A juíza Luciana Menezes de Paula Barbosa determinou o despejo imediato de 800 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) que, desde o dia 17, ocupam as terras de uma usina do grupo Atala, em Iepê, no Pontal do Paranapanema, oeste de São Paulo. A ordem, dada no mesmo dia da invasão, ainda não foi cumprida por causa do feriado prolongado. Líderes do movimento foram informados da liminar, mas não pretendem deixar as terras, usadas pela usina para o plantio de cana. A área, conhecida como fazenda Santa Lúcia, tem 21 mil hectares. "A ordem saiu no papel, mas ninguém apareceu para cumprir", disse o coordenador regional do MST, Valmir Rodrigues Chaves. A Polícia Militar de Iepê, que tem apenas uma viatura e cinco policiais em serviço, informou que repassou a ordem da juíza ao comando regional. Nesta quarta-feira, 22, a PM preparava o efetivo para realizar o despejo, que pode acontecer na quinta-feira, 23. Em razão do grande número de sem-terra, seriam destacados contingentes de Presidente Prudente e Presidente Venceslau.
A invasão ocorreu durante a jornada nacional de lutas pela reforma agrária, o chamado "abril vermelho" do MST. Outras duas fazendas continuam invadidas no Estado de São Paulo. A justiça também determinou o despejo dos 200 sem-terra que entraram na fazenda Ibiti, em Itararé, sudoeste paulista. Os acampados realizaram uma marcha de sete quilômetros até o centro da cidade. Num ato público, foram distribuídos alimentos produzidos em assentamentos da região. A líder do MST, Magnólia Fagundes, disse que o grupo pretende permanecer na área até que o Incra inicie a vistoria nas fazendas da região. Segundo ela, a Ibiti tem 9 mil hectares e não cumpre a função social. "É terra para assentar 600 famílias, mas só produz eucalipto e emprega no máximo 80 pessoas."
No Vale do Paraíba, 250 famílias permanecem acampadas na fazenda Guassahy que, de acordo com o MST, pertence à prefeitura e é explorada por particulares. Dois proprietários entraram com pedidos de reintegração de posse e aguardavam a possível concessão de liminar. Os sem-terra realizam um ato público na sexta-feira, 24, para pedir a destinação dos 300 hectares para assentamento.