BRASÍLIA - Dono da quinta maior bancada na Câmara, com 39 parlamentares, o PSD oficializou no fim da tarde desta segunda-feira (16) troca de dois de seus quatro membros titulares na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. As mudança feitas pelo partido, que é da base aliada, devem ajudar o presidente Michel Temer a barrar a segunda denúncia contra ele, que será votada nesta semana no colegiado.
A primeira troca feita pela legenda foi do deputado Delegado Éder Mauro (PA), que era titular e passou a ser suplente da comissão. Na vaga de titular do parlamentar paraense, o PSD indicou o deputado Edmar Arruda (PA), que era suplente.
"O Delegado Éder Mauro me pediu semana passada para sair. Ele, inclusive, comunicou ao presidente Michel Temer que iria votar contra ele nessa segunda denúncia e, por isso, iria sair da CCJ", afirmou Montes ao Estado/Broadcast Político. Na primeira denúncia conta Temer, Mauro e os outros três integrantes titulares do PSD na CCJ votaram pela rejeição da peça acusatória.
À reportagem, Mauro disse que já definiu seu voto, mas disse que não o revelou para ninguém. A ideia inicial era trocar Mauro por Raquel Muniz (MG), mas o líder disse não ter conseguido conversar com a deputada a tempo. A mineira votou a favor do presidente da República na primeira denúncia. Ela é a mesma que teve o marido, o ex-prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, preso um dia após homenageá-lo durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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SEGUNDA TROCA
A segunda troca feita pelo PSD foi retirar o deputado Expedito Netto (RO), que era titular e passou a ser suplente na CCJ. Para o lugar dele, Montes indicou Evandro Roman (PR), que era suplente. O líder do partido na Câmara argumentou que a troca foi necessária, pois Netto está viajando em missão oficial para o exterior nesta semana. Netto era voto declarado contra Temer. Já Roman, assim como Edmar Arruda, deve votar pela rejeição da segunda denúncia.
Como mostrou o Estado/Broadcast Político semana passada, Netto disse que viajará para Singapura e Dubai em missão oficial pela comissão que trata de projeto sobre regulamentação de moedas virtuais, do qual é relator na Casa. Ele viajou na última sexta-feira, 13, e só retornará no outro sábado, 21. Na primeira denúncia o deputado de Rondônia já tinha sido substituído na CCJ por Roman (PSD-PR), que votou pela rejeição da peça acusatória.
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OUTRAS MUDANÇAS
Com as trocas feitas pelo PSD, a base aliada de Temer já fez pelo menos seis mudanças de membros na CCJ desde que a segunda denúncia chegou à Câmara, em setembro, todas com objetivo de ajudar o presidente. O PR já tirou Jorginho Mello (PR-SC) e o substituiu pelo deputado Delegado Edson Moreira (MG). O PTB mudou Nelson Marquezelli (SP) da suplência e o colocou na vaga de titular. O Avante colocou Luís Tibé (MG) numa vaga de titular do PP que estava ociosa.
No fim da semana passada, o PR também decidiu mudar um de seus suplentes na CCJ. Giovani Cherini (PR-RS) deixou a vaga, que passará a ser ocupada por Alexandre Valle (PR-RJ).
Uma sétima mudança na composição da comissão não trouxe alterações relevantes na contabilidade do governo. O PSDB tirou o deputado João Gualberto (BA) da suplência e o colocou como titular na comissão. Gualberto foi para a vaga de Jutahy Júnior (BA), que ocupa agora a suplência. Como ambos votaram a favor do prosseguimento da primeira denúncia contra Temer, a inversão de papéis não mudou a perspectiva de votos.