Aos gritos de “vai ter resistência” milhares de militantes da Frente Povo Sem Medo, liderados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foram às ruas de São Paulo nesta quinta-feira, 24, para protestar contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Também houve atos do movimento no Rio. Em São Paulo, até 20h30, a PM não tinha uma estimativa oficial do número de pessoas. Segundo Guilherme Boulos, coordenador do MTST, eram 30 mil. Policiais que trabalharam na segurança do evento estimaram que havia cerca de 17 mil manifestantes.
A Frente Povo Sem Medo é formada principalmente por grupos que fazem oposição ao governo Dilma, entre eles o próprio MTST e a Intersindical, ligada ao PSOL. “Estamos contra o ajuste fiscal, reforma da Previdência etc. Mas, ao mesmo tempo, entendemos que as alternativas à Dilma vão aprofundar ainda mais o modelo neoliberal da economia e que não existem razões legais para o impeachment”, disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
O clima em geral era de disposição para resistir nas ruas ao possível afastamento de Dilma. Dois dias depois de dizer em entrevista coletiva que os movimentos sociais vão “incendiar” o país, Boulos adotou um discurso ais moderado durante a manifestação. “Eles acharam que iriam desfilar com o golpe pela avenida”, disse. “Nós não queremos incendiar o país, mas também não temos sangue de barata. O golpe que eles querem dar vai deixar cicatrizes. Estamos aqui para dizer que vai ter resistência”, completou.
O MTST ficou de fora do ato do dia 18 por discordâncias em relação à política econômica e principalmente, dos cortes no programa Minha Casa Minha Vida. Segundo o presidente do PT, Rui Falcão, Dilma vai atender às reivindicações do movimento. “É natural que haja reivindicações que nós fazemos também. Nós queremos mudança na política econômica. É possível que na semana que vem a presidente lance o Minha Casa Minha Vida 3. É uma das reivindicações fortes deles”, disse Falcão.
O ato saiu do Largo da Batata, em Pinheiros, e foi até a frente da Rede Globo, no Brooklin. “A importância desse movimento é que as pessoas entendam que elas não estão sozinhas. Às vezes, nas redes sociais, quem pensa diferente pode achar que está sozinho. Não, agora, com essa manifestação quem está contra o golpe vai poder encontrar os seus iguais”, disse a cartunista Laerte.