal (PL), que vê o ex-presidente como um ativo.

Ao menos dez dos prefeitos de capitais de diferentes partidos que devem tentar a reeleição se alinharam a Bolsonaro durante o mandato dele na Presidência. O PL hoje está à frente apenas de uma capital, em Maceió (AL), administrada pelo prefeito João Henrique Caldas, o JHC. A sigla cogita lançar 15 candidatos nas principais metrópoles do País.

Para analistas ouvidos pelo Estadão, Bolsonaro, mesmo inelegível, terá influência na disputa, sobretudo nas capitais, onde a tendência é que a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reproduza, com temas nacionais se sobrepondo a locais. De volta à Presidência, o PT tenta reverter o cenário de 2020, quando não elegeu nenhum prefeito nas 26 capitais.

“O nome da direita que for escolhido para rivalizar com o PT vai precisar dialogar e criar algum tipo de ponto com o bolsonarismo”, afirmou o cientista político Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria. Para ele, a agenda bolsonarista deve continuar pautando as próximas disputas eleitorais.

Os prefeitos aliados de Bolsonaro que pretendem disputar a reeleição se espalham por diferentes partidos, além do PL: PP e Republicanos, que integraram a base do Planalto na gestão passada, Avante e MDB, que ocupa ministérios no governo Lula.

Para sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, o mapa político da disputa presidencial de 2022 deve se repetir em 2024 nas capitais. “A votação do segundo turno do ano passado já pode dizer em quais cidades Jair Bolsonaro vai ter um peso muito grande”, afirmou Lavareda, que é presidente do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipesp).

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, em nota, que as estratégias para 2024 são “segredo de Estado.” Como mostrou o Estadão, porém, Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) agem para evitar a pulverização de candidaturas da direita, movimento que poderia favorecer o PT e aliados do presidente Lula.

Na quarta-feira, 26, Bolsonaro almoçou com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que busca apoio dos bolsonaristas para se tornar o nome da direita na disputa na capital paulista. “Não vou forçar ninguém a me apoiar. Estou fazendo o meu trabalho, procurando tornar uma cidade melhor, e aí deixar as pessoas terem sua decisão. Se vier o apoio, ótimo”, afirmou o prefeito.

Valdemar Costa Neto, Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes em reunião em junho Foto: Beto Barata/ PL

Presente no encontro, Valdemar, por sua vez, enfatizou a necessidade de Bolsonaro apoiar Nunes para fortalecer a candidatura do prefeito contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL). “Nós precisamos nos unir, fazer de tudo para trazer esses votos do Bolsonaro só para somar. Porque, se brincarmos aqui, vamos ter o Boulos de prefeito. E, na próxima eleição, ele (Boulos) será candidato a presidente do Brasil, com o dinheiro de São Paulo”, disse o dirigente do PL. “É evidente que ele (Bolsonaro) queria ter um prefeito em São Paulo. Ricardo, estou vendo que (você) vai ser o prefeito dele em São Paulo. É isso que nós precisamos trabalhar.”

Lavareda, no entanto, pondera sobre o poder da transferência de votos do ex-presidente para alguém fora de sua órbita política. “Bolsonaro dá mostras de entender que reconhece o peso do seu apoio, mas sabe que ele não é decisivo para a viabilização de uma candidatura”, afirmou.

No Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo, o ex-presidente já tem candidato no seu campo político, o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto (PL). Ele deverá ser o nome do bolsonarismo para disputar a eleição contra o prefeito Eduardo Paes (PSD), que deve ter o apoio do presidente Lula.

Entre os aliados de Lula nas capitais, seis nomes, distribuídos entre PSOL, PDT, PSD e PP, podem aproveitar a vitória do petista para tentar se manter no jogo com apoio do partido.

Mas não há garantia de que, em todos os casos, o PT estabeleça alianças num primeiro momento com nomes de fora da legenda. Em 2024, as cidades com mais de cem mil eleitores serão o foco principal do partido do presidente para lançar candidatos da sigla.

Lula e Eduardo Paes em evento no Rio em fevereiro Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

PT tenta virar o jogo

O Partido dos Trabalhadores deve lançar candidatos a prefeitos em ao menos 17 capitais, incluindo Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador, três dos cinco maiores colégios eleitorais do País – o partido tem uma federação com o PCdoB e o PV. Nas outras metrópoles, os petistas devem apoiar nomes de siglas esquerda, como o PSOL em São Paulo, ou até de partidos de centro-direita, como é o caso de Paes, no Rio.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, o senador Humberto Costa (CE) reconhece que 2024 “será complexo”, apesar de o partido ter voltado à Presidência com Lula. “Vamos definir uma meta ao mesmo tempo ousada e realista. Queremos eleger o maior número de prefeitos e vereadores possível”, afirmou.

De acordo com Rafael Cortez, da Tendências, o partido de Lula precisará fazer concessões na disputa mesmo com Lula no poder em um cenário de melhora nos indicadores econômicos. “A retomada da força política do PT enquanto organização ainda é mais lenta do que a emergência do lulismo como fenômeno político”, disse.

Em Belo Horizonte, o PT cogita lançar candidato próprio na disputa contra o prefeito Fuad Noman (PSD), nome forte para a reeleição e que apoiou Lula na eleição presidencial em 2022. O presidente do PT em Minas Gerais, Cristiano Silveira, reconhece o “gesto importante” de Fuad, mas diz que isso não significa alinhamento automático para 2024.

A participação de Lula nesse processo ainda não está definida, de acordo com Humberto Costa. Segundo o senador, o presidente não terá um papel ativo no cenário como um todo, apenas em contextos em que um envolvimento maior seja avaliado como necessário. “Mas isso nós vamos discutir com ele quando tivermos um quadro traçado. Vamos apresentá-lo e ouvir suas opiniões.”

Taxa de reeleição recorde em 2020

Em 2020, a taxa de reeleição de prefeitos foi recorde, a maior em 12 anos. Cerca de 65% dos prefeitos se mantiveram em seus cargos. Nas capitais, dez foram reeleitos, cinco deles no primeiro turno. Para Lavareda, do Ipespe, o cenário deve se repetir. “A alta taxa de reeleição deve ser uma tendência do atual ciclo político brasileiro.” Segundo ele, é cedo para dizer se o PT elegerá mais prefeitos com a volta de Lula à Presidência. “Não dá para prever ainda se o aumento, no próximo ano, vai acontecer nas capitais”, diz. / COLABOROU ZECA FERREIRA

Nomes cotados para capitais pelos partidos de Bolsonaro e Lula

  • Aracaju (SE): Sem nomes fortes do PL | Eliane Aquino (PT)
  • Belém (PA): Everaldo Eguchi (PL) | PT deve se aliar ao atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL)
  • Belo Horizonte (MG): Bruno Engler (PL) | Beatriz Cerqueira (PT) e Macaé Evaristo (PT)
  • Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL) | Camila Jara (PT)
  • Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL) | Rosa Neide (PT)
  • Curitiba (PR): Sem nomes fortes do PL | Arilson Chiorato (PT)
  • Florianópolis (SC): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Fortaleza (CE): Carmelo Neto (PL) | Luizianne Lins (PT)
  • Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL) | Adriana Accorsi (PT)
  • João Pessoa (PB): Cida Ramos (PT), Luciano Cartaxo (PT) e Marcus Henriques (PT) | Sem nomes fortes do PL
  • Macapá (AP): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Maceió (AL): JHC (PL) | Ronaldo Medeiros (PT) e Elida Miranda (PT)
  • Manaus (AM): Coronel Menezes (PL) | José Ricardo (PT)
  • Natal (RN): General Girão (PL) | Natalia Bonavides (PL)
  • Palmas (TO): Felipe Martins (PL) | Paulo Mourão (PT)
  • Porto Alegre (RS): Onyx Lorenzoni (PL) | Edegar Pretto (PT)
  • Porto Velho (RO): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Recife (PE): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Rio Branco (AC): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Rio de Janeiro (RJ): Walter Braga Netto (PL) e Eduardo Pazuello (PL) | PT deve apoiar atual prefeito Eduardo Paes (PSD)
  • Salvador (BA): João Roma (PL) | Maria Marighella (PT), Robinson Almeida (PT) e Vilma Reis (PT)
  • São Luís (MA): Sem nomes fortes do PL | Nome de Duarte Junior (PSB), considerado candidato do ministro Flavio Dino, deve ser apoiado pelo PT
  • São Paulo (SP): Marcos Pontes (PL). Bolsonaro deve manter alinhamento com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) | PT deve se associar a Guilherme Boulos (PSOL)
  • Teresina (PI): Sem nomes fortes do PL | Franzé Silva (PT)
  • Vitória (ES): Sem nomes fortes do PL | João Coser (PT)

Apesar de ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e estar inelegível até 2030, Jair Bolsonaro (PL) pretende usar o capital político nas eleições municipais de 2024 para reeleger aliados em capitais e ampliar o número de metrópoles comandadas pelo partido dele, o Partido Liberal (PL), que vê o ex-presidente como um ativo.

Ao menos dez dos prefeitos de capitais de diferentes partidos que devem tentar a reeleição se alinharam a Bolsonaro durante o mandato dele na Presidência. O PL hoje está à frente apenas de uma capital, em Maceió (AL), administrada pelo prefeito João Henrique Caldas, o JHC. A sigla cogita lançar 15 candidatos nas principais metrópoles do País.

Para analistas ouvidos pelo Estadão, Bolsonaro, mesmo inelegível, terá influência na disputa, sobretudo nas capitais, onde a tendência é que a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reproduza, com temas nacionais se sobrepondo a locais. De volta à Presidência, o PT tenta reverter o cenário de 2020, quando não elegeu nenhum prefeito nas 26 capitais.

“O nome da direita que for escolhido para rivalizar com o PT vai precisar dialogar e criar algum tipo de ponto com o bolsonarismo”, afirmou o cientista político Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria. Para ele, a agenda bolsonarista deve continuar pautando as próximas disputas eleitorais.

Os prefeitos aliados de Bolsonaro que pretendem disputar a reeleição se espalham por diferentes partidos, além do PL: PP e Republicanos, que integraram a base do Planalto na gestão passada, Avante e MDB, que ocupa ministérios no governo Lula.

Para sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, o mapa político da disputa presidencial de 2022 deve se repetir em 2024 nas capitais. “A votação do segundo turno do ano passado já pode dizer em quais cidades Jair Bolsonaro vai ter um peso muito grande”, afirmou Lavareda, que é presidente do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipesp).

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, em nota, que as estratégias para 2024 são “segredo de Estado.” Como mostrou o Estadão, porém, Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) agem para evitar a pulverização de candidaturas da direita, movimento que poderia favorecer o PT e aliados do presidente Lula.

Na quarta-feira, 26, Bolsonaro almoçou com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que busca apoio dos bolsonaristas para se tornar o nome da direita na disputa na capital paulista. “Não vou forçar ninguém a me apoiar. Estou fazendo o meu trabalho, procurando tornar uma cidade melhor, e aí deixar as pessoas terem sua decisão. Se vier o apoio, ótimo”, afirmou o prefeito.

Valdemar Costa Neto, Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes em reunião em junho Foto: Beto Barata/ PL

Presente no encontro, Valdemar, por sua vez, enfatizou a necessidade de Bolsonaro apoiar Nunes para fortalecer a candidatura do prefeito contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL). “Nós precisamos nos unir, fazer de tudo para trazer esses votos do Bolsonaro só para somar. Porque, se brincarmos aqui, vamos ter o Boulos de prefeito. E, na próxima eleição, ele (Boulos) será candidato a presidente do Brasil, com o dinheiro de São Paulo”, disse o dirigente do PL. “É evidente que ele (Bolsonaro) queria ter um prefeito em São Paulo. Ricardo, estou vendo que (você) vai ser o prefeito dele em São Paulo. É isso que nós precisamos trabalhar.”

Lavareda, no entanto, pondera sobre o poder da transferência de votos do ex-presidente para alguém fora de sua órbita política. “Bolsonaro dá mostras de entender que reconhece o peso do seu apoio, mas sabe que ele não é decisivo para a viabilização de uma candidatura”, afirmou.

No Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo, o ex-presidente já tem candidato no seu campo político, o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto (PL). Ele deverá ser o nome do bolsonarismo para disputar a eleição contra o prefeito Eduardo Paes (PSD), que deve ter o apoio do presidente Lula.

Entre os aliados de Lula nas capitais, seis nomes, distribuídos entre PSOL, PDT, PSD e PP, podem aproveitar a vitória do petista para tentar se manter no jogo com apoio do partido.

Mas não há garantia de que, em todos os casos, o PT estabeleça alianças num primeiro momento com nomes de fora da legenda. Em 2024, as cidades com mais de cem mil eleitores serão o foco principal do partido do presidente para lançar candidatos da sigla.

Lula e Eduardo Paes em evento no Rio em fevereiro Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

PT tenta virar o jogo

O Partido dos Trabalhadores deve lançar candidatos a prefeitos em ao menos 17 capitais, incluindo Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador, três dos cinco maiores colégios eleitorais do País – o partido tem uma federação com o PCdoB e o PV. Nas outras metrópoles, os petistas devem apoiar nomes de siglas esquerda, como o PSOL em São Paulo, ou até de partidos de centro-direita, como é o caso de Paes, no Rio.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, o senador Humberto Costa (CE) reconhece que 2024 “será complexo”, apesar de o partido ter voltado à Presidência com Lula. “Vamos definir uma meta ao mesmo tempo ousada e realista. Queremos eleger o maior número de prefeitos e vereadores possível”, afirmou.

De acordo com Rafael Cortez, da Tendências, o partido de Lula precisará fazer concessões na disputa mesmo com Lula no poder em um cenário de melhora nos indicadores econômicos. “A retomada da força política do PT enquanto organização ainda é mais lenta do que a emergência do lulismo como fenômeno político”, disse.

Em Belo Horizonte, o PT cogita lançar candidato próprio na disputa contra o prefeito Fuad Noman (PSD), nome forte para a reeleição e que apoiou Lula na eleição presidencial em 2022. O presidente do PT em Minas Gerais, Cristiano Silveira, reconhece o “gesto importante” de Fuad, mas diz que isso não significa alinhamento automático para 2024.

A participação de Lula nesse processo ainda não está definida, de acordo com Humberto Costa. Segundo o senador, o presidente não terá um papel ativo no cenário como um todo, apenas em contextos em que um envolvimento maior seja avaliado como necessário. “Mas isso nós vamos discutir com ele quando tivermos um quadro traçado. Vamos apresentá-lo e ouvir suas opiniões.”

Taxa de reeleição recorde em 2020

Em 2020, a taxa de reeleição de prefeitos foi recorde, a maior em 12 anos. Cerca de 65% dos prefeitos se mantiveram em seus cargos. Nas capitais, dez foram reeleitos, cinco deles no primeiro turno. Para Lavareda, do Ipespe, o cenário deve se repetir. “A alta taxa de reeleição deve ser uma tendência do atual ciclo político brasileiro.” Segundo ele, é cedo para dizer se o PT elegerá mais prefeitos com a volta de Lula à Presidência. “Não dá para prever ainda se o aumento, no próximo ano, vai acontecer nas capitais”, diz. / COLABOROU ZECA FERREIRA

Nomes cotados para capitais pelos partidos de Bolsonaro e Lula

  • Aracaju (SE): Sem nomes fortes do PL | Eliane Aquino (PT)
  • Belém (PA): Everaldo Eguchi (PL) | PT deve se aliar ao atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL)
  • Belo Horizonte (MG): Bruno Engler (PL) | Beatriz Cerqueira (PT) e Macaé Evaristo (PT)
  • Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL) | Camila Jara (PT)
  • Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL) | Rosa Neide (PT)
  • Curitiba (PR): Sem nomes fortes do PL | Arilson Chiorato (PT)
  • Florianópolis (SC): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Fortaleza (CE): Carmelo Neto (PL) | Luizianne Lins (PT)
  • Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL) | Adriana Accorsi (PT)
  • João Pessoa (PB): Cida Ramos (PT), Luciano Cartaxo (PT) e Marcus Henriques (PT) | Sem nomes fortes do PL
  • Macapá (AP): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Maceió (AL): JHC (PL) | Ronaldo Medeiros (PT) e Elida Miranda (PT)
  • Manaus (AM): Coronel Menezes (PL) | José Ricardo (PT)
  • Natal (RN): General Girão (PL) | Natalia Bonavides (PL)
  • Palmas (TO): Felipe Martins (PL) | Paulo Mourão (PT)
  • Porto Alegre (RS): Onyx Lorenzoni (PL) | Edegar Pretto (PT)
  • Porto Velho (RO): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Recife (PE): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Rio Branco (AC): Sem nomes fortes do PL ou PT
  • Rio de Janeiro (RJ): Walter Braga Netto (PL) e Eduardo Pazuello (PL) | PT deve apoiar atual prefeito Eduardo Paes (PSD)
  • Salvador (BA): João Roma (PL) | Maria Marighella (PT), Robinson Almeida (PT) e Vilma Reis (PT)
  • São Luís (MA): Sem nomes fortes do PL | Nome de Duarte Junior (PSB), considerado candidato do ministro Flavio Dino, deve ser apoiado pelo PT
  • São Paulo (SP): Marcos Pontes (PL). Bolsonaro deve manter alinhamento com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) | PT deve se associar a Guilherme Boulos (PSOL)
  • Teresina (PI): Sem nomes fortes do PL | Franzé Silva (PT)
  • Vitória (ES): Sem nomes fortes do PL | João Coser (PT)

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