O presidente Lula segue na sua permanente estratégia de atribuir à imprensaparcialidade na cobertura da campanha presidencial.
É uma linha política que procura defender um jornalismo acrítico como referência de uma imprensa ideal - aquela descritiva, que não contextualiza o fato.
Ideal para todos os governos e desonesta com o leitor/eleitor. Uma imprensa que não falasse de mensalão e que em nome de um tratamento isonômico desconhecesse os pesos diferentes dos candidatos.
E dentre os candidatos de peso, desconhecesse o peso adicional do apoio presidencial a uma candidata e que fizesse vista grossa às transgressões conscientes da legislação eleitoral.
Que adotasse o seu discurso, que inverte as responsabilidades num caso como o dossiê contra José Serra, abatido ainda no nascedouro.
Segundo Lula, o PSDB abaixa o nível da campanha ao denunciar o dossiê, quando "jogo sujo" é produzir um dossiê.
Mas tudo isso é pontual: o que o Presidente faz ao semear esse discurso é fortalecer a idéia de que apóia as iniciativas censórias que emergem das facções radicais do PT, que ele diz controlar.
Leva a crer que o controle da mídia não é apenas delírio de aloprados incrustados na máquina petista, como disse certa vez, mas um sentimento comum a partido e a governo.
Com potencial de numa eventual vitória de sua candidata, tornar-se pauta oficial numa linha chavista de cerco à liberdade de informação.