O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Eleição na Espanha expõe dilema da direita europeia: a aliança com os radicais


Partido Popular surge como favorito no pleito nacional, mas espanhóis se perguntam se partido vai ser devorado pelos extremistas do Vox

Por João Gabriel de Lima

O Partido Popular, de direita, foi o grande vitorioso nas eleições regionais espanholas que ocorreram no domingo, dia 28. Venceu na capital Madri e em redutos da esquerda, como Sevilha e Valência. O PP emerge, assim, como o grande favorito nas eleições nacionais previstas para julho. Os espanhóis se perguntam: em caso de vitória, o PP irá se aliar ao Vox, o raivoso partido da direita radical espanhola, que também vem ganhando peso eleitoral?

Trata-se do dilema central da direita europeia, segundo escreveu Soledad Gallego-Díaz, ex-diretora do jornal El País. Ela lembra que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nascida e criada na democracia cristã alemã, repudia qualquer acordo com extremistas. Conservadores como ela temem ser devorados por radicais – a italiana Giorgia Meloni e a francesa Marine Le Pen dizimaram a direita moderada em seus países. Em sua coluna, Gallego-Díaz cita um verso do cantor australiano Nick Cave: “Quem janta com canibais pode acabar comido”.

Santiago Abascal, líder do Vox, discursa a apoiadores em Madri, em 2022; partido radical de direita ganha peso em eleições Foto: JAVIER SORIANO / AFP - 19/3/2022
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Não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de democracia. Partidos extremistas ou radicais que chegam a governos contribuem para a deterioração dos regimes de liberdade. “A qualidade da democracia é um conceito complexo, que tem várias dimensões: a eleitoral, a liberal, a participativa, a deliberativa e a igualitária”, diz o cientista político Marcelo Camerlo, presidente do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa. Ele é o entrevistado no minipodcast da semana.

De todas essas dimensões, as mais estratégicas são a eleitoral e a liberal. “O programa mínimo é a realização de eleições justas, competitivas e recorrentes”, diz Camerlo, que acaba de organizar um livro sobre a democracia em Portugal (eu fiz parte da equipe de editores). Quando não cumprem esse requisito mínimo, os países deixam de ser democráticos. É o caso da Venezuela – daí o constrangimento internacional quando Lula disse, nesta semana, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, era vítima de “preconceito”.

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A dimensão liberal se refere aos direitos civis e liberdades individuais. Partidos radicais e extremistas – como o Vox, o Lei e Justiça polonês ou o Fidesz húngaro – atentam, em maior ou menor medida, contra direitos de imigrantes, mulheres e refugiados. Quando estão no poder, como Fidesz e Lei e Justiça, acossam jornalistas. Quando estão na oposição, como o Vox, exercitam as presas criando teorias conspiratórias contra a imprensa.

Os canibais que são convidados para o banquete não comem apenas os que se aliam a eles. Na sobremesa, devoram a própria democracia.

Para saber mais

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Minipodcast com Marcelo Camerlo

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Ouça entrevista com cientista político e presidente do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa

Livro “Democracia em Portugal”, organizado por Marcelo Camerlo, David Pimenta, João Gabriel de Lima e Lúcio Hanenberg

O Partido Popular, de direita, foi o grande vitorioso nas eleições regionais espanholas que ocorreram no domingo, dia 28. Venceu na capital Madri e em redutos da esquerda, como Sevilha e Valência. O PP emerge, assim, como o grande favorito nas eleições nacionais previstas para julho. Os espanhóis se perguntam: em caso de vitória, o PP irá se aliar ao Vox, o raivoso partido da direita radical espanhola, que também vem ganhando peso eleitoral?

Trata-se do dilema central da direita europeia, segundo escreveu Soledad Gallego-Díaz, ex-diretora do jornal El País. Ela lembra que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nascida e criada na democracia cristã alemã, repudia qualquer acordo com extremistas. Conservadores como ela temem ser devorados por radicais – a italiana Giorgia Meloni e a francesa Marine Le Pen dizimaram a direita moderada em seus países. Em sua coluna, Gallego-Díaz cita um verso do cantor australiano Nick Cave: “Quem janta com canibais pode acabar comido”.

Santiago Abascal, líder do Vox, discursa a apoiadores em Madri, em 2022; partido radical de direita ganha peso em eleições Foto: JAVIER SORIANO / AFP - 19/3/2022

Não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de democracia. Partidos extremistas ou radicais que chegam a governos contribuem para a deterioração dos regimes de liberdade. “A qualidade da democracia é um conceito complexo, que tem várias dimensões: a eleitoral, a liberal, a participativa, a deliberativa e a igualitária”, diz o cientista político Marcelo Camerlo, presidente do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa. Ele é o entrevistado no minipodcast da semana.

De todas essas dimensões, as mais estratégicas são a eleitoral e a liberal. “O programa mínimo é a realização de eleições justas, competitivas e recorrentes”, diz Camerlo, que acaba de organizar um livro sobre a democracia em Portugal (eu fiz parte da equipe de editores). Quando não cumprem esse requisito mínimo, os países deixam de ser democráticos. É o caso da Venezuela – daí o constrangimento internacional quando Lula disse, nesta semana, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, era vítima de “preconceito”.

A dimensão liberal se refere aos direitos civis e liberdades individuais. Partidos radicais e extremistas – como o Vox, o Lei e Justiça polonês ou o Fidesz húngaro – atentam, em maior ou menor medida, contra direitos de imigrantes, mulheres e refugiados. Quando estão no poder, como Fidesz e Lei e Justiça, acossam jornalistas. Quando estão na oposição, como o Vox, exercitam as presas criando teorias conspiratórias contra a imprensa.

Os canibais que são convidados para o banquete não comem apenas os que se aliam a eles. Na sobremesa, devoram a própria democracia.

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Livro “Democracia em Portugal”, organizado por Marcelo Camerlo, David Pimenta, João Gabriel de Lima e Lúcio Hanenberg

O Partido Popular, de direita, foi o grande vitorioso nas eleições regionais espanholas que ocorreram no domingo, dia 28. Venceu na capital Madri e em redutos da esquerda, como Sevilha e Valência. O PP emerge, assim, como o grande favorito nas eleições nacionais previstas para julho. Os espanhóis se perguntam: em caso de vitória, o PP irá se aliar ao Vox, o raivoso partido da direita radical espanhola, que também vem ganhando peso eleitoral?

Trata-se do dilema central da direita europeia, segundo escreveu Soledad Gallego-Díaz, ex-diretora do jornal El País. Ela lembra que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nascida e criada na democracia cristã alemã, repudia qualquer acordo com extremistas. Conservadores como ela temem ser devorados por radicais – a italiana Giorgia Meloni e a francesa Marine Le Pen dizimaram a direita moderada em seus países. Em sua coluna, Gallego-Díaz cita um verso do cantor australiano Nick Cave: “Quem janta com canibais pode acabar comido”.

Santiago Abascal, líder do Vox, discursa a apoiadores em Madri, em 2022; partido radical de direita ganha peso em eleições Foto: JAVIER SORIANO / AFP - 19/3/2022

Não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de democracia. Partidos extremistas ou radicais que chegam a governos contribuem para a deterioração dos regimes de liberdade. “A qualidade da democracia é um conceito complexo, que tem várias dimensões: a eleitoral, a liberal, a participativa, a deliberativa e a igualitária”, diz o cientista político Marcelo Camerlo, presidente do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa. Ele é o entrevistado no minipodcast da semana.

De todas essas dimensões, as mais estratégicas são a eleitoral e a liberal. “O programa mínimo é a realização de eleições justas, competitivas e recorrentes”, diz Camerlo, que acaba de organizar um livro sobre a democracia em Portugal (eu fiz parte da equipe de editores). Quando não cumprem esse requisito mínimo, os países deixam de ser democráticos. É o caso da Venezuela – daí o constrangimento internacional quando Lula disse, nesta semana, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, era vítima de “preconceito”.

A dimensão liberal se refere aos direitos civis e liberdades individuais. Partidos radicais e extremistas – como o Vox, o Lei e Justiça polonês ou o Fidesz húngaro – atentam, em maior ou menor medida, contra direitos de imigrantes, mulheres e refugiados. Quando estão no poder, como Fidesz e Lei e Justiça, acossam jornalistas. Quando estão na oposição, como o Vox, exercitam as presas criando teorias conspiratórias contra a imprensa.

Os canibais que são convidados para o banquete não comem apenas os que se aliam a eles. Na sobremesa, devoram a própria democracia.

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Livro “Democracia em Portugal”, organizado por Marcelo Camerlo, David Pimenta, João Gabriel de Lima e Lúcio Hanenberg

O Partido Popular, de direita, foi o grande vitorioso nas eleições regionais espanholas que ocorreram no domingo, dia 28. Venceu na capital Madri e em redutos da esquerda, como Sevilha e Valência. O PP emerge, assim, como o grande favorito nas eleições nacionais previstas para julho. Os espanhóis se perguntam: em caso de vitória, o PP irá se aliar ao Vox, o raivoso partido da direita radical espanhola, que também vem ganhando peso eleitoral?

Trata-se do dilema central da direita europeia, segundo escreveu Soledad Gallego-Díaz, ex-diretora do jornal El País. Ela lembra que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nascida e criada na democracia cristã alemã, repudia qualquer acordo com extremistas. Conservadores como ela temem ser devorados por radicais – a italiana Giorgia Meloni e a francesa Marine Le Pen dizimaram a direita moderada em seus países. Em sua coluna, Gallego-Díaz cita um verso do cantor australiano Nick Cave: “Quem janta com canibais pode acabar comido”.

Santiago Abascal, líder do Vox, discursa a apoiadores em Madri, em 2022; partido radical de direita ganha peso em eleições Foto: JAVIER SORIANO / AFP - 19/3/2022

Não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de democracia. Partidos extremistas ou radicais que chegam a governos contribuem para a deterioração dos regimes de liberdade. “A qualidade da democracia é um conceito complexo, que tem várias dimensões: a eleitoral, a liberal, a participativa, a deliberativa e a igualitária”, diz o cientista político Marcelo Camerlo, presidente do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa. Ele é o entrevistado no minipodcast da semana.

De todas essas dimensões, as mais estratégicas são a eleitoral e a liberal. “O programa mínimo é a realização de eleições justas, competitivas e recorrentes”, diz Camerlo, que acaba de organizar um livro sobre a democracia em Portugal (eu fiz parte da equipe de editores). Quando não cumprem esse requisito mínimo, os países deixam de ser democráticos. É o caso da Venezuela – daí o constrangimento internacional quando Lula disse, nesta semana, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, era vítima de “preconceito”.

A dimensão liberal se refere aos direitos civis e liberdades individuais. Partidos radicais e extremistas – como o Vox, o Lei e Justiça polonês ou o Fidesz húngaro – atentam, em maior ou menor medida, contra direitos de imigrantes, mulheres e refugiados. Quando estão no poder, como Fidesz e Lei e Justiça, acossam jornalistas. Quando estão na oposição, como o Vox, exercitam as presas criando teorias conspiratórias contra a imprensa.

Os canibais que são convidados para o banquete não comem apenas os que se aliam a eles. Na sobremesa, devoram a própria democracia.

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Livro “Democracia em Portugal”, organizado por Marcelo Camerlo, David Pimenta, João Gabriel de Lima e Lúcio Hanenberg

O Partido Popular, de direita, foi o grande vitorioso nas eleições regionais espanholas que ocorreram no domingo, dia 28. Venceu na capital Madri e em redutos da esquerda, como Sevilha e Valência. O PP emerge, assim, como o grande favorito nas eleições nacionais previstas para julho. Os espanhóis se perguntam: em caso de vitória, o PP irá se aliar ao Vox, o raivoso partido da direita radical espanhola, que também vem ganhando peso eleitoral?

Trata-se do dilema central da direita europeia, segundo escreveu Soledad Gallego-Díaz, ex-diretora do jornal El País. Ela lembra que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nascida e criada na democracia cristã alemã, repudia qualquer acordo com extremistas. Conservadores como ela temem ser devorados por radicais – a italiana Giorgia Meloni e a francesa Marine Le Pen dizimaram a direita moderada em seus países. Em sua coluna, Gallego-Díaz cita um verso do cantor australiano Nick Cave: “Quem janta com canibais pode acabar comido”.

Santiago Abascal, líder do Vox, discursa a apoiadores em Madri, em 2022; partido radical de direita ganha peso em eleições Foto: JAVIER SORIANO / AFP - 19/3/2022

Não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de democracia. Partidos extremistas ou radicais que chegam a governos contribuem para a deterioração dos regimes de liberdade. “A qualidade da democracia é um conceito complexo, que tem várias dimensões: a eleitoral, a liberal, a participativa, a deliberativa e a igualitária”, diz o cientista político Marcelo Camerlo, presidente do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa. Ele é o entrevistado no minipodcast da semana.

De todas essas dimensões, as mais estratégicas são a eleitoral e a liberal. “O programa mínimo é a realização de eleições justas, competitivas e recorrentes”, diz Camerlo, que acaba de organizar um livro sobre a democracia em Portugal (eu fiz parte da equipe de editores). Quando não cumprem esse requisito mínimo, os países deixam de ser democráticos. É o caso da Venezuela – daí o constrangimento internacional quando Lula disse, nesta semana, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, era vítima de “preconceito”.

A dimensão liberal se refere aos direitos civis e liberdades individuais. Partidos radicais e extremistas – como o Vox, o Lei e Justiça polonês ou o Fidesz húngaro – atentam, em maior ou menor medida, contra direitos de imigrantes, mulheres e refugiados. Quando estão no poder, como Fidesz e Lei e Justiça, acossam jornalistas. Quando estão na oposição, como o Vox, exercitam as presas criando teorias conspiratórias contra a imprensa.

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