O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Kemal Kilicdaroglu é a esperança dos turcos que anseiam por um governo minimamente normal


Vitória do oposicionista, porém, não é certa, e Erdogan pode ganhar a ‘eleição mais importante do ano’ apesar dos indicadores catastróficos

Por João Gabriel de Lima

Na primavera, a vida noturna da Rua Istklal e a movida cultural do bairro de Kadikoy atingem seu pico. A maioria dos moradores de Istambul, metrópole vibrante encravada entre a Europa e a Ásia, deverá votar neste domingo, 28, contra Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais turcas. “Quem perde Istambul perde a Turquia”, disse certa vez Erdogan. Talvez, no entanto, ele esteja errado – infelizmente.

Apesar dos indicadores catastróficos – mais de 80% de inflação anual, derretimento da lira turca e negligência do governo num terremoto que deixou 50 mil mortos –, a vitória do oposicionista Kemal Kilicdaroglu não é certa. As pesquisas preveem equilíbrio no segundo turno entre ambos, na eleição que a revista britânica The Economist define como “a mais importante do ano”, pela oportunidade de apear um governante despótico de uma das mais populosas democracias do planeta.

O que explica o equilíbrio? “Parte da população da Turquia ainda acredita no mito do governante forte e autoritário”, diz o sociólogo português José Duarte Ribeiro, que mora em Ancara e trabalha como pesquisador para a Universidade de Lisboa. “Nas áreas mais pobres, mesmo as atingidas pelo terremoto, Erdogan ainda lidera.” Duarte Ribeiro é o entrevistado no minipodcast da semana.

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O candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu; Turquia vai às urnas neste domingo, 28 Foto: Ali Unal/AP - 12/2023

“A Turquia tem vários jornalistas presos, além de artistas e humoristas, e é um dos países com o maior índice de feminicídios e crimes passionais”, diz o sociólogo. Sob Erdogan, a Turquia saiu da Convenção de Istambul, tratado que prevê a proteção dos direitos das mulheres e o combate à violência doméstica. Uma lei autoritária prevê a prisão dos que criticam o presidente de forma que ele considere “ofensiva”.

Erdogan destruiu as instituições democráticas do país e extinguiu o cargo de primeiro-ministro para concentrar mais poder na presidência. Kilicdaroglu promete fortalecer o parlamento, libertar os presos políticos e restabelecer os direitos civis.

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O candidato da oposição é frequentemente comparado a Joe Biden. É um político de 74 anos, bem votado entre a elite liberal de Istambul e Ancara e suave no trato – a não ser quando sobe o tom por razões pragmáticas, como fez na semana passada ao falar contra os imigrantes de olho no voto dos nacionalistas. A bravata repercutiu mal na imprensa ocidental.

Foi um arreganho imperdoável, mas, mesmo assim, Kilicdaroglu é a esperança dos turcos que anseiam por um governo minimamente normal. Seus comícios são embalados por uma canção do popstar Levent Yuksel cujo refrão diz: “A primavera voltará”. Se ele ganhar, os bares da Istklal e os cafés de Kadikoy ficarão ainda mais cheios.

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Para saber mais

Minipodcast com José Duarte Ribeiro

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Ouça entrevista com sociólogo português

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Reportagem da revista The Economist sobre “a eleição mais importante do ano”

Na primavera, a vida noturna da Rua Istklal e a movida cultural do bairro de Kadikoy atingem seu pico. A maioria dos moradores de Istambul, metrópole vibrante encravada entre a Europa e a Ásia, deverá votar neste domingo, 28, contra Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais turcas. “Quem perde Istambul perde a Turquia”, disse certa vez Erdogan. Talvez, no entanto, ele esteja errado – infelizmente.

Apesar dos indicadores catastróficos – mais de 80% de inflação anual, derretimento da lira turca e negligência do governo num terremoto que deixou 50 mil mortos –, a vitória do oposicionista Kemal Kilicdaroglu não é certa. As pesquisas preveem equilíbrio no segundo turno entre ambos, na eleição que a revista britânica The Economist define como “a mais importante do ano”, pela oportunidade de apear um governante despótico de uma das mais populosas democracias do planeta.

O que explica o equilíbrio? “Parte da população da Turquia ainda acredita no mito do governante forte e autoritário”, diz o sociólogo português José Duarte Ribeiro, que mora em Ancara e trabalha como pesquisador para a Universidade de Lisboa. “Nas áreas mais pobres, mesmo as atingidas pelo terremoto, Erdogan ainda lidera.” Duarte Ribeiro é o entrevistado no minipodcast da semana.

O candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu; Turquia vai às urnas neste domingo, 28 Foto: Ali Unal/AP - 12/2023

“A Turquia tem vários jornalistas presos, além de artistas e humoristas, e é um dos países com o maior índice de feminicídios e crimes passionais”, diz o sociólogo. Sob Erdogan, a Turquia saiu da Convenção de Istambul, tratado que prevê a proteção dos direitos das mulheres e o combate à violência doméstica. Uma lei autoritária prevê a prisão dos que criticam o presidente de forma que ele considere “ofensiva”.

Erdogan destruiu as instituições democráticas do país e extinguiu o cargo de primeiro-ministro para concentrar mais poder na presidência. Kilicdaroglu promete fortalecer o parlamento, libertar os presos políticos e restabelecer os direitos civis.

O candidato da oposição é frequentemente comparado a Joe Biden. É um político de 74 anos, bem votado entre a elite liberal de Istambul e Ancara e suave no trato – a não ser quando sobe o tom por razões pragmáticas, como fez na semana passada ao falar contra os imigrantes de olho no voto dos nacionalistas. A bravata repercutiu mal na imprensa ocidental.

Foi um arreganho imperdoável, mas, mesmo assim, Kilicdaroglu é a esperança dos turcos que anseiam por um governo minimamente normal. Seus comícios são embalados por uma canção do popstar Levent Yuksel cujo refrão diz: “A primavera voltará”. Se ele ganhar, os bares da Istklal e os cafés de Kadikoy ficarão ainda mais cheios.

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Minipodcast com José Duarte Ribeiro

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Reportagem da revista The Economist sobre “a eleição mais importante do ano”

Na primavera, a vida noturna da Rua Istklal e a movida cultural do bairro de Kadikoy atingem seu pico. A maioria dos moradores de Istambul, metrópole vibrante encravada entre a Europa e a Ásia, deverá votar neste domingo, 28, contra Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais turcas. “Quem perde Istambul perde a Turquia”, disse certa vez Erdogan. Talvez, no entanto, ele esteja errado – infelizmente.

Apesar dos indicadores catastróficos – mais de 80% de inflação anual, derretimento da lira turca e negligência do governo num terremoto que deixou 50 mil mortos –, a vitória do oposicionista Kemal Kilicdaroglu não é certa. As pesquisas preveem equilíbrio no segundo turno entre ambos, na eleição que a revista britânica The Economist define como “a mais importante do ano”, pela oportunidade de apear um governante despótico de uma das mais populosas democracias do planeta.

O que explica o equilíbrio? “Parte da população da Turquia ainda acredita no mito do governante forte e autoritário”, diz o sociólogo português José Duarte Ribeiro, que mora em Ancara e trabalha como pesquisador para a Universidade de Lisboa. “Nas áreas mais pobres, mesmo as atingidas pelo terremoto, Erdogan ainda lidera.” Duarte Ribeiro é o entrevistado no minipodcast da semana.

O candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu; Turquia vai às urnas neste domingo, 28 Foto: Ali Unal/AP - 12/2023

“A Turquia tem vários jornalistas presos, além de artistas e humoristas, e é um dos países com o maior índice de feminicídios e crimes passionais”, diz o sociólogo. Sob Erdogan, a Turquia saiu da Convenção de Istambul, tratado que prevê a proteção dos direitos das mulheres e o combate à violência doméstica. Uma lei autoritária prevê a prisão dos que criticam o presidente de forma que ele considere “ofensiva”.

Erdogan destruiu as instituições democráticas do país e extinguiu o cargo de primeiro-ministro para concentrar mais poder na presidência. Kilicdaroglu promete fortalecer o parlamento, libertar os presos políticos e restabelecer os direitos civis.

O candidato da oposição é frequentemente comparado a Joe Biden. É um político de 74 anos, bem votado entre a elite liberal de Istambul e Ancara e suave no trato – a não ser quando sobe o tom por razões pragmáticas, como fez na semana passada ao falar contra os imigrantes de olho no voto dos nacionalistas. A bravata repercutiu mal na imprensa ocidental.

Foi um arreganho imperdoável, mas, mesmo assim, Kilicdaroglu é a esperança dos turcos que anseiam por um governo minimamente normal. Seus comícios são embalados por uma canção do popstar Levent Yuksel cujo refrão diz: “A primavera voltará”. Se ele ganhar, os bares da Istklal e os cafés de Kadikoy ficarão ainda mais cheios.

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Reportagem da revista The Economist sobre “a eleição mais importante do ano”

Na primavera, a vida noturna da Rua Istklal e a movida cultural do bairro de Kadikoy atingem seu pico. A maioria dos moradores de Istambul, metrópole vibrante encravada entre a Europa e a Ásia, deverá votar neste domingo, 28, contra Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais turcas. “Quem perde Istambul perde a Turquia”, disse certa vez Erdogan. Talvez, no entanto, ele esteja errado – infelizmente.

Apesar dos indicadores catastróficos – mais de 80% de inflação anual, derretimento da lira turca e negligência do governo num terremoto que deixou 50 mil mortos –, a vitória do oposicionista Kemal Kilicdaroglu não é certa. As pesquisas preveem equilíbrio no segundo turno entre ambos, na eleição que a revista britânica The Economist define como “a mais importante do ano”, pela oportunidade de apear um governante despótico de uma das mais populosas democracias do planeta.

O que explica o equilíbrio? “Parte da população da Turquia ainda acredita no mito do governante forte e autoritário”, diz o sociólogo português José Duarte Ribeiro, que mora em Ancara e trabalha como pesquisador para a Universidade de Lisboa. “Nas áreas mais pobres, mesmo as atingidas pelo terremoto, Erdogan ainda lidera.” Duarte Ribeiro é o entrevistado no minipodcast da semana.

O candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu; Turquia vai às urnas neste domingo, 28 Foto: Ali Unal/AP - 12/2023

“A Turquia tem vários jornalistas presos, além de artistas e humoristas, e é um dos países com o maior índice de feminicídios e crimes passionais”, diz o sociólogo. Sob Erdogan, a Turquia saiu da Convenção de Istambul, tratado que prevê a proteção dos direitos das mulheres e o combate à violência doméstica. Uma lei autoritária prevê a prisão dos que criticam o presidente de forma que ele considere “ofensiva”.

Erdogan destruiu as instituições democráticas do país e extinguiu o cargo de primeiro-ministro para concentrar mais poder na presidência. Kilicdaroglu promete fortalecer o parlamento, libertar os presos políticos e restabelecer os direitos civis.

O candidato da oposição é frequentemente comparado a Joe Biden. É um político de 74 anos, bem votado entre a elite liberal de Istambul e Ancara e suave no trato – a não ser quando sobe o tom por razões pragmáticas, como fez na semana passada ao falar contra os imigrantes de olho no voto dos nacionalistas. A bravata repercutiu mal na imprensa ocidental.

Foi um arreganho imperdoável, mas, mesmo assim, Kilicdaroglu é a esperança dos turcos que anseiam por um governo minimamente normal. Seus comícios são embalados por uma canção do popstar Levent Yuksel cujo refrão diz: “A primavera voltará”. Se ele ganhar, os bares da Istklal e os cafés de Kadikoy ficarão ainda mais cheios.

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Na primavera, a vida noturna da Rua Istklal e a movida cultural do bairro de Kadikoy atingem seu pico. A maioria dos moradores de Istambul, metrópole vibrante encravada entre a Europa e a Ásia, deverá votar neste domingo, 28, contra Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais turcas. “Quem perde Istambul perde a Turquia”, disse certa vez Erdogan. Talvez, no entanto, ele esteja errado – infelizmente.

Apesar dos indicadores catastróficos – mais de 80% de inflação anual, derretimento da lira turca e negligência do governo num terremoto que deixou 50 mil mortos –, a vitória do oposicionista Kemal Kilicdaroglu não é certa. As pesquisas preveem equilíbrio no segundo turno entre ambos, na eleição que a revista britânica The Economist define como “a mais importante do ano”, pela oportunidade de apear um governante despótico de uma das mais populosas democracias do planeta.

O que explica o equilíbrio? “Parte da população da Turquia ainda acredita no mito do governante forte e autoritário”, diz o sociólogo português José Duarte Ribeiro, que mora em Ancara e trabalha como pesquisador para a Universidade de Lisboa. “Nas áreas mais pobres, mesmo as atingidas pelo terremoto, Erdogan ainda lidera.” Duarte Ribeiro é o entrevistado no minipodcast da semana.

O candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu; Turquia vai às urnas neste domingo, 28 Foto: Ali Unal/AP - 12/2023

“A Turquia tem vários jornalistas presos, além de artistas e humoristas, e é um dos países com o maior índice de feminicídios e crimes passionais”, diz o sociólogo. Sob Erdogan, a Turquia saiu da Convenção de Istambul, tratado que prevê a proteção dos direitos das mulheres e o combate à violência doméstica. Uma lei autoritária prevê a prisão dos que criticam o presidente de forma que ele considere “ofensiva”.

Erdogan destruiu as instituições democráticas do país e extinguiu o cargo de primeiro-ministro para concentrar mais poder na presidência. Kilicdaroglu promete fortalecer o parlamento, libertar os presos políticos e restabelecer os direitos civis.

O candidato da oposição é frequentemente comparado a Joe Biden. É um político de 74 anos, bem votado entre a elite liberal de Istambul e Ancara e suave no trato – a não ser quando sobe o tom por razões pragmáticas, como fez na semana passada ao falar contra os imigrantes de olho no voto dos nacionalistas. A bravata repercutiu mal na imprensa ocidental.

Foi um arreganho imperdoável, mas, mesmo assim, Kilicdaroglu é a esperança dos turcos que anseiam por um governo minimamente normal. Seus comícios são embalados por uma canção do popstar Levent Yuksel cujo refrão diz: “A primavera voltará”. Se ele ganhar, os bares da Istklal e os cafés de Kadikoy ficarão ainda mais cheios.

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