Estratégias eleitorais, marketing político e voto

Dilma: um pé em cada canoa


Ou Dilma minimiza o 'pacote de maldades' que pretende aplicar para arrumar as contas públicas - e por isso usou a expressão 'menor sacrifício possível', pois sabe que algum sacrifício há de ter - ou o seu ajuste não será tão prioritário quanto diz que será

Por Julia Duailibi

Em seu discurso de posse no Congresso, a presidente Dilma Rousseff (PT) tentou fazer uma sinalização para o mercado e os setores produtivos, mas também para o seu partido e sua base eleitoral. Manteve, assim, um pé em cada canoa.

Dilma defendeu o "ajuste nas contas públicas", mas afirmou que as medidas serão tomadas como o "menor sacrifício possível para a população" e que é possível arrumar a economia "sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais assumidos".

"Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia", afirmou a presidente, para então fazer a ponderação: "Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados. Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários".

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Ela sabe, assim como o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que não é bem assim. O corte tem de vir de algum lugar. Tanto que, no começo da semana, anunciou medidas para restringir o acesso a benefícios, como o seguro desemprego e a pensão por morte, o que deve resultar numa economia de R$ 18 bilhões por ano - sendo R$ 9 bilhões apenas com o seguro-desemprego.

A presidente, porém, manteve o aceno para as duas platéias, durante sua posse.Chamou de "falsa tese" o conflito entre estabilidade e investimento social. "Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exige equidade e correção permanente de distorções e eventuais excessos. Vamos, mais uma vez, derrotar a falsa tese que afirma existir um conflito entre a estabilidade econômica e o crescimento do investimento social, dos ganhos sociais e do investimento em infraestrutura."

Ou Dilma está minimizando o "pacote de maldades" que pretende aplicar para arrumar a casa - e por isso usou a expressão"menor sacrifício possível", pois sabe que algum sacrifício há de ter - ou o seu ajuste não será tão prioritário quanto diz que será.

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No seu discurso, Dilma falou em "nossos governos" e citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É justamente do primeiro mandato de Lula de onde vem o contraponto à "tese" da presidente. Ao assumir, em 2003, ele promoveu o "cavalo de pau" na economia, segundo palavras do "capitão do time", o então ministro José Dirceu (Casa Civil). Foi criticado por setores do PT e da academia pelas escolhas que fez na área econômica. Manteve seu objetivo e, depois, colheu os frutos de uma economia nos trilhos - contou também com a ajuda da conjuntura internacional favorável.

O petista sabia que era difícil agradar a todos. Pouco provável que Dilma não saiba disso.

 

Em seu discurso de posse no Congresso, a presidente Dilma Rousseff (PT) tentou fazer uma sinalização para o mercado e os setores produtivos, mas também para o seu partido e sua base eleitoral. Manteve, assim, um pé em cada canoa.

Dilma defendeu o "ajuste nas contas públicas", mas afirmou que as medidas serão tomadas como o "menor sacrifício possível para a população" e que é possível arrumar a economia "sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais assumidos".

"Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia", afirmou a presidente, para então fazer a ponderação: "Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados. Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários".

Ela sabe, assim como o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que não é bem assim. O corte tem de vir de algum lugar. Tanto que, no começo da semana, anunciou medidas para restringir o acesso a benefícios, como o seguro desemprego e a pensão por morte, o que deve resultar numa economia de R$ 18 bilhões por ano - sendo R$ 9 bilhões apenas com o seguro-desemprego.

A presidente, porém, manteve o aceno para as duas platéias, durante sua posse.Chamou de "falsa tese" o conflito entre estabilidade e investimento social. "Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exige equidade e correção permanente de distorções e eventuais excessos. Vamos, mais uma vez, derrotar a falsa tese que afirma existir um conflito entre a estabilidade econômica e o crescimento do investimento social, dos ganhos sociais e do investimento em infraestrutura."

Ou Dilma está minimizando o "pacote de maldades" que pretende aplicar para arrumar a casa - e por isso usou a expressão"menor sacrifício possível", pois sabe que algum sacrifício há de ter - ou o seu ajuste não será tão prioritário quanto diz que será.

No seu discurso, Dilma falou em "nossos governos" e citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É justamente do primeiro mandato de Lula de onde vem o contraponto à "tese" da presidente. Ao assumir, em 2003, ele promoveu o "cavalo de pau" na economia, segundo palavras do "capitão do time", o então ministro José Dirceu (Casa Civil). Foi criticado por setores do PT e da academia pelas escolhas que fez na área econômica. Manteve seu objetivo e, depois, colheu os frutos de uma economia nos trilhos - contou também com a ajuda da conjuntura internacional favorável.

O petista sabia que era difícil agradar a todos. Pouco provável que Dilma não saiba disso.

 

Em seu discurso de posse no Congresso, a presidente Dilma Rousseff (PT) tentou fazer uma sinalização para o mercado e os setores produtivos, mas também para o seu partido e sua base eleitoral. Manteve, assim, um pé em cada canoa.

Dilma defendeu o "ajuste nas contas públicas", mas afirmou que as medidas serão tomadas como o "menor sacrifício possível para a população" e que é possível arrumar a economia "sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais assumidos".

"Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia", afirmou a presidente, para então fazer a ponderação: "Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados. Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários".

Ela sabe, assim como o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que não é bem assim. O corte tem de vir de algum lugar. Tanto que, no começo da semana, anunciou medidas para restringir o acesso a benefícios, como o seguro desemprego e a pensão por morte, o que deve resultar numa economia de R$ 18 bilhões por ano - sendo R$ 9 bilhões apenas com o seguro-desemprego.

A presidente, porém, manteve o aceno para as duas platéias, durante sua posse.Chamou de "falsa tese" o conflito entre estabilidade e investimento social. "Temos consciência que a ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exige equidade e correção permanente de distorções e eventuais excessos. Vamos, mais uma vez, derrotar a falsa tese que afirma existir um conflito entre a estabilidade econômica e o crescimento do investimento social, dos ganhos sociais e do investimento em infraestrutura."

Ou Dilma está minimizando o "pacote de maldades" que pretende aplicar para arrumar a casa - e por isso usou a expressão"menor sacrifício possível", pois sabe que algum sacrifício há de ter - ou o seu ajuste não será tão prioritário quanto diz que será.

No seu discurso, Dilma falou em "nossos governos" e citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É justamente do primeiro mandato de Lula de onde vem o contraponto à "tese" da presidente. Ao assumir, em 2003, ele promoveu o "cavalo de pau" na economia, segundo palavras do "capitão do time", o então ministro José Dirceu (Casa Civil). Foi criticado por setores do PT e da academia pelas escolhas que fez na área econômica. Manteve seu objetivo e, depois, colheu os frutos de uma economia nos trilhos - contou também com a ajuda da conjuntura internacional favorável.

O petista sabia que era difícil agradar a todos. Pouco provável que Dilma não saiba disso.

 

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