O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Um encontro das águas no deserto


O que falta é que as propostas cheguem à única instância em que é possível resolver os problemas: a política

Por João Gabriel de Lima

Poucos países têm tantos problemas quanto o Brasil. Mas se há um problema que não temos é a falta de conhecimento sobre nossos problemas. Quase todas as grandes questões brasileiras estão mapeadas, equacionadas e quantificadas. O que falta, na maioria das vezes, é que as propostas e soluções cheguem à única instância em que é realmente possível resolver os problemas: a política.

Duas palestras durante a COP-27 dão um vislumbre do que pode ser o Brasil quando a teoria gestada na academia encontra a prática do dia a dia dos governos. Um debate no Brazil Climate Action Hub, o movimentado pavilhão da sociedade civil, apresentou as principais conclusões do Projeto Amazônia 2030 – a associação de cientistas de renome internacional que se debruçou sobre os diversos aspectos da maior floresta tropical do mundo.

As evidências mostram que é possível concentrar a maior parte das atividades econômicas na área já desmatada, sem cortar uma única árvore a mais. Foto: Bruno Kelly/Reuters
continua após a publicidade

Para os cientistas, não existe uma única Amazônia, mas pelo menos cinco: a floresta intacta, a floresta sob pressão, a floresta desmatada, o cerrado e a Amazônia urbana. “Preservar a floresta intacta, o cerrado e a floresta sob pressão é obrigatório”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, um dos expositores da mesa, entrevistado no minipodcast da semana. “A partir daí começamos a pensar na viabilidade econômica da região.”

As evidências mostram que é possível concentrar a maior parte das atividades econômicas na área já desmatada, sem cortar uma única árvore a mais. Melhor: essas atividades podem ser mais lucrativas se ocuparem uma área ainda menor – abrindo espaço para programas de regeneração e reflorestamento. A pecuária, por exemplo, pode dar mais dinheiro caso se restrinja a um terço do espaço ocupado atualmente, concentrando os pastos nas regiões onde já há frigoríficos.

Em outro espaço da COP, a Sala Luxor, Mauro O’ de Almeida, secretário do Meio Ambiente do Pará, mostrou como o Estado reduziu o desmatamento nas áreas sob sua jurisdição, e conta com o governo federal para restaurar comando e controle na parte em que a União é proprietária. Almeida também se mostrou disposto a usar os estudos do Amazônia 2030 no planejamento econômico da região.

continua após a publicidade

Não existe solução simples para questões complexas – e a Amazônia é um labirinto de problemas. Há mais chances de sucesso, no entanto, quando se usa um mapa de navegação confiável. Se o Pará cumprir a promessa de usar as pesquisas do Amazônia 2030, será um caso raro e virtuoso em que um governo elabora suas políticas públicas a partir de evidências. Seria o encontro das águas entre a política e o conhecimento em pleno deserto do Sinai.

Para saber mais

Mini-podcast com Alexandre Mansur

continua após a publicidade

Seu navegador não suporta esse video.

Ouça entrevista com o diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos

Site do Projeto Amazônia 2030

Poucos países têm tantos problemas quanto o Brasil. Mas se há um problema que não temos é a falta de conhecimento sobre nossos problemas. Quase todas as grandes questões brasileiras estão mapeadas, equacionadas e quantificadas. O que falta, na maioria das vezes, é que as propostas e soluções cheguem à única instância em que é realmente possível resolver os problemas: a política.

Duas palestras durante a COP-27 dão um vislumbre do que pode ser o Brasil quando a teoria gestada na academia encontra a prática do dia a dia dos governos. Um debate no Brazil Climate Action Hub, o movimentado pavilhão da sociedade civil, apresentou as principais conclusões do Projeto Amazônia 2030 – a associação de cientistas de renome internacional que se debruçou sobre os diversos aspectos da maior floresta tropical do mundo.

As evidências mostram que é possível concentrar a maior parte das atividades econômicas na área já desmatada, sem cortar uma única árvore a mais. Foto: Bruno Kelly/Reuters

Para os cientistas, não existe uma única Amazônia, mas pelo menos cinco: a floresta intacta, a floresta sob pressão, a floresta desmatada, o cerrado e a Amazônia urbana. “Preservar a floresta intacta, o cerrado e a floresta sob pressão é obrigatório”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, um dos expositores da mesa, entrevistado no minipodcast da semana. “A partir daí começamos a pensar na viabilidade econômica da região.”

As evidências mostram que é possível concentrar a maior parte das atividades econômicas na área já desmatada, sem cortar uma única árvore a mais. Melhor: essas atividades podem ser mais lucrativas se ocuparem uma área ainda menor – abrindo espaço para programas de regeneração e reflorestamento. A pecuária, por exemplo, pode dar mais dinheiro caso se restrinja a um terço do espaço ocupado atualmente, concentrando os pastos nas regiões onde já há frigoríficos.

Em outro espaço da COP, a Sala Luxor, Mauro O’ de Almeida, secretário do Meio Ambiente do Pará, mostrou como o Estado reduziu o desmatamento nas áreas sob sua jurisdição, e conta com o governo federal para restaurar comando e controle na parte em que a União é proprietária. Almeida também se mostrou disposto a usar os estudos do Amazônia 2030 no planejamento econômico da região.

Não existe solução simples para questões complexas – e a Amazônia é um labirinto de problemas. Há mais chances de sucesso, no entanto, quando se usa um mapa de navegação confiável. Se o Pará cumprir a promessa de usar as pesquisas do Amazônia 2030, será um caso raro e virtuoso em que um governo elabora suas políticas públicas a partir de evidências. Seria o encontro das águas entre a política e o conhecimento em pleno deserto do Sinai.

Para saber mais

Mini-podcast com Alexandre Mansur

Seu navegador não suporta esse video.

Ouça entrevista com o diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos

Site do Projeto Amazônia 2030

Poucos países têm tantos problemas quanto o Brasil. Mas se há um problema que não temos é a falta de conhecimento sobre nossos problemas. Quase todas as grandes questões brasileiras estão mapeadas, equacionadas e quantificadas. O que falta, na maioria das vezes, é que as propostas e soluções cheguem à única instância em que é realmente possível resolver os problemas: a política.

Duas palestras durante a COP-27 dão um vislumbre do que pode ser o Brasil quando a teoria gestada na academia encontra a prática do dia a dia dos governos. Um debate no Brazil Climate Action Hub, o movimentado pavilhão da sociedade civil, apresentou as principais conclusões do Projeto Amazônia 2030 – a associação de cientistas de renome internacional que se debruçou sobre os diversos aspectos da maior floresta tropical do mundo.

As evidências mostram que é possível concentrar a maior parte das atividades econômicas na área já desmatada, sem cortar uma única árvore a mais. Foto: Bruno Kelly/Reuters

Para os cientistas, não existe uma única Amazônia, mas pelo menos cinco: a floresta intacta, a floresta sob pressão, a floresta desmatada, o cerrado e a Amazônia urbana. “Preservar a floresta intacta, o cerrado e a floresta sob pressão é obrigatório”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, um dos expositores da mesa, entrevistado no minipodcast da semana. “A partir daí começamos a pensar na viabilidade econômica da região.”

As evidências mostram que é possível concentrar a maior parte das atividades econômicas na área já desmatada, sem cortar uma única árvore a mais. Melhor: essas atividades podem ser mais lucrativas se ocuparem uma área ainda menor – abrindo espaço para programas de regeneração e reflorestamento. A pecuária, por exemplo, pode dar mais dinheiro caso se restrinja a um terço do espaço ocupado atualmente, concentrando os pastos nas regiões onde já há frigoríficos.

Em outro espaço da COP, a Sala Luxor, Mauro O’ de Almeida, secretário do Meio Ambiente do Pará, mostrou como o Estado reduziu o desmatamento nas áreas sob sua jurisdição, e conta com o governo federal para restaurar comando e controle na parte em que a União é proprietária. Almeida também se mostrou disposto a usar os estudos do Amazônia 2030 no planejamento econômico da região.

Não existe solução simples para questões complexas – e a Amazônia é um labirinto de problemas. Há mais chances de sucesso, no entanto, quando se usa um mapa de navegação confiável. Se o Pará cumprir a promessa de usar as pesquisas do Amazônia 2030, será um caso raro e virtuoso em que um governo elabora suas políticas públicas a partir de evidências. Seria o encontro das águas entre a política e o conhecimento em pleno deserto do Sinai.

Para saber mais

Mini-podcast com Alexandre Mansur

Seu navegador não suporta esse video.

Ouça entrevista com o diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos

Site do Projeto Amazônia 2030

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.