No mapa das articulações políticas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), fechou acordo com o PT para eleger um aliado como presidente da Assembleia Legislativa a partir do mês que vem. Do mesmo modo, aproxima-se agora do PSB, que apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) em 2022, para a área de influência da gestão.
O PSB se declara independente em São Paulo e descarta fazer oposição sistemática a Tarcísio. Essa decisão, segundo integrantes da legenda, só foi possível porque os bolsonaristas mais radicais da Assembleia ficaram isolados.
Na Alesp, a federação formada por PT, PCdoB e PV tem 19 deputados eleitos, o mesmo número da bancada do PL, de Jair Bolsonaro. Por isso, parlamentares têm dito que em temas sensíveis ao governo, como a desestatização da Sabesp, cada voto vai contar, e o PSB pode ser o fiel da balança.
Kassab ainda abriu caminho para a sanção do projeto de lei do deputado Caio França (PSB), que garante o fornecimento de medicamentos à base de cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. “Kassab me ajudou a construir essa sanção. A primeira conversa foi com ele”, afirmou o pessebista ao Estadão.
“Para nós, da bancada do PT, Kassab foi a única pessoa que a gente achou no governo que queria conversar sobre assuntos do Parlamento”, disse o deputado Enio Tatto.
Agregador
Presidente do PSD, Kassab é visto como um agregador de apoios políticos, capaz de colocar um “filtro moderador” na gestão Tarcísio. Por outro lado, o secretário também desperta desconfianças. O protagonismo de Kassab na Assembleia é tratado por alguns parlamentares da base como “extraoficial”. Além disso, para integrantes do Republicanos, partido do governador, o fato de o secretário de Governo ser de um partido diferente pode causar um “desequilíbrio” na gestão política.
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Enquanto ocupa o primeiro escalão do governo paulista, o PSD se torna aliado do governo Lula no plano nacional. No Congresso, as movimentações da legenda levaram duas senadoras a deixar seus partidos de origem para embarcar no PSD: Eliziane Gama (ex-Cidadania-MA) e Mara Gabrilli (ex-PSDB-SP) – esta, no entanto, crítica a Lula.
Kassab também foi responsável por brecar a mudança da senadora Jussara Lima (PSD-PI), que assumiu como suplente do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), para o PT. Com as mudanças, a bancada do PSD tem, hoje, 15 senadores.
“O partido do Kassab é transição do bolsonarismo para o lulismo. Todo racha do PL vai acabar indo para o Kassab”, disse o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.
Poder concentrado
Uma alteração estrutural promovida pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, transferiu para a Secretaria de Governo a palavra final sobre convênios com municípios paulistas. O movimento deu ao titular da pasta, Gilberto Kassab, que é presidente nacional do PSD, ainda mais espaço na articulação política no Estado.
O desempenho de Tarcísio à frente do Executivo paulista interessa diretamente ao PSD, que avança sobre as prefeituras do Estado de olho na eleição municipal de 2024.
Em entrevista à Rádio Eldorado, no dia 7 deste mês, o vice-governador Felicio Ramuth (PSD) disse que prefeitos e potenciais candidatos já procuram o partido para conversar. “Nós já temos sido contatados por alguns prefeitos e candidatos desde o fim do ano passado”, afirmou o vice.
Como mostrou o Estadão, o projeto do PSD é ocupar o vácuo político deixado pelo PSDB e se transformar no maior partido de São Paulo. A sigla projeta eleger prefeitos nas cidades médias do Estado no ano que vem.