Jornalista inglês e indigenista da Funai ameaçado por garimpeiros estão desaparecidos na Amazônia


Exército, Polícia Federal e Ministério Público foram acionados; desaparecimento aconteceu no Vale do Javari, no domingo, 5

Por Vinícius Valfré
Atualização:

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do britânico The Guardian, estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia, desde a manhã de anteontem. O caso ganhou repercussão internacional pela atuação do servidor em projeto de vigilância de aldeias indígenas contra exploradores e narcotraficantes.

Pereira estava licenciado da Funai para coordenar um projeto desenvolvido pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) voltado a capacitar nativos para monitorar invasões. Phillips fez reportagens sobre povos isolados da região em 2018 e estava novamente na Amazônia para entrevistas com indígenas e equipes de vigilância.

Trabalhando com os povos nativos desde 2010, Pereira sofria ameaças frequentes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas. A região é marcada por conflitos e intimidações a tiros contra instalações do órgão federal.

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Jornalista britânico estava em expedição para visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima à base da Funai no Rio Itu Foto: Reprodução/Twitter

Segundo informações da Univaja, as buscas no decorrer da segunda-feira, 6, foram finalizadas sem novidades sobre o paradeiro de ambos. A organização comunicou na madrugada desta terça-feira, 7, que juntamente com a Defensoria Pública da União, recorreu à Justiça Federal para viabilizar o uso de helicópteros à Polícia Federal, ampliar as equipes de buscas, além de disponibilizar mais barcos para a operação.

Em nota, a Marinha do Brasil anunciou que irá enviar no período da manhã desta terça, 7, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e uma moto aquática.

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A corporação está conduzindo as atividades de busca, por meio do Comando de Operações Navais. Diversos órgãos foram mobilizados. O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, se reuniram no domingo, 5, para tratar do caso. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça não se manifestaram até a conclusão da edição.

O jornalista e o indigenista visitaram a equipe de vigilância indígena na localidade de Lago do Jaburu, próxima a uma base da Funai, e Phillips pôde fazer uma série de entrevistas, na sexta-feira passada. Eles partiram, na manhã de anteontem, de volta para a cidade de Atalaia do Norte.

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No caminho, porém, pararam na comunidade São Rafael porque Pereira tinha uma reunião marcada com um líder local identificado como “Churrasco” para tratar do projeto de vigilância nas terras indígenas. A liderança não estava presente, apesar do compromisso agendado, e o indigenista conversou com a mulher dele. Pereira e Phillips deveriam ter chegado a Atalaia por volta das 9h de domingo.

Tráfico

A missão, conferida a ele pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e como rota de tráfico de drogas. O relato mais detalhado sobre os últimos passos de ambos foi feito em conjunto pela Univaja e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi). Coube a essas entidades reportar o desaparecimento para as autoridades.

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Em entrevista publicada pela WWF-Brasil em dezembro, Pereira afirmou que o cenário era dramático. Por meio do projeto, os indígenas formaram equipes para que fossem treinadas, por exemplo, na operação de drones e computadores. “Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, declarou.

A expedição por São Rafael é considerada extremamente perigosa. Especialistas na dinâmica do crime nas imediações da Terra Indígena do Vale do Javari não recomendam a passagem pela comunidade em grupos pequenos por causa da movimentação de criminosos estrangeiros e brasileiros. Pereira e Phillips estavam sozinhos numa embarcação de 40 HP, nova, e com combustível suficiente para o retorno.

Bruno Pereira, indigenista que acompanhava Dom Phillips, sofria ameaças de invasores e garimpeiros Foto: Bruno Jorge/Divulgação/Funai
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Segundo experientes indigenistas ouvidos pelo Estadão, a comunidade de São Rafael tem forte influência financeira de criminosos e é usada como base de partida de exploradores para dentro dos territórios protegidos. É um dos motivos para a existência de uma base da Funai, na confluência dos rios Ituí e Itacoaí. A instalação, erguida há décadas, costuma ser alvo de ataques a tiros. Diferentes organizações atuam tanto no desmatamento, quanto no garimpo e no tráfico.

Apuração

Em nota, a Funai disse que Pereira “não estava na região em missão institucional” e “está em contato com as forças de segurança que atuam na região”. O jornal britânico cobrou apuração rápida. “O Guardian busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

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“Imploramos às autoridades que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar Dom”, disse o cunhado do jornalista, Paul Sherwood, em rede social.

O Senado anunciou uma série de pedidos de informações e providências. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública classificou o episódio como exemplo da “fragilidade das ações de fiscalização e segurança na Amazônia”. l COLABORARAM PEPITA ORTEGA E MANOELA BONALDO

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do britânico The Guardian, estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia, desde a manhã de anteontem. O caso ganhou repercussão internacional pela atuação do servidor em projeto de vigilância de aldeias indígenas contra exploradores e narcotraficantes.

Pereira estava licenciado da Funai para coordenar um projeto desenvolvido pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) voltado a capacitar nativos para monitorar invasões. Phillips fez reportagens sobre povos isolados da região em 2018 e estava novamente na Amazônia para entrevistas com indígenas e equipes de vigilância.

Trabalhando com os povos nativos desde 2010, Pereira sofria ameaças frequentes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas. A região é marcada por conflitos e intimidações a tiros contra instalações do órgão federal.

Jornalista britânico estava em expedição para visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima à base da Funai no Rio Itu Foto: Reprodução/Twitter

Segundo informações da Univaja, as buscas no decorrer da segunda-feira, 6, foram finalizadas sem novidades sobre o paradeiro de ambos. A organização comunicou na madrugada desta terça-feira, 7, que juntamente com a Defensoria Pública da União, recorreu à Justiça Federal para viabilizar o uso de helicópteros à Polícia Federal, ampliar as equipes de buscas, além de disponibilizar mais barcos para a operação.

Em nota, a Marinha do Brasil anunciou que irá enviar no período da manhã desta terça, 7, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e uma moto aquática.

A corporação está conduzindo as atividades de busca, por meio do Comando de Operações Navais. Diversos órgãos foram mobilizados. O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, se reuniram no domingo, 5, para tratar do caso. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça não se manifestaram até a conclusão da edição.

O jornalista e o indigenista visitaram a equipe de vigilância indígena na localidade de Lago do Jaburu, próxima a uma base da Funai, e Phillips pôde fazer uma série de entrevistas, na sexta-feira passada. Eles partiram, na manhã de anteontem, de volta para a cidade de Atalaia do Norte.

No caminho, porém, pararam na comunidade São Rafael porque Pereira tinha uma reunião marcada com um líder local identificado como “Churrasco” para tratar do projeto de vigilância nas terras indígenas. A liderança não estava presente, apesar do compromisso agendado, e o indigenista conversou com a mulher dele. Pereira e Phillips deveriam ter chegado a Atalaia por volta das 9h de domingo.

Tráfico

A missão, conferida a ele pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e como rota de tráfico de drogas. O relato mais detalhado sobre os últimos passos de ambos foi feito em conjunto pela Univaja e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi). Coube a essas entidades reportar o desaparecimento para as autoridades.

Em entrevista publicada pela WWF-Brasil em dezembro, Pereira afirmou que o cenário era dramático. Por meio do projeto, os indígenas formaram equipes para que fossem treinadas, por exemplo, na operação de drones e computadores. “Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, declarou.

A expedição por São Rafael é considerada extremamente perigosa. Especialistas na dinâmica do crime nas imediações da Terra Indígena do Vale do Javari não recomendam a passagem pela comunidade em grupos pequenos por causa da movimentação de criminosos estrangeiros e brasileiros. Pereira e Phillips estavam sozinhos numa embarcação de 40 HP, nova, e com combustível suficiente para o retorno.

Bruno Pereira, indigenista que acompanhava Dom Phillips, sofria ameaças de invasores e garimpeiros Foto: Bruno Jorge/Divulgação/Funai

Segundo experientes indigenistas ouvidos pelo Estadão, a comunidade de São Rafael tem forte influência financeira de criminosos e é usada como base de partida de exploradores para dentro dos territórios protegidos. É um dos motivos para a existência de uma base da Funai, na confluência dos rios Ituí e Itacoaí. A instalação, erguida há décadas, costuma ser alvo de ataques a tiros. Diferentes organizações atuam tanto no desmatamento, quanto no garimpo e no tráfico.

Apuração

Em nota, a Funai disse que Pereira “não estava na região em missão institucional” e “está em contato com as forças de segurança que atuam na região”. O jornal britânico cobrou apuração rápida. “O Guardian busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

“Imploramos às autoridades que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar Dom”, disse o cunhado do jornalista, Paul Sherwood, em rede social.

O Senado anunciou uma série de pedidos de informações e providências. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública classificou o episódio como exemplo da “fragilidade das ações de fiscalização e segurança na Amazônia”. l COLABORARAM PEPITA ORTEGA E MANOELA BONALDO

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do britânico The Guardian, estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia, desde a manhã de anteontem. O caso ganhou repercussão internacional pela atuação do servidor em projeto de vigilância de aldeias indígenas contra exploradores e narcotraficantes.

Pereira estava licenciado da Funai para coordenar um projeto desenvolvido pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) voltado a capacitar nativos para monitorar invasões. Phillips fez reportagens sobre povos isolados da região em 2018 e estava novamente na Amazônia para entrevistas com indígenas e equipes de vigilância.

Trabalhando com os povos nativos desde 2010, Pereira sofria ameaças frequentes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas. A região é marcada por conflitos e intimidações a tiros contra instalações do órgão federal.

Jornalista britânico estava em expedição para visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima à base da Funai no Rio Itu Foto: Reprodução/Twitter

Segundo informações da Univaja, as buscas no decorrer da segunda-feira, 6, foram finalizadas sem novidades sobre o paradeiro de ambos. A organização comunicou na madrugada desta terça-feira, 7, que juntamente com a Defensoria Pública da União, recorreu à Justiça Federal para viabilizar o uso de helicópteros à Polícia Federal, ampliar as equipes de buscas, além de disponibilizar mais barcos para a operação.

Em nota, a Marinha do Brasil anunciou que irá enviar no período da manhã desta terça, 7, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e uma moto aquática.

A corporação está conduzindo as atividades de busca, por meio do Comando de Operações Navais. Diversos órgãos foram mobilizados. O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, se reuniram no domingo, 5, para tratar do caso. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça não se manifestaram até a conclusão da edição.

O jornalista e o indigenista visitaram a equipe de vigilância indígena na localidade de Lago do Jaburu, próxima a uma base da Funai, e Phillips pôde fazer uma série de entrevistas, na sexta-feira passada. Eles partiram, na manhã de anteontem, de volta para a cidade de Atalaia do Norte.

No caminho, porém, pararam na comunidade São Rafael porque Pereira tinha uma reunião marcada com um líder local identificado como “Churrasco” para tratar do projeto de vigilância nas terras indígenas. A liderança não estava presente, apesar do compromisso agendado, e o indigenista conversou com a mulher dele. Pereira e Phillips deveriam ter chegado a Atalaia por volta das 9h de domingo.

Tráfico

A missão, conferida a ele pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e como rota de tráfico de drogas. O relato mais detalhado sobre os últimos passos de ambos foi feito em conjunto pela Univaja e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi). Coube a essas entidades reportar o desaparecimento para as autoridades.

Em entrevista publicada pela WWF-Brasil em dezembro, Pereira afirmou que o cenário era dramático. Por meio do projeto, os indígenas formaram equipes para que fossem treinadas, por exemplo, na operação de drones e computadores. “Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, declarou.

A expedição por São Rafael é considerada extremamente perigosa. Especialistas na dinâmica do crime nas imediações da Terra Indígena do Vale do Javari não recomendam a passagem pela comunidade em grupos pequenos por causa da movimentação de criminosos estrangeiros e brasileiros. Pereira e Phillips estavam sozinhos numa embarcação de 40 HP, nova, e com combustível suficiente para o retorno.

Bruno Pereira, indigenista que acompanhava Dom Phillips, sofria ameaças de invasores e garimpeiros Foto: Bruno Jorge/Divulgação/Funai

Segundo experientes indigenistas ouvidos pelo Estadão, a comunidade de São Rafael tem forte influência financeira de criminosos e é usada como base de partida de exploradores para dentro dos territórios protegidos. É um dos motivos para a existência de uma base da Funai, na confluência dos rios Ituí e Itacoaí. A instalação, erguida há décadas, costuma ser alvo de ataques a tiros. Diferentes organizações atuam tanto no desmatamento, quanto no garimpo e no tráfico.

Apuração

Em nota, a Funai disse que Pereira “não estava na região em missão institucional” e “está em contato com as forças de segurança que atuam na região”. O jornal britânico cobrou apuração rápida. “O Guardian busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

“Imploramos às autoridades que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar Dom”, disse o cunhado do jornalista, Paul Sherwood, em rede social.

O Senado anunciou uma série de pedidos de informações e providências. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública classificou o episódio como exemplo da “fragilidade das ações de fiscalização e segurança na Amazônia”. l COLABORARAM PEPITA ORTEGA E MANOELA BONALDO

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do britânico The Guardian, estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia, desde a manhã de anteontem. O caso ganhou repercussão internacional pela atuação do servidor em projeto de vigilância de aldeias indígenas contra exploradores e narcotraficantes.

Pereira estava licenciado da Funai para coordenar um projeto desenvolvido pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) voltado a capacitar nativos para monitorar invasões. Phillips fez reportagens sobre povos isolados da região em 2018 e estava novamente na Amazônia para entrevistas com indígenas e equipes de vigilância.

Trabalhando com os povos nativos desde 2010, Pereira sofria ameaças frequentes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas. A região é marcada por conflitos e intimidações a tiros contra instalações do órgão federal.

Jornalista britânico estava em expedição para visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima à base da Funai no Rio Itu Foto: Reprodução/Twitter

Segundo informações da Univaja, as buscas no decorrer da segunda-feira, 6, foram finalizadas sem novidades sobre o paradeiro de ambos. A organização comunicou na madrugada desta terça-feira, 7, que juntamente com a Defensoria Pública da União, recorreu à Justiça Federal para viabilizar o uso de helicópteros à Polícia Federal, ampliar as equipes de buscas, além de disponibilizar mais barcos para a operação.

Em nota, a Marinha do Brasil anunciou que irá enviar no período da manhã desta terça, 7, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e uma moto aquática.

A corporação está conduzindo as atividades de busca, por meio do Comando de Operações Navais. Diversos órgãos foram mobilizados. O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, se reuniram no domingo, 5, para tratar do caso. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça não se manifestaram até a conclusão da edição.

O jornalista e o indigenista visitaram a equipe de vigilância indígena na localidade de Lago do Jaburu, próxima a uma base da Funai, e Phillips pôde fazer uma série de entrevistas, na sexta-feira passada. Eles partiram, na manhã de anteontem, de volta para a cidade de Atalaia do Norte.

No caminho, porém, pararam na comunidade São Rafael porque Pereira tinha uma reunião marcada com um líder local identificado como “Churrasco” para tratar do projeto de vigilância nas terras indígenas. A liderança não estava presente, apesar do compromisso agendado, e o indigenista conversou com a mulher dele. Pereira e Phillips deveriam ter chegado a Atalaia por volta das 9h de domingo.

Tráfico

A missão, conferida a ele pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e como rota de tráfico de drogas. O relato mais detalhado sobre os últimos passos de ambos foi feito em conjunto pela Univaja e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi). Coube a essas entidades reportar o desaparecimento para as autoridades.

Em entrevista publicada pela WWF-Brasil em dezembro, Pereira afirmou que o cenário era dramático. Por meio do projeto, os indígenas formaram equipes para que fossem treinadas, por exemplo, na operação de drones e computadores. “Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, declarou.

A expedição por São Rafael é considerada extremamente perigosa. Especialistas na dinâmica do crime nas imediações da Terra Indígena do Vale do Javari não recomendam a passagem pela comunidade em grupos pequenos por causa da movimentação de criminosos estrangeiros e brasileiros. Pereira e Phillips estavam sozinhos numa embarcação de 40 HP, nova, e com combustível suficiente para o retorno.

Bruno Pereira, indigenista que acompanhava Dom Phillips, sofria ameaças de invasores e garimpeiros Foto: Bruno Jorge/Divulgação/Funai

Segundo experientes indigenistas ouvidos pelo Estadão, a comunidade de São Rafael tem forte influência financeira de criminosos e é usada como base de partida de exploradores para dentro dos territórios protegidos. É um dos motivos para a existência de uma base da Funai, na confluência dos rios Ituí e Itacoaí. A instalação, erguida há décadas, costuma ser alvo de ataques a tiros. Diferentes organizações atuam tanto no desmatamento, quanto no garimpo e no tráfico.

Apuração

Em nota, a Funai disse que Pereira “não estava na região em missão institucional” e “está em contato com as forças de segurança que atuam na região”. O jornal britânico cobrou apuração rápida. “O Guardian busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

“Imploramos às autoridades que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar Dom”, disse o cunhado do jornalista, Paul Sherwood, em rede social.

O Senado anunciou uma série de pedidos de informações e providências. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública classificou o episódio como exemplo da “fragilidade das ações de fiscalização e segurança na Amazônia”. l COLABORARAM PEPITA ORTEGA E MANOELA BONALDO

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do britânico The Guardian, estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia, desde a manhã de anteontem. O caso ganhou repercussão internacional pela atuação do servidor em projeto de vigilância de aldeias indígenas contra exploradores e narcotraficantes.

Pereira estava licenciado da Funai para coordenar um projeto desenvolvido pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) voltado a capacitar nativos para monitorar invasões. Phillips fez reportagens sobre povos isolados da região em 2018 e estava novamente na Amazônia para entrevistas com indígenas e equipes de vigilância.

Trabalhando com os povos nativos desde 2010, Pereira sofria ameaças frequentes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas. A região é marcada por conflitos e intimidações a tiros contra instalações do órgão federal.

Jornalista britânico estava em expedição para visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima à base da Funai no Rio Itu Foto: Reprodução/Twitter

Segundo informações da Univaja, as buscas no decorrer da segunda-feira, 6, foram finalizadas sem novidades sobre o paradeiro de ambos. A organização comunicou na madrugada desta terça-feira, 7, que juntamente com a Defensoria Pública da União, recorreu à Justiça Federal para viabilizar o uso de helicópteros à Polícia Federal, ampliar as equipes de buscas, além de disponibilizar mais barcos para a operação.

Em nota, a Marinha do Brasil anunciou que irá enviar no período da manhã desta terça, 7, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e uma moto aquática.

A corporação está conduzindo as atividades de busca, por meio do Comando de Operações Navais. Diversos órgãos foram mobilizados. O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, se reuniram no domingo, 5, para tratar do caso. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça não se manifestaram até a conclusão da edição.

O jornalista e o indigenista visitaram a equipe de vigilância indígena na localidade de Lago do Jaburu, próxima a uma base da Funai, e Phillips pôde fazer uma série de entrevistas, na sexta-feira passada. Eles partiram, na manhã de anteontem, de volta para a cidade de Atalaia do Norte.

No caminho, porém, pararam na comunidade São Rafael porque Pereira tinha uma reunião marcada com um líder local identificado como “Churrasco” para tratar do projeto de vigilância nas terras indígenas. A liderança não estava presente, apesar do compromisso agendado, e o indigenista conversou com a mulher dele. Pereira e Phillips deveriam ter chegado a Atalaia por volta das 9h de domingo.

Tráfico

A missão, conferida a ele pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e como rota de tráfico de drogas. O relato mais detalhado sobre os últimos passos de ambos foi feito em conjunto pela Univaja e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi). Coube a essas entidades reportar o desaparecimento para as autoridades.

Em entrevista publicada pela WWF-Brasil em dezembro, Pereira afirmou que o cenário era dramático. Por meio do projeto, os indígenas formaram equipes para que fossem treinadas, por exemplo, na operação de drones e computadores. “Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, declarou.

A expedição por São Rafael é considerada extremamente perigosa. Especialistas na dinâmica do crime nas imediações da Terra Indígena do Vale do Javari não recomendam a passagem pela comunidade em grupos pequenos por causa da movimentação de criminosos estrangeiros e brasileiros. Pereira e Phillips estavam sozinhos numa embarcação de 40 HP, nova, e com combustível suficiente para o retorno.

Bruno Pereira, indigenista que acompanhava Dom Phillips, sofria ameaças de invasores e garimpeiros Foto: Bruno Jorge/Divulgação/Funai

Segundo experientes indigenistas ouvidos pelo Estadão, a comunidade de São Rafael tem forte influência financeira de criminosos e é usada como base de partida de exploradores para dentro dos territórios protegidos. É um dos motivos para a existência de uma base da Funai, na confluência dos rios Ituí e Itacoaí. A instalação, erguida há décadas, costuma ser alvo de ataques a tiros. Diferentes organizações atuam tanto no desmatamento, quanto no garimpo e no tráfico.

Apuração

Em nota, a Funai disse que Pereira “não estava na região em missão institucional” e “está em contato com as forças de segurança que atuam na região”. O jornal britânico cobrou apuração rápida. “O Guardian busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

“Imploramos às autoridades que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar Dom”, disse o cunhado do jornalista, Paul Sherwood, em rede social.

O Senado anunciou uma série de pedidos de informações e providências. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública classificou o episódio como exemplo da “fragilidade das ações de fiscalização e segurança na Amazônia”. l COLABORARAM PEPITA ORTEGA E MANOELA BONALDO

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