As eleições espanholas serão neste domingo, dia 23, e o país ferve com a temperatura do pleito, tórrida como os termômetros de Madri. Numa campanha marcada por teorias conspiratórias e “fake news”, joga-se não apenas o destino de um país, mas também um lance fundamental para o xadrez político do continente.
“É preciso olhar para a situação da União Europeia como um todo, ainda mais quando pensamos nas eleições para o Parlamento Europeu no ano que vem”, diz o jornalista Miguel González, do diário El País. Ele é autor de um livro de referência sobre o Vox, partido da direita radical espanhola, e é entrevistado no minipodcast da semana.
O Parlamento Europeu se divide hoje em três forças principais, que espelham a política interna dos países. A direita, representada em Bruxelas por uma federação de “partidos populares” (EPP). A esquerda, que no Parlamento Europeu se reúne num grupo de siglas “socialistas e democráticas” (S&D). E o que os cientistas políticos chamam de ultradireita, cuja principal federação é a dos “conservadores e reformistas” (ECR).
Quando se olha para os cinco países mais populosos da União Europeia, nota-se como a ultradireita vem desalojando a direita tradicional – embora esta última ainda seja majoritária no Parlamento Europeu. Alemanha e Espanha têm governos socialistas, o francês Emmanuel Macron lidera uma federação de partidos “de centro” – e Itália e Polônia estão nas mãos dos radicais da ECR.
Nas eleições espanholas, as pesquisas apontam para uma disputa renhida entre o Partido Popular e os socialistas, com vantagem para o primeiro. A principal expectativa, no entanto, é o que irá acontecer com o Vox, o representante da ultradireita.
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As pesquisas apontam para três cenários. Uma vitória do PP com larga margem, próxima da maioria absoluta. Uma vitória dos socialistas com margem apertada – eles formariam o governo com pequenas siglas de uma esquerda fragmentada. Ou, o cenário mais inquietante, uma vitória apertada do PP – que, nesta hipótese, teria que compor com o Vox para poder governar.
Neste caso, três dos cinco países mais populosos da Europa teriam a ultradireita no governo. “Isso pode ter reflexos nas eleições continentais e mudar todo o projeto europeu, incluindo o combate à mudança climática, algo que teria repercussão mundial”, diz González.
Num mundo interligado do ponto de vista político – a União Europeia é o experimento mais avançado de integração –, as eleições em um país alteram o jogo em vários outros. Por isso é tão importante ficar de olho, neste domingo, nas notícias que vêm da tórrida Madri.
Para saber mais
Minipodcast com Miguel González
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Ouça entrevista com jornalista do El País