O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), poderá trazer de volta para o seu entorno o policial federal Danilo Campetti, que atuou na prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. O agente foi assessor especial de Tarcísio de janeiro a junho deste ano, quando o Ministério da Justiça cancelou a cessão do servidor por ordem do presidente, como revelou o Estadão.
Para isso, precisará acatar o pleito de seu partido, o Republicanos, e apoiar o deputado estadual Gilmaci Santos para a vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), que será aberta em setembro com a aposentadoria do conselheiro Edgard Camargo Rodrigues. Se o parlamentar deixar o mandato para assumir o cargo, Campetti, que é suplente da legenda, o substituirá na Alesp e passará a integrar a base do governo.
Tarcísio tentou manter o agente no Palácio dos Bandeirantes, mas ouviu negativas consecutivas dos ministros da Justiça, Flávio Dino, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Conforme mostrou a Coluna do Estadão, Campetti está na mira do PT desde 2019, quando escoltou Lula até o velório do neto. Naquele ano, a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, entrou com representação na PF e no Ministério Público Federal contra ele por declarar apoio ao então presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Atualmente, o agente trabalha em uma delegacia de São José do Rio Preto. A solução para resgatá-lo, no entanto, vai na contramão dos interesses do secretário de Governo, Gilberto Kassab, e do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que querem emplacar o deputado federal Marco Aurélio Bertaiolli (PSD-SP) no TCE-SP.
Favorito para o cargo, o parlamentar é correligionário de Kassab e conterrâneo de Valdemar. Assim como Waldemar Costa Filho, pai do cacique do PL, ele foi prefeito da cidade de 2008 a 2016.
Integrantes do Republicanos argumentam que Tarcísio precisa indicar alguém de sua estrita confiança e consideram Bertaiolli fiel a Valdemar, mas não ao governador, já que fez campanha para Rodrigo Garcia (PSDB) nas eleições de 2022.
Formalmente, a decisão cabe ao Legislativo paulista, mas a tradição no Estado é de a base aprovar o nome apontado pelo governo.
Posto chave na política
O tribunal é considerado um posto chave na política paulista e fiscaliza, ao todo, R$ 430 bilhões. Além de abocanhar um salário de mais de R$ 35 mil e garantirem um cargo vitalício até os 75 anos, os conselheiros podem recomendar a reprovação das contas do governador e de todos os 645 municípios do Estado, exceto a capital, onde há um órgão próprio de controle.
Também julgam contas de câmaras municipais e de empresas estatais, licitações e contratos para compra de bens e realização de obras públicas e repasses para organizações do terceiro setor por meio de convênios. As decisões sobre esses processos são de caráter terminativo. Recursos ao Judiciário só podem ser feitos para análise de questões formais e processuais.
Tarcísio terá a oportunidade de repaginar o TCE-SP. Em seu primeiro mandato, poderá indicar quatro nomes para o tribunal, composto por sete conselheiros. Se for reeleito, terá mais duas vagas. Um número recorde.