Os partidos de oposição ao governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), preparam uma nova comissão parlamentar de inquérito (CPI), para investigar somente as relações do partido com o jogo do bicho. As revelações da gravação na qual o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes Oliveira, pede para o ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino não reprimir os bicheiros reforçaram as suspeitas dos parlamentares da CPI da Segurança Pública da Assembléia Legislativa, mas o prazo para conclusão desse inquérito se encerra no dia 17, sem possibilidade de prorrogação. De acordo com o presidente da CPI, Valdir Andrés (PPB), o relatório da atual CPI deve incluir a sugestão de uma nova comissão. "Começam a surgir evidências da relação cinzenta entre o PT e seus doadores. Aquilo que o ex-tesoureiro do PT (Jairo Carneiro dos Santos) dizia está se confirmando", opinou o deputado Cézar Busatto (PPS), referindo-se às denúncias de que a sede do PT teria sido adquirida com dinheiro do jogo do bicho doado para o Clube de Seguros da Cidadania. Foram as acusações de Carneiro, gravadas por jornalistas do Diário Gaúcho, que determinaram a mudança de rumo das investigações da CPI da Segurança Pública, em junho. Convocado pela comissão, o ex-tesoureiro disse que tinha inventado a história para prejudicar os dirigentes petistas que o expulsaram do partido, mas não convenceu a oposição. "O tesoureiro do PT dizia que o governador sabia das doações dos bicheiros, que relutou um pouco, mas acabou aceitando", lembrou o relator da CPI, Vieira da Cunha (PDT). Na investigação das contas do Clube de Seguros, os parlamentares descobriram que a entidade serviu de ponte para obter doações de empresários, mas faltavam evidências que comprovassem a ligação com o jogo. A divulgação do registro da conversa entre Oliveira e Tubino, entretanto, reanimou a oposição, uma vez que o presidente do clube teria intervindo em favor dos bicheiros e falado em nome de Olívio. Apesar de Oliveira ter dito agora que fez uma "bravata", usando, indevidamente, o nome do governador, os parlamentares de oposição não desistirão das investigações e deverão transformar o caso no principal tema da campanha eleitoral. "Todos sabem que ele (Oliveira) era da copa e da cozinha do palácio. Essa postura dele, de assumir a responsabilidade sozinho, não surpreende pelos laços com o governador, que ele tenta preservar", afirmou Cunha. Para provar que o governador não está envolvido no caso, os líderes petistas tentam mostrar que combatem a "banda podre da polícia" e podem até mesmo expulsar Oliveira. A decisão sobre o futuro do petista será definida, nesta terça-feira, pela executiva estadual da sigla. "O nosso partido tomará posições rigorosas ao final desse processo", prometeu nesta segunda o presidente estadual da agremiação, Júlio Quadros.