O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Áudios sobre golpe sugerem ação orquestrada de militares contra a democracia


Troca de mensagens indicam que conspiradores que apoiavam Bolsonaro tentaram envolver seus superiores na trama

Por João Gabriel de Lima

Uma reportagem de Marcelo Godoy publicada nesta semana no Estadão revelou o incômodo da cúpula do Exército com os militares bolsonaristas suspeitos de tramar um golpe contra a democracia. Segundo Godoy, que possui inúmeras fontes no meio fardado, generais usam a palavra “deslealdade” para se referir aos acusados de golpismo. “Deslealdade” é um eufemismo para “traição” – a maior das desonras para um militar.

Multiplicam-se as evidências que apontam para uma ação orquestrada. A Polícia Federal se debruça sobre o caso – e trechos do relatório dos investigadores foram publicados nesta semana pelo jornal O Globo. Áudios e mensagens trocados entre militares mencionam uma certa “operação” – segundo a PF, “um codinome para a execução de um golpe de Estado, que culminaria na tomada de poder pelas Forças Armadas brasileiras”. De acordo com o relatório, “o plano descrito pelo interlocutor incluía a prática de abolição violenta do estado democrático de direito”.

Ailton Barros e o ex-presidente Jair Bolsonaro durante campanha de 2022; ex-major tramou um golpe de Estado em troca de mensagem com coronel, revelam áudios Foto: Carl de Souza/AFP
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“De fato houve uma tentativa de golpe, isso agora está muito claro, não apenas pelo 8 de janeiro, mas por tudo o que foi descoberto desde então”, diz o cientista político Octavio Amorim Neto, professor titular da Fundação Getulio Vargas e um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Ele acaba de lançar o livro New studies in civil-military relations and defense policy in Brazil, e é o entrevistado do minipodcast da semana.

Amorim Neto diz que as evidências de golpe não surpreendem os analistas, que alertaram para a excessiva presença fardada no governo Bolsonaro. “Colocar militares no centro de um regime democrático é instalar a ameaça de uso da força física como base para se fazer política”, afirma. “Isso parecia ambíguo no início do governo, e no final se tornou explícito, como vimos no 8 de janeiro. Era uma tragédia anunciada.”

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Segundo o relatório da PF, os militares suspeitos de golpismo queriam que o ex-presidente Jair Bolsonaro continuasse na Presidência após a “operação”. Bolsonaro é investigado por incitação aos atos de vandalismo no 8 de janeiro. Em depoimento nesta semana, o ex-presidente negou ter orientado “qualquer ato de subversão ou insurreição”.

Nos áudios e mensagens, os conspiradores tentam envolver seus superiores na trama – e não conseguem. “Sinal de que há generais, almirantes e brigadeiros com um forte sentido de legalismo, de constitucionalismo e de respeito à democracia”, diz Amorim Neto.

As investigações irão prosseguir. Esclarecer os fatos, identificar os crimes e punir os culpados é fundamental para que a tragédia anunciada não se repita.

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Para saber mais

Minipodcast com Octavio Amorim Neto

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Ouça entrevista com cientista político e professor da FGV

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Livro New studies in civil-military relations and defence policy in Brazil, de Octavio Amorim Neto

Reportagem de Marcelo Godoy no Estadão sobre o mal-estar no meio militar

Depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro publicado pelo Estadão

Uma reportagem de Marcelo Godoy publicada nesta semana no Estadão revelou o incômodo da cúpula do Exército com os militares bolsonaristas suspeitos de tramar um golpe contra a democracia. Segundo Godoy, que possui inúmeras fontes no meio fardado, generais usam a palavra “deslealdade” para se referir aos acusados de golpismo. “Deslealdade” é um eufemismo para “traição” – a maior das desonras para um militar.

Multiplicam-se as evidências que apontam para uma ação orquestrada. A Polícia Federal se debruça sobre o caso – e trechos do relatório dos investigadores foram publicados nesta semana pelo jornal O Globo. Áudios e mensagens trocados entre militares mencionam uma certa “operação” – segundo a PF, “um codinome para a execução de um golpe de Estado, que culminaria na tomada de poder pelas Forças Armadas brasileiras”. De acordo com o relatório, “o plano descrito pelo interlocutor incluía a prática de abolição violenta do estado democrático de direito”.

Ailton Barros e o ex-presidente Jair Bolsonaro durante campanha de 2022; ex-major tramou um golpe de Estado em troca de mensagem com coronel, revelam áudios Foto: Carl de Souza/AFP

“De fato houve uma tentativa de golpe, isso agora está muito claro, não apenas pelo 8 de janeiro, mas por tudo o que foi descoberto desde então”, diz o cientista político Octavio Amorim Neto, professor titular da Fundação Getulio Vargas e um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Ele acaba de lançar o livro New studies in civil-military relations and defense policy in Brazil, e é o entrevistado do minipodcast da semana.

Amorim Neto diz que as evidências de golpe não surpreendem os analistas, que alertaram para a excessiva presença fardada no governo Bolsonaro. “Colocar militares no centro de um regime democrático é instalar a ameaça de uso da força física como base para se fazer política”, afirma. “Isso parecia ambíguo no início do governo, e no final se tornou explícito, como vimos no 8 de janeiro. Era uma tragédia anunciada.”

Segundo o relatório da PF, os militares suspeitos de golpismo queriam que o ex-presidente Jair Bolsonaro continuasse na Presidência após a “operação”. Bolsonaro é investigado por incitação aos atos de vandalismo no 8 de janeiro. Em depoimento nesta semana, o ex-presidente negou ter orientado “qualquer ato de subversão ou insurreição”.

Nos áudios e mensagens, os conspiradores tentam envolver seus superiores na trama – e não conseguem. “Sinal de que há generais, almirantes e brigadeiros com um forte sentido de legalismo, de constitucionalismo e de respeito à democracia”, diz Amorim Neto.

As investigações irão prosseguir. Esclarecer os fatos, identificar os crimes e punir os culpados é fundamental para que a tragédia anunciada não se repita.

Para saber mais

Minipodcast com Octavio Amorim Neto

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Livro New studies in civil-military relations and defence policy in Brazil, de Octavio Amorim Neto

Reportagem de Marcelo Godoy no Estadão sobre o mal-estar no meio militar

Depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro publicado pelo Estadão

Uma reportagem de Marcelo Godoy publicada nesta semana no Estadão revelou o incômodo da cúpula do Exército com os militares bolsonaristas suspeitos de tramar um golpe contra a democracia. Segundo Godoy, que possui inúmeras fontes no meio fardado, generais usam a palavra “deslealdade” para se referir aos acusados de golpismo. “Deslealdade” é um eufemismo para “traição” – a maior das desonras para um militar.

Multiplicam-se as evidências que apontam para uma ação orquestrada. A Polícia Federal se debruça sobre o caso – e trechos do relatório dos investigadores foram publicados nesta semana pelo jornal O Globo. Áudios e mensagens trocados entre militares mencionam uma certa “operação” – segundo a PF, “um codinome para a execução de um golpe de Estado, que culminaria na tomada de poder pelas Forças Armadas brasileiras”. De acordo com o relatório, “o plano descrito pelo interlocutor incluía a prática de abolição violenta do estado democrático de direito”.

Ailton Barros e o ex-presidente Jair Bolsonaro durante campanha de 2022; ex-major tramou um golpe de Estado em troca de mensagem com coronel, revelam áudios Foto: Carl de Souza/AFP

“De fato houve uma tentativa de golpe, isso agora está muito claro, não apenas pelo 8 de janeiro, mas por tudo o que foi descoberto desde então”, diz o cientista político Octavio Amorim Neto, professor titular da Fundação Getulio Vargas e um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Ele acaba de lançar o livro New studies in civil-military relations and defense policy in Brazil, e é o entrevistado do minipodcast da semana.

Amorim Neto diz que as evidências de golpe não surpreendem os analistas, que alertaram para a excessiva presença fardada no governo Bolsonaro. “Colocar militares no centro de um regime democrático é instalar a ameaça de uso da força física como base para se fazer política”, afirma. “Isso parecia ambíguo no início do governo, e no final se tornou explícito, como vimos no 8 de janeiro. Era uma tragédia anunciada.”

Segundo o relatório da PF, os militares suspeitos de golpismo queriam que o ex-presidente Jair Bolsonaro continuasse na Presidência após a “operação”. Bolsonaro é investigado por incitação aos atos de vandalismo no 8 de janeiro. Em depoimento nesta semana, o ex-presidente negou ter orientado “qualquer ato de subversão ou insurreição”.

Nos áudios e mensagens, os conspiradores tentam envolver seus superiores na trama – e não conseguem. “Sinal de que há generais, almirantes e brigadeiros com um forte sentido de legalismo, de constitucionalismo e de respeito à democracia”, diz Amorim Neto.

As investigações irão prosseguir. Esclarecer os fatos, identificar os crimes e punir os culpados é fundamental para que a tragédia anunciada não se repita.

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Minipodcast com Octavio Amorim Neto

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Livro New studies in civil-military relations and defence policy in Brazil, de Octavio Amorim Neto

Reportagem de Marcelo Godoy no Estadão sobre o mal-estar no meio militar

Depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro publicado pelo Estadão

Uma reportagem de Marcelo Godoy publicada nesta semana no Estadão revelou o incômodo da cúpula do Exército com os militares bolsonaristas suspeitos de tramar um golpe contra a democracia. Segundo Godoy, que possui inúmeras fontes no meio fardado, generais usam a palavra “deslealdade” para se referir aos acusados de golpismo. “Deslealdade” é um eufemismo para “traição” – a maior das desonras para um militar.

Multiplicam-se as evidências que apontam para uma ação orquestrada. A Polícia Federal se debruça sobre o caso – e trechos do relatório dos investigadores foram publicados nesta semana pelo jornal O Globo. Áudios e mensagens trocados entre militares mencionam uma certa “operação” – segundo a PF, “um codinome para a execução de um golpe de Estado, que culminaria na tomada de poder pelas Forças Armadas brasileiras”. De acordo com o relatório, “o plano descrito pelo interlocutor incluía a prática de abolição violenta do estado democrático de direito”.

Ailton Barros e o ex-presidente Jair Bolsonaro durante campanha de 2022; ex-major tramou um golpe de Estado em troca de mensagem com coronel, revelam áudios Foto: Carl de Souza/AFP

“De fato houve uma tentativa de golpe, isso agora está muito claro, não apenas pelo 8 de janeiro, mas por tudo o que foi descoberto desde então”, diz o cientista político Octavio Amorim Neto, professor titular da Fundação Getulio Vargas e um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Ele acaba de lançar o livro New studies in civil-military relations and defense policy in Brazil, e é o entrevistado do minipodcast da semana.

Amorim Neto diz que as evidências de golpe não surpreendem os analistas, que alertaram para a excessiva presença fardada no governo Bolsonaro. “Colocar militares no centro de um regime democrático é instalar a ameaça de uso da força física como base para se fazer política”, afirma. “Isso parecia ambíguo no início do governo, e no final se tornou explícito, como vimos no 8 de janeiro. Era uma tragédia anunciada.”

Segundo o relatório da PF, os militares suspeitos de golpismo queriam que o ex-presidente Jair Bolsonaro continuasse na Presidência após a “operação”. Bolsonaro é investigado por incitação aos atos de vandalismo no 8 de janeiro. Em depoimento nesta semana, o ex-presidente negou ter orientado “qualquer ato de subversão ou insurreição”.

Nos áudios e mensagens, os conspiradores tentam envolver seus superiores na trama – e não conseguem. “Sinal de que há generais, almirantes e brigadeiros com um forte sentido de legalismo, de constitucionalismo e de respeito à democracia”, diz Amorim Neto.

As investigações irão prosseguir. Esclarecer os fatos, identificar os crimes e punir os culpados é fundamental para que a tragédia anunciada não se repita.

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Depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro publicado pelo Estadão

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