O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Orçamento é mais usado para pagar políticos do que para financiar políticas públicas


Livro de cientista político argentino afirma que presidencialismo de coalizão brasileiro praticamente inviabiliza reformas

Por João Gabriel de Lima

Numa cena clássica da série The Newsroom, o âncora de TV Will McAvoy resume os Estados Unidos em números. “Somos líderes apenas em três categorias: presidiários per capita, gastos militares e porcentagem da população que acredita em anjos”, diz McAvoy em debate numa universidade. O tom provocativo assusta a aluna que havia perguntado de forma singela: “Por que somos o melhor país do mundo?”

E se McAvoy, personagem inesquecível interpretado por Jeff Daniels, fosse instado a falar do Brasil? Poderia responder: “É o quinto país do mundo em superfície e oitavo em população, mas não está entre as dez maiores economias do mundo. Na América do Sul, representa a metade de tudo: superfície, população e economia. Destaca-se por sua maravilhosa cultura e estatísticas ruins: apenas 1% do comércio internacional e 15% dos homicídios globais”.

Presidencialismo de coalizão exige articulação entre Executivo e Legislativo para aprovação de pautas  Foto: Wilton Junior/Estadão
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Esses dados estão num dos verbetes sobre o Brasil incluídos no Dicionário Arbitrário de Política, de Andrés Malamud, um dos principais cientistas políticos argentinos. Ele é presença constante na mídia de seu país pelo poder de síntese, clareza de pensamento e humor afiado – qualidades que transporta para o livro, recém-lançado na Argentina e que pode ser comprado pela internet.

No livro, Malamud diz que o presidencialismo de coalizão brasileiro não impede que o país seja governável, mas praticamente inviabiliza reformas. “Brasil, Argentina, México e Estados Unidos são federações de Estados com sistema presidencialista, mas só o Brasil combina isso com uma alta fragmentação partidária, o que exige do presidente poder de negociação de primeiro-ministro europeu”, disse Malamud em entrevista ao minipodcast da semana. No livro, ele resume nosso dilema numa frase: o orçamento brasileiro é usado mais para pagar políticos do que para financiar políticas.

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Os insights sobre o Brasil, factuais como a fala de McAvoy, nos fazem pensar que poderíamos estar falando sobre modelos de desenvolvimento, papel do Brasil no mundo e em como tornar o País mais “reformável”. Em vez disso, discutimos bobagens como o risco de Lula transformar o Brasil numa “nação comunista”.

Novamente Malamud vem em nosso socorro – com fatos. “Nem com Lula nem com Dilma o Brasil constituiu governos de esquerda: tratava-se de um partido de esquerda liderando governos de fragmentos”, diz num verbete. Em outro, define comunismo: “Sistema de ideias e governo que desconfia do indivíduo. Sua implementação produziu milhares de mortos. Insulto favorito de fascistas e ignorantes”.

O debate público brasileiro tem muito a ganhar se superar a ignorância e abraçar os fatos.

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Para saber mais

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Ouça entrevista com o cientista político e pesquisador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Numa cena clássica da série The Newsroom, o âncora de TV Will McAvoy resume os Estados Unidos em números. “Somos líderes apenas em três categorias: presidiários per capita, gastos militares e porcentagem da população que acredita em anjos”, diz McAvoy em debate numa universidade. O tom provocativo assusta a aluna que havia perguntado de forma singela: “Por que somos o melhor país do mundo?”

E se McAvoy, personagem inesquecível interpretado por Jeff Daniels, fosse instado a falar do Brasil? Poderia responder: “É o quinto país do mundo em superfície e oitavo em população, mas não está entre as dez maiores economias do mundo. Na América do Sul, representa a metade de tudo: superfície, população e economia. Destaca-se por sua maravilhosa cultura e estatísticas ruins: apenas 1% do comércio internacional e 15% dos homicídios globais”.

Presidencialismo de coalizão exige articulação entre Executivo e Legislativo para aprovação de pautas  Foto: Wilton Junior/Estadão

Esses dados estão num dos verbetes sobre o Brasil incluídos no Dicionário Arbitrário de Política, de Andrés Malamud, um dos principais cientistas políticos argentinos. Ele é presença constante na mídia de seu país pelo poder de síntese, clareza de pensamento e humor afiado – qualidades que transporta para o livro, recém-lançado na Argentina e que pode ser comprado pela internet.

No livro, Malamud diz que o presidencialismo de coalizão brasileiro não impede que o país seja governável, mas praticamente inviabiliza reformas. “Brasil, Argentina, México e Estados Unidos são federações de Estados com sistema presidencialista, mas só o Brasil combina isso com uma alta fragmentação partidária, o que exige do presidente poder de negociação de primeiro-ministro europeu”, disse Malamud em entrevista ao minipodcast da semana. No livro, ele resume nosso dilema numa frase: o orçamento brasileiro é usado mais para pagar políticos do que para financiar políticas.

Os insights sobre o Brasil, factuais como a fala de McAvoy, nos fazem pensar que poderíamos estar falando sobre modelos de desenvolvimento, papel do Brasil no mundo e em como tornar o País mais “reformável”. Em vez disso, discutimos bobagens como o risco de Lula transformar o Brasil numa “nação comunista”.

Novamente Malamud vem em nosso socorro – com fatos. “Nem com Lula nem com Dilma o Brasil constituiu governos de esquerda: tratava-se de um partido de esquerda liderando governos de fragmentos”, diz num verbete. Em outro, define comunismo: “Sistema de ideias e governo que desconfia do indivíduo. Sua implementação produziu milhares de mortos. Insulto favorito de fascistas e ignorantes”.

O debate público brasileiro tem muito a ganhar se superar a ignorância e abraçar os fatos.

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Numa cena clássica da série The Newsroom, o âncora de TV Will McAvoy resume os Estados Unidos em números. “Somos líderes apenas em três categorias: presidiários per capita, gastos militares e porcentagem da população que acredita em anjos”, diz McAvoy em debate numa universidade. O tom provocativo assusta a aluna que havia perguntado de forma singela: “Por que somos o melhor país do mundo?”

E se McAvoy, personagem inesquecível interpretado por Jeff Daniels, fosse instado a falar do Brasil? Poderia responder: “É o quinto país do mundo em superfície e oitavo em população, mas não está entre as dez maiores economias do mundo. Na América do Sul, representa a metade de tudo: superfície, população e economia. Destaca-se por sua maravilhosa cultura e estatísticas ruins: apenas 1% do comércio internacional e 15% dos homicídios globais”.

Presidencialismo de coalizão exige articulação entre Executivo e Legislativo para aprovação de pautas  Foto: Wilton Junior/Estadão

Esses dados estão num dos verbetes sobre o Brasil incluídos no Dicionário Arbitrário de Política, de Andrés Malamud, um dos principais cientistas políticos argentinos. Ele é presença constante na mídia de seu país pelo poder de síntese, clareza de pensamento e humor afiado – qualidades que transporta para o livro, recém-lançado na Argentina e que pode ser comprado pela internet.

No livro, Malamud diz que o presidencialismo de coalizão brasileiro não impede que o país seja governável, mas praticamente inviabiliza reformas. “Brasil, Argentina, México e Estados Unidos são federações de Estados com sistema presidencialista, mas só o Brasil combina isso com uma alta fragmentação partidária, o que exige do presidente poder de negociação de primeiro-ministro europeu”, disse Malamud em entrevista ao minipodcast da semana. No livro, ele resume nosso dilema numa frase: o orçamento brasileiro é usado mais para pagar políticos do que para financiar políticas.

Os insights sobre o Brasil, factuais como a fala de McAvoy, nos fazem pensar que poderíamos estar falando sobre modelos de desenvolvimento, papel do Brasil no mundo e em como tornar o País mais “reformável”. Em vez disso, discutimos bobagens como o risco de Lula transformar o Brasil numa “nação comunista”.

Novamente Malamud vem em nosso socorro – com fatos. “Nem com Lula nem com Dilma o Brasil constituiu governos de esquerda: tratava-se de um partido de esquerda liderando governos de fragmentos”, diz num verbete. Em outro, define comunismo: “Sistema de ideias e governo que desconfia do indivíduo. Sua implementação produziu milhares de mortos. Insulto favorito de fascistas e ignorantes”.

O debate público brasileiro tem muito a ganhar se superar a ignorância e abraçar os fatos.

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Numa cena clássica da série The Newsroom, o âncora de TV Will McAvoy resume os Estados Unidos em números. “Somos líderes apenas em três categorias: presidiários per capita, gastos militares e porcentagem da população que acredita em anjos”, diz McAvoy em debate numa universidade. O tom provocativo assusta a aluna que havia perguntado de forma singela: “Por que somos o melhor país do mundo?”

E se McAvoy, personagem inesquecível interpretado por Jeff Daniels, fosse instado a falar do Brasil? Poderia responder: “É o quinto país do mundo em superfície e oitavo em população, mas não está entre as dez maiores economias do mundo. Na América do Sul, representa a metade de tudo: superfície, população e economia. Destaca-se por sua maravilhosa cultura e estatísticas ruins: apenas 1% do comércio internacional e 15% dos homicídios globais”.

Presidencialismo de coalizão exige articulação entre Executivo e Legislativo para aprovação de pautas  Foto: Wilton Junior/Estadão

Esses dados estão num dos verbetes sobre o Brasil incluídos no Dicionário Arbitrário de Política, de Andrés Malamud, um dos principais cientistas políticos argentinos. Ele é presença constante na mídia de seu país pelo poder de síntese, clareza de pensamento e humor afiado – qualidades que transporta para o livro, recém-lançado na Argentina e que pode ser comprado pela internet.

No livro, Malamud diz que o presidencialismo de coalizão brasileiro não impede que o país seja governável, mas praticamente inviabiliza reformas. “Brasil, Argentina, México e Estados Unidos são federações de Estados com sistema presidencialista, mas só o Brasil combina isso com uma alta fragmentação partidária, o que exige do presidente poder de negociação de primeiro-ministro europeu”, disse Malamud em entrevista ao minipodcast da semana. No livro, ele resume nosso dilema numa frase: o orçamento brasileiro é usado mais para pagar políticos do que para financiar políticas.

Os insights sobre o Brasil, factuais como a fala de McAvoy, nos fazem pensar que poderíamos estar falando sobre modelos de desenvolvimento, papel do Brasil no mundo e em como tornar o País mais “reformável”. Em vez disso, discutimos bobagens como o risco de Lula transformar o Brasil numa “nação comunista”.

Novamente Malamud vem em nosso socorro – com fatos. “Nem com Lula nem com Dilma o Brasil constituiu governos de esquerda: tratava-se de um partido de esquerda liderando governos de fragmentos”, diz num verbete. Em outro, define comunismo: “Sistema de ideias e governo que desconfia do indivíduo. Sua implementação produziu milhares de mortos. Insulto favorito de fascistas e ignorantes”.

O debate público brasileiro tem muito a ganhar se superar a ignorância e abraçar os fatos.

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Numa cena clássica da série The Newsroom, o âncora de TV Will McAvoy resume os Estados Unidos em números. “Somos líderes apenas em três categorias: presidiários per capita, gastos militares e porcentagem da população que acredita em anjos”, diz McAvoy em debate numa universidade. O tom provocativo assusta a aluna que havia perguntado de forma singela: “Por que somos o melhor país do mundo?”

E se McAvoy, personagem inesquecível interpretado por Jeff Daniels, fosse instado a falar do Brasil? Poderia responder: “É o quinto país do mundo em superfície e oitavo em população, mas não está entre as dez maiores economias do mundo. Na América do Sul, representa a metade de tudo: superfície, população e economia. Destaca-se por sua maravilhosa cultura e estatísticas ruins: apenas 1% do comércio internacional e 15% dos homicídios globais”.

Presidencialismo de coalizão exige articulação entre Executivo e Legislativo para aprovação de pautas  Foto: Wilton Junior/Estadão

Esses dados estão num dos verbetes sobre o Brasil incluídos no Dicionário Arbitrário de Política, de Andrés Malamud, um dos principais cientistas políticos argentinos. Ele é presença constante na mídia de seu país pelo poder de síntese, clareza de pensamento e humor afiado – qualidades que transporta para o livro, recém-lançado na Argentina e que pode ser comprado pela internet.

No livro, Malamud diz que o presidencialismo de coalizão brasileiro não impede que o país seja governável, mas praticamente inviabiliza reformas. “Brasil, Argentina, México e Estados Unidos são federações de Estados com sistema presidencialista, mas só o Brasil combina isso com uma alta fragmentação partidária, o que exige do presidente poder de negociação de primeiro-ministro europeu”, disse Malamud em entrevista ao minipodcast da semana. No livro, ele resume nosso dilema numa frase: o orçamento brasileiro é usado mais para pagar políticos do que para financiar políticas.

Os insights sobre o Brasil, factuais como a fala de McAvoy, nos fazem pensar que poderíamos estar falando sobre modelos de desenvolvimento, papel do Brasil no mundo e em como tornar o País mais “reformável”. Em vez disso, discutimos bobagens como o risco de Lula transformar o Brasil numa “nação comunista”.

Novamente Malamud vem em nosso socorro – com fatos. “Nem com Lula nem com Dilma o Brasil constituiu governos de esquerda: tratava-se de um partido de esquerda liderando governos de fragmentos”, diz num verbete. Em outro, define comunismo: “Sistema de ideias e governo que desconfia do indivíduo. Sua implementação produziu milhares de mortos. Insulto favorito de fascistas e ignorantes”.

O debate público brasileiro tem muito a ganhar se superar a ignorância e abraçar os fatos.

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