Janones assume papel-chave de cabo eleitoral de Lula nas redes sociais


Após desistir da candidatura ao Palácio do Planalto, deputado já fez mais de 60 publicações com menções ao ex-presidente e somou 500 mil curtidas

Por Levy Teles

A partir da decisão de retirar sua candidatura para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto no início do mês, o deputado federal André Janones (Avante-MG) se tornou uma figura importante nas redes de apoio ao petista ao mobilizar a militância e exercer um antagonismo direto ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde o início de agosto, o parlamentar fez mais de 60 publicações que mencionavam Lula em seus perfis no Instagram, Facebook e Twitter - esse último é onde ele vem realizando mais esforços. Foram mais de 40 publicações desde então.

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Interlocutores da campanha de Lula afirmam que Janones atua de forma independente nas redes sociais, como colaborador, e não integra o núcleo formal de comunicação, que é coordenado por Edinho Silva e Rui Falcão. Janones, porém, tem falado regularmente com Lula e dado conselhos ao ex-presidente. O deputado foi procurado pelo Estadão e não respondeu aos pedidos de entrevista.

Na última semana, apontam dados levantados pelo Observatório de Conflitos na Internet, do professor Cláudio Penteado da Universidade Federal do ABC (UFABC), Janones lidera na soma de curtidas em suas publicações no Twitter em comparação com outros apoiadores de candidatos à Presidência de qualquer espectro político. Foram mais de 500 mil curtidas. Segundo colocado, o ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro, Adolfo Sachsida, teve pouco mais de 151 mil. A cantora Anitta, que também declarou apoio a Lula nos últimos meses, teve 115 mil.

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Pesquisa do Datafolha divulgada no final de julho mostrou que Janones tinha 1% das intenções de voto e que 37% dessas pessoas consideram Lula como a segunda opção. Bolsonaro ficou com 23% da preferência entre o público.

Uma das postagens feitas por Janones nos últimos dias com maior destaque foi na sexta-feira, 12, quando o parlamentar foi às redes sociais para dizer que a esquerda deveria mudar a linguagem para “conversar com os operários”. “Diferença entre Lula e Bolsonaro cai de 18 pra 9, com apenas 2 dias de auxílio em R$ 600,00. Ou a esquerda senta no chão da fábrica pra conversar com os operários ou já era. Detalhe: o chão da fábrica atualmente, são as redes sociais, em especial o Facebook”, publicou Janones.

O deputado fazia referência à pesquisa Genial/Quaest, divulgada na semana passada. Em Minas Gerais, Lula tem 42%, ante 33% de Bolsonaro. A pesquisa anterior apontava Lula com 46% e Bolsonaro, com 28%. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País, com 10,41% dos votos do País.

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Em outra publicação, o deputado argumentou que o PT deveria parar de usar alguns termos, como “renda mínima”, e substituí-los por uma linguagem mais popular.

Janones tem dado conselhos ao ex-presidente Lula sobre o uso das redes sociais Foto: MARCELO CHELLO/ESTADÃO

Engajamento

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Na avaliação de Lucas Prado, sócio da agência de publicidade Ative, que atua no setor político, a ideia de Janones em simplificar a comunicação da campanha petista faz sentido. “Um discurso limpo e reduzido funciona muito bem nas redes. Há até um certo apelo na retórica bolsonarista, que simplifica tanto o discurso que produz algo muito direto, reto, sem quase nenhuma subjetividade, mas que tem um objetivo claro: engajar imediatamente quem lê aquilo”, diz.

Fenômeno nas redes, Janones cresceu quase 1.000% em seguidores de 2019 para cá. As principais publicações que aconteceram no Facebook ao longo da pandemia envolveram o Auxílio Emergencial. Ele soma 26,5 milhões de engajamentos nas dez principais publicações na rede social — todas falam sobre o auxílio.

A aparição de Lula na sua página já gerou a segunda e a sexta publicações com mais engajamento na conta em 2022, com o anúncio do apoio (272,5 mil curtidas, 176,7 mil comentários e 54,9 mil compartilhamentos), e com a live feita no mesmo horário de uma entrevista de Bolsonaro (153 mil curtidas +154,1 comentários e 85,9 compartilhamentos).

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No Instagram, as publicações com Lula estão na primeira (81,2 mil curtidas e 14,6 mil comentários), segunda (72,5 mil curtidas e 11,7 mil comentários) e sexta posições (41,4 mil curtidas e 7,4 mil comentários) com maior engajamento. No Instagram, somam-se apenas curtidas e comentários.

Para Andressa Costa, doutoranda em Ciência Política na Universidade de Lisboa, em Portugal, e pesquisadora do Centro de Administração e Políticas Públicas, há uma oportunidade para a campanha petista em alcançar novos públicos. “Janones ficou grande no Facebook por causa do Auxílio Emergencial. O público tem muito interesse nessas pautas e a presença de Lula pode alcançar essas camadas, já que Janones consegue falar com esse público”, afirma.

Já Paulo Ramirez, cientista político e professor do curso de Ciências Sociais e Consumo da ESPM, acredita que a participação de Janones ajuda Lula a furar a bolha. “Isso aumenta a batalha de narrativas nas redes sociais, sendo que nas últimas eleições o bolsonarismo predominou de forma hegemônica”, diz.

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As postagens no Facebook ao lado de Lula, porém, mostram um espaço de divergência. No Facebook, principalmente, as duas lives feitas com Lula têm mais de 330 mil comentários — muitos deles de pessoas que se dizem desapontadas com o posicionamento e de bolsonaristas. / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

A partir da decisão de retirar sua candidatura para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto no início do mês, o deputado federal André Janones (Avante-MG) se tornou uma figura importante nas redes de apoio ao petista ao mobilizar a militância e exercer um antagonismo direto ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde o início de agosto, o parlamentar fez mais de 60 publicações que mencionavam Lula em seus perfis no Instagram, Facebook e Twitter - esse último é onde ele vem realizando mais esforços. Foram mais de 40 publicações desde então.

Interlocutores da campanha de Lula afirmam que Janones atua de forma independente nas redes sociais, como colaborador, e não integra o núcleo formal de comunicação, que é coordenado por Edinho Silva e Rui Falcão. Janones, porém, tem falado regularmente com Lula e dado conselhos ao ex-presidente. O deputado foi procurado pelo Estadão e não respondeu aos pedidos de entrevista.

Na última semana, apontam dados levantados pelo Observatório de Conflitos na Internet, do professor Cláudio Penteado da Universidade Federal do ABC (UFABC), Janones lidera na soma de curtidas em suas publicações no Twitter em comparação com outros apoiadores de candidatos à Presidência de qualquer espectro político. Foram mais de 500 mil curtidas. Segundo colocado, o ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro, Adolfo Sachsida, teve pouco mais de 151 mil. A cantora Anitta, que também declarou apoio a Lula nos últimos meses, teve 115 mil.

Pesquisa do Datafolha divulgada no final de julho mostrou que Janones tinha 1% das intenções de voto e que 37% dessas pessoas consideram Lula como a segunda opção. Bolsonaro ficou com 23% da preferência entre o público.

Uma das postagens feitas por Janones nos últimos dias com maior destaque foi na sexta-feira, 12, quando o parlamentar foi às redes sociais para dizer que a esquerda deveria mudar a linguagem para “conversar com os operários”. “Diferença entre Lula e Bolsonaro cai de 18 pra 9, com apenas 2 dias de auxílio em R$ 600,00. Ou a esquerda senta no chão da fábrica pra conversar com os operários ou já era. Detalhe: o chão da fábrica atualmente, são as redes sociais, em especial o Facebook”, publicou Janones.

O deputado fazia referência à pesquisa Genial/Quaest, divulgada na semana passada. Em Minas Gerais, Lula tem 42%, ante 33% de Bolsonaro. A pesquisa anterior apontava Lula com 46% e Bolsonaro, com 28%. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País, com 10,41% dos votos do País.

Em outra publicação, o deputado argumentou que o PT deveria parar de usar alguns termos, como “renda mínima”, e substituí-los por uma linguagem mais popular.

Janones tem dado conselhos ao ex-presidente Lula sobre o uso das redes sociais Foto: MARCELO CHELLO/ESTADÃO

Engajamento

Na avaliação de Lucas Prado, sócio da agência de publicidade Ative, que atua no setor político, a ideia de Janones em simplificar a comunicação da campanha petista faz sentido. “Um discurso limpo e reduzido funciona muito bem nas redes. Há até um certo apelo na retórica bolsonarista, que simplifica tanto o discurso que produz algo muito direto, reto, sem quase nenhuma subjetividade, mas que tem um objetivo claro: engajar imediatamente quem lê aquilo”, diz.

Fenômeno nas redes, Janones cresceu quase 1.000% em seguidores de 2019 para cá. As principais publicações que aconteceram no Facebook ao longo da pandemia envolveram o Auxílio Emergencial. Ele soma 26,5 milhões de engajamentos nas dez principais publicações na rede social — todas falam sobre o auxílio.

A aparição de Lula na sua página já gerou a segunda e a sexta publicações com mais engajamento na conta em 2022, com o anúncio do apoio (272,5 mil curtidas, 176,7 mil comentários e 54,9 mil compartilhamentos), e com a live feita no mesmo horário de uma entrevista de Bolsonaro (153 mil curtidas +154,1 comentários e 85,9 compartilhamentos).

No Instagram, as publicações com Lula estão na primeira (81,2 mil curtidas e 14,6 mil comentários), segunda (72,5 mil curtidas e 11,7 mil comentários) e sexta posições (41,4 mil curtidas e 7,4 mil comentários) com maior engajamento. No Instagram, somam-se apenas curtidas e comentários.

Para Andressa Costa, doutoranda em Ciência Política na Universidade de Lisboa, em Portugal, e pesquisadora do Centro de Administração e Políticas Públicas, há uma oportunidade para a campanha petista em alcançar novos públicos. “Janones ficou grande no Facebook por causa do Auxílio Emergencial. O público tem muito interesse nessas pautas e a presença de Lula pode alcançar essas camadas, já que Janones consegue falar com esse público”, afirma.

Já Paulo Ramirez, cientista político e professor do curso de Ciências Sociais e Consumo da ESPM, acredita que a participação de Janones ajuda Lula a furar a bolha. “Isso aumenta a batalha de narrativas nas redes sociais, sendo que nas últimas eleições o bolsonarismo predominou de forma hegemônica”, diz.

As postagens no Facebook ao lado de Lula, porém, mostram um espaço de divergência. No Facebook, principalmente, as duas lives feitas com Lula têm mais de 330 mil comentários — muitos deles de pessoas que se dizem desapontadas com o posicionamento e de bolsonaristas. / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

A partir da decisão de retirar sua candidatura para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto no início do mês, o deputado federal André Janones (Avante-MG) se tornou uma figura importante nas redes de apoio ao petista ao mobilizar a militância e exercer um antagonismo direto ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde o início de agosto, o parlamentar fez mais de 60 publicações que mencionavam Lula em seus perfis no Instagram, Facebook e Twitter - esse último é onde ele vem realizando mais esforços. Foram mais de 40 publicações desde então.

Interlocutores da campanha de Lula afirmam que Janones atua de forma independente nas redes sociais, como colaborador, e não integra o núcleo formal de comunicação, que é coordenado por Edinho Silva e Rui Falcão. Janones, porém, tem falado regularmente com Lula e dado conselhos ao ex-presidente. O deputado foi procurado pelo Estadão e não respondeu aos pedidos de entrevista.

Na última semana, apontam dados levantados pelo Observatório de Conflitos na Internet, do professor Cláudio Penteado da Universidade Federal do ABC (UFABC), Janones lidera na soma de curtidas em suas publicações no Twitter em comparação com outros apoiadores de candidatos à Presidência de qualquer espectro político. Foram mais de 500 mil curtidas. Segundo colocado, o ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro, Adolfo Sachsida, teve pouco mais de 151 mil. A cantora Anitta, que também declarou apoio a Lula nos últimos meses, teve 115 mil.

Pesquisa do Datafolha divulgada no final de julho mostrou que Janones tinha 1% das intenções de voto e que 37% dessas pessoas consideram Lula como a segunda opção. Bolsonaro ficou com 23% da preferência entre o público.

Uma das postagens feitas por Janones nos últimos dias com maior destaque foi na sexta-feira, 12, quando o parlamentar foi às redes sociais para dizer que a esquerda deveria mudar a linguagem para “conversar com os operários”. “Diferença entre Lula e Bolsonaro cai de 18 pra 9, com apenas 2 dias de auxílio em R$ 600,00. Ou a esquerda senta no chão da fábrica pra conversar com os operários ou já era. Detalhe: o chão da fábrica atualmente, são as redes sociais, em especial o Facebook”, publicou Janones.

O deputado fazia referência à pesquisa Genial/Quaest, divulgada na semana passada. Em Minas Gerais, Lula tem 42%, ante 33% de Bolsonaro. A pesquisa anterior apontava Lula com 46% e Bolsonaro, com 28%. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País, com 10,41% dos votos do País.

Em outra publicação, o deputado argumentou que o PT deveria parar de usar alguns termos, como “renda mínima”, e substituí-los por uma linguagem mais popular.

Janones tem dado conselhos ao ex-presidente Lula sobre o uso das redes sociais Foto: MARCELO CHELLO/ESTADÃO

Engajamento

Na avaliação de Lucas Prado, sócio da agência de publicidade Ative, que atua no setor político, a ideia de Janones em simplificar a comunicação da campanha petista faz sentido. “Um discurso limpo e reduzido funciona muito bem nas redes. Há até um certo apelo na retórica bolsonarista, que simplifica tanto o discurso que produz algo muito direto, reto, sem quase nenhuma subjetividade, mas que tem um objetivo claro: engajar imediatamente quem lê aquilo”, diz.

Fenômeno nas redes, Janones cresceu quase 1.000% em seguidores de 2019 para cá. As principais publicações que aconteceram no Facebook ao longo da pandemia envolveram o Auxílio Emergencial. Ele soma 26,5 milhões de engajamentos nas dez principais publicações na rede social — todas falam sobre o auxílio.

A aparição de Lula na sua página já gerou a segunda e a sexta publicações com mais engajamento na conta em 2022, com o anúncio do apoio (272,5 mil curtidas, 176,7 mil comentários e 54,9 mil compartilhamentos), e com a live feita no mesmo horário de uma entrevista de Bolsonaro (153 mil curtidas +154,1 comentários e 85,9 compartilhamentos).

No Instagram, as publicações com Lula estão na primeira (81,2 mil curtidas e 14,6 mil comentários), segunda (72,5 mil curtidas e 11,7 mil comentários) e sexta posições (41,4 mil curtidas e 7,4 mil comentários) com maior engajamento. No Instagram, somam-se apenas curtidas e comentários.

Para Andressa Costa, doutoranda em Ciência Política na Universidade de Lisboa, em Portugal, e pesquisadora do Centro de Administração e Políticas Públicas, há uma oportunidade para a campanha petista em alcançar novos públicos. “Janones ficou grande no Facebook por causa do Auxílio Emergencial. O público tem muito interesse nessas pautas e a presença de Lula pode alcançar essas camadas, já que Janones consegue falar com esse público”, afirma.

Já Paulo Ramirez, cientista político e professor do curso de Ciências Sociais e Consumo da ESPM, acredita que a participação de Janones ajuda Lula a furar a bolha. “Isso aumenta a batalha de narrativas nas redes sociais, sendo que nas últimas eleições o bolsonarismo predominou de forma hegemônica”, diz.

As postagens no Facebook ao lado de Lula, porém, mostram um espaço de divergência. No Facebook, principalmente, as duas lives feitas com Lula têm mais de 330 mil comentários — muitos deles de pessoas que se dizem desapontadas com o posicionamento e de bolsonaristas. / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

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