Liderar pesquisas em SP a esta altura da eleição é garantia de vitória? Veja o que diz o histórico


Na maioria das vezes, quem acabou ocupando a cadeira de prefeito foram candidatos que, a poucas semanas da votação, ainda não figuravam em primeiro lugar

Por Bianca Gomes

Liderar as pesquisas a um mês e meio da eleição não é garantia de vitória na cidade de São Paulo. É o que aponta levantamento do Estadão que revela que, quando se trata da eleição para a prefeitura da capital, surpresas e reviravoltas têm sido mais a regra do que a exceção. Na maioria das vezes, quem acaba ocupando a cadeira de prefeito são candidatos que, a poucas semanas da votação, ainda não figuravam em primeiro lugar.

O levantamento considerou todas as pesquisas do instituto Datafolha realizadas a aproximadamente um mês e meio do pleito, desde as eleições municipais de 1988. Das nove disputas analisadas, o vencedor estava numericamente à frente dos demais em apenas três: Marta Suplicy (PT) em 2000, Celso Pitta (PPB) em 1996, e Paulo Maluf (PDS) em 1992.

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Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Ricardo Nunes e José Luiz Datena Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em 2020, o tucano Bruno Covas tinha 21% das intenções de voto, tecnicamente empatado no limite da margem de erro com Celso Russomanno (Republicanos), que aparecia com 27%. Já em 2004, José Serra (PSDB) registrava 30% contra 34% de Marta Suplicy, também configurando um empate técnico.

Luciana Chong, diretora do Datafolha, explica que as eleições municipais tendem a ser mais voláteis do que as nacionais, justamente por estarem mais próximas do cotidiano das pessoas. “Na disputa municipal, os eleitores estão vendo de perto o que está ou não funcionando na cidade. É diferente do pleito nacional, que se concentra nas grandes discussões sobre o País”, afirma ela.

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Segundo a executiva, as eleições municipais são mais suscetíveis a mudanças de cenário por envolverem um universo menor de eleitores. “Para que haja uma mudança significativa [nas pesquisas nacionais, para presidente], é necessário que essa transformação ocorra em todas as regiões. Já na cidade, é mais rápido de isso acontecer, porque são menos pessoas”.

Leia também: Como ler, entender e não se perder no mundo das pesquisas eleitorais

Marcia Cavalari, CEO do IPEC, faz análise semelhante. “O universo da pesquisa municipal é menor e por isso, a mudança é muito mais rápida do que em uma eleição estadual ou presidencial. Ela atinge mais rapidamente os eleitores”, reforça.

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Luciana Chong explica que o cenário eleitoral tende a mudar conforme os eleitores passam a conhecer melhor os candidatos, com o horário eleitoral desempenhando um papel significativo nesse processo. Em eleições anteriores, era comum que o primeiro colocado se beneficiasse de um “recall” de votos, resultado de seu maior conhecimento entre o eleitorado. Foi o caso de Celso Russomanno, que nas últimas três eleições começou liderando a corrida, mas perdeu força à medida que a campanha avançava. Neste ano, ela chama a atenção para o inédito empate triplo na liderança, sem precedentes nesta altura das últimas eleições.

Com o crescimento das redes sociais, as chances de reviravoltas aumentaram significativamente. Um exemplo disso é o candidato Pablo Marçal (PRTB), que cresceu 7 pontos percentuais em apenas duas semanas, impulsionado por sua presença nas plataformas digitais. Hoje, ele está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na corrida eleitoral, segundo o último levantamento do próprio Datafolha.

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“A volatilidade do eleitor vem aumentando com o decorrer dos anos porque há uma circulação maior de informações e em alta velocidade e isso contribui para mudanças mais rápidas, explica Márcia Cavalari.

Ela ainda acrescenta que os eleitores decidem seu voto cada vez mais tarde. “(Eles) ficam esperando os últimos momentos da campanha, o último debate para avaliar o desempenho do seu candidato de preferência. Os debates entre os candidatos são a principal fonte de informação para a tomada de decisão do voto, seguido por visitas dos candidatos no local de moradia, notícias nos jornais, sites, rádios, notícias e postagens nas redes sociais”, completa.

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Doria e Haddad desbancaram favoritos

A eleição de 2016 foi, de longe, a mais disruptiva das últimas décadas: a 40 dias do pleito, o então tucano João Doria aparecia em quinto lugar nas pesquisas, atrás de Russomanno e dos ex-prefeitos Marta Suplicy, Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT). Doria não apenas venceu a eleição, como se tornou o único prefeito de São Paulo a conquistar o cargo no primeiro turno desde que as eleições passaram a ter dois turnos, em 1992. O tucano cresceu à medida que se tornou mais conhecido do eleitorado e foi impulsionado pela onda bolsonarista e antipolítica que dominava o País na época.

Nessa altura da eleição de 2012, parecia improvável que Haddad fosse o candidato vitorioso. Russomanno e José Serra lideravam as intenções de voto com 31% e 27%, concentrando mais da metade da preferência do eleitorado. Haddad, com apenas 8%, era tão pouco conhecido que alguns eleitores o chamavam de Fernando “Andrade”.

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A associação com Lula, que havia encerrado seu segundo mandato com a popularidade nas alturas, foi o principal impulsionador da vitória de Haddad, que capitalizou marcas populares de sua gestão no Ministério da Educação (MEC) durante a campanha. Também contribuiu para a vitória petista o fato de o PSDB, então partido rival, ter entrado na disputa já desgastado por um racha nas prévias do partido.

Em 2008, Marta Suplicy e Geraldo Alckmin (então no PSDB) eram os francos favoritos para disputar o segundo turno, mas as previsões dos analistas políticos caíram por terra. A um mês e meio da eleição, Marta liderava com folga, registrando 41% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin. Gilberto Kassab, por outro lado, era considerado o “azarão”: pouco conhecido pelo eleitorado, ele havia herdado a prefeitura de José Serra, que deixara o cargo para disputar o governo do estado.

Kassab conseguiu reverter o cenário desfavorável, utilizando a máquina da prefeitura a seu favor. Com sucesso, atraiu o apoio do PSDB no segundo turno, somando a máquina estadual de Serra à sua campanha. O resultado: Kassab terminou o primeiro turno à frente de Marta e, no segundo turno, foi reeleito com 60% dos votos válidos.

Paulo Maluf, Celso Pitta e Marta Suplicy foram os únicos que mantiveram o favoritismo nos anos de 1992, 1996 e 2000, respectivamente. Maluf, que tinha 46% nas pesquisas a um mês e meio da eleição, foi eleito com a imagem de “fazedor de obras”, na esteira da baixa aprovação de sua antecessora, Luiza Erundina, que contaminou a candidatura de Eduardo Suplicy (PT). Pitta foi alçado ao cargo por Maluf, de quem foi secretário. “Peço a vocês: votem no Pitta e, se ele não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim”, dizia Maluf em peça publicitária que foi À TV. Marta, que este ano voltou às eleições como vice na chapa de Guilherme Boulos, foi eleita prefeita em 2000, impulsionada pela ascensão do PT e pelo desgaste da gestão de Celso Pitta, marcada por escândalos de corrupção.

Liderar as pesquisas a um mês e meio da eleição não é garantia de vitória na cidade de São Paulo. É o que aponta levantamento do Estadão que revela que, quando se trata da eleição para a prefeitura da capital, surpresas e reviravoltas têm sido mais a regra do que a exceção. Na maioria das vezes, quem acaba ocupando a cadeira de prefeito são candidatos que, a poucas semanas da votação, ainda não figuravam em primeiro lugar.

O levantamento considerou todas as pesquisas do instituto Datafolha realizadas a aproximadamente um mês e meio do pleito, desde as eleições municipais de 1988. Das nove disputas analisadas, o vencedor estava numericamente à frente dos demais em apenas três: Marta Suplicy (PT) em 2000, Celso Pitta (PPB) em 1996, e Paulo Maluf (PDS) em 1992.

Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Ricardo Nunes e José Luiz Datena Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em 2020, o tucano Bruno Covas tinha 21% das intenções de voto, tecnicamente empatado no limite da margem de erro com Celso Russomanno (Republicanos), que aparecia com 27%. Já em 2004, José Serra (PSDB) registrava 30% contra 34% de Marta Suplicy, também configurando um empate técnico.

Luciana Chong, diretora do Datafolha, explica que as eleições municipais tendem a ser mais voláteis do que as nacionais, justamente por estarem mais próximas do cotidiano das pessoas. “Na disputa municipal, os eleitores estão vendo de perto o que está ou não funcionando na cidade. É diferente do pleito nacional, que se concentra nas grandes discussões sobre o País”, afirma ela.

Segundo a executiva, as eleições municipais são mais suscetíveis a mudanças de cenário por envolverem um universo menor de eleitores. “Para que haja uma mudança significativa [nas pesquisas nacionais, para presidente], é necessário que essa transformação ocorra em todas as regiões. Já na cidade, é mais rápido de isso acontecer, porque são menos pessoas”.

Leia também: Como ler, entender e não se perder no mundo das pesquisas eleitorais

Marcia Cavalari, CEO do IPEC, faz análise semelhante. “O universo da pesquisa municipal é menor e por isso, a mudança é muito mais rápida do que em uma eleição estadual ou presidencial. Ela atinge mais rapidamente os eleitores”, reforça.

Luciana Chong explica que o cenário eleitoral tende a mudar conforme os eleitores passam a conhecer melhor os candidatos, com o horário eleitoral desempenhando um papel significativo nesse processo. Em eleições anteriores, era comum que o primeiro colocado se beneficiasse de um “recall” de votos, resultado de seu maior conhecimento entre o eleitorado. Foi o caso de Celso Russomanno, que nas últimas três eleições começou liderando a corrida, mas perdeu força à medida que a campanha avançava. Neste ano, ela chama a atenção para o inédito empate triplo na liderança, sem precedentes nesta altura das últimas eleições.

Com o crescimento das redes sociais, as chances de reviravoltas aumentaram significativamente. Um exemplo disso é o candidato Pablo Marçal (PRTB), que cresceu 7 pontos percentuais em apenas duas semanas, impulsionado por sua presença nas plataformas digitais. Hoje, ele está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na corrida eleitoral, segundo o último levantamento do próprio Datafolha.

“A volatilidade do eleitor vem aumentando com o decorrer dos anos porque há uma circulação maior de informações e em alta velocidade e isso contribui para mudanças mais rápidas, explica Márcia Cavalari.

Ela ainda acrescenta que os eleitores decidem seu voto cada vez mais tarde. “(Eles) ficam esperando os últimos momentos da campanha, o último debate para avaliar o desempenho do seu candidato de preferência. Os debates entre os candidatos são a principal fonte de informação para a tomada de decisão do voto, seguido por visitas dos candidatos no local de moradia, notícias nos jornais, sites, rádios, notícias e postagens nas redes sociais”, completa.

Doria e Haddad desbancaram favoritos

A eleição de 2016 foi, de longe, a mais disruptiva das últimas décadas: a 40 dias do pleito, o então tucano João Doria aparecia em quinto lugar nas pesquisas, atrás de Russomanno e dos ex-prefeitos Marta Suplicy, Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT). Doria não apenas venceu a eleição, como se tornou o único prefeito de São Paulo a conquistar o cargo no primeiro turno desde que as eleições passaram a ter dois turnos, em 1992. O tucano cresceu à medida que se tornou mais conhecido do eleitorado e foi impulsionado pela onda bolsonarista e antipolítica que dominava o País na época.

Nessa altura da eleição de 2012, parecia improvável que Haddad fosse o candidato vitorioso. Russomanno e José Serra lideravam as intenções de voto com 31% e 27%, concentrando mais da metade da preferência do eleitorado. Haddad, com apenas 8%, era tão pouco conhecido que alguns eleitores o chamavam de Fernando “Andrade”.

A associação com Lula, que havia encerrado seu segundo mandato com a popularidade nas alturas, foi o principal impulsionador da vitória de Haddad, que capitalizou marcas populares de sua gestão no Ministério da Educação (MEC) durante a campanha. Também contribuiu para a vitória petista o fato de o PSDB, então partido rival, ter entrado na disputa já desgastado por um racha nas prévias do partido.

Em 2008, Marta Suplicy e Geraldo Alckmin (então no PSDB) eram os francos favoritos para disputar o segundo turno, mas as previsões dos analistas políticos caíram por terra. A um mês e meio da eleição, Marta liderava com folga, registrando 41% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin. Gilberto Kassab, por outro lado, era considerado o “azarão”: pouco conhecido pelo eleitorado, ele havia herdado a prefeitura de José Serra, que deixara o cargo para disputar o governo do estado.

Kassab conseguiu reverter o cenário desfavorável, utilizando a máquina da prefeitura a seu favor. Com sucesso, atraiu o apoio do PSDB no segundo turno, somando a máquina estadual de Serra à sua campanha. O resultado: Kassab terminou o primeiro turno à frente de Marta e, no segundo turno, foi reeleito com 60% dos votos válidos.

Paulo Maluf, Celso Pitta e Marta Suplicy foram os únicos que mantiveram o favoritismo nos anos de 1992, 1996 e 2000, respectivamente. Maluf, que tinha 46% nas pesquisas a um mês e meio da eleição, foi eleito com a imagem de “fazedor de obras”, na esteira da baixa aprovação de sua antecessora, Luiza Erundina, que contaminou a candidatura de Eduardo Suplicy (PT). Pitta foi alçado ao cargo por Maluf, de quem foi secretário. “Peço a vocês: votem no Pitta e, se ele não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim”, dizia Maluf em peça publicitária que foi À TV. Marta, que este ano voltou às eleições como vice na chapa de Guilherme Boulos, foi eleita prefeita em 2000, impulsionada pela ascensão do PT e pelo desgaste da gestão de Celso Pitta, marcada por escândalos de corrupção.

Liderar as pesquisas a um mês e meio da eleição não é garantia de vitória na cidade de São Paulo. É o que aponta levantamento do Estadão que revela que, quando se trata da eleição para a prefeitura da capital, surpresas e reviravoltas têm sido mais a regra do que a exceção. Na maioria das vezes, quem acaba ocupando a cadeira de prefeito são candidatos que, a poucas semanas da votação, ainda não figuravam em primeiro lugar.

O levantamento considerou todas as pesquisas do instituto Datafolha realizadas a aproximadamente um mês e meio do pleito, desde as eleições municipais de 1988. Das nove disputas analisadas, o vencedor estava numericamente à frente dos demais em apenas três: Marta Suplicy (PT) em 2000, Celso Pitta (PPB) em 1996, e Paulo Maluf (PDS) em 1992.

Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Ricardo Nunes e José Luiz Datena Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em 2020, o tucano Bruno Covas tinha 21% das intenções de voto, tecnicamente empatado no limite da margem de erro com Celso Russomanno (Republicanos), que aparecia com 27%. Já em 2004, José Serra (PSDB) registrava 30% contra 34% de Marta Suplicy, também configurando um empate técnico.

Luciana Chong, diretora do Datafolha, explica que as eleições municipais tendem a ser mais voláteis do que as nacionais, justamente por estarem mais próximas do cotidiano das pessoas. “Na disputa municipal, os eleitores estão vendo de perto o que está ou não funcionando na cidade. É diferente do pleito nacional, que se concentra nas grandes discussões sobre o País”, afirma ela.

Segundo a executiva, as eleições municipais são mais suscetíveis a mudanças de cenário por envolverem um universo menor de eleitores. “Para que haja uma mudança significativa [nas pesquisas nacionais, para presidente], é necessário que essa transformação ocorra em todas as regiões. Já na cidade, é mais rápido de isso acontecer, porque são menos pessoas”.

Leia também: Como ler, entender e não se perder no mundo das pesquisas eleitorais

Marcia Cavalari, CEO do IPEC, faz análise semelhante. “O universo da pesquisa municipal é menor e por isso, a mudança é muito mais rápida do que em uma eleição estadual ou presidencial. Ela atinge mais rapidamente os eleitores”, reforça.

Luciana Chong explica que o cenário eleitoral tende a mudar conforme os eleitores passam a conhecer melhor os candidatos, com o horário eleitoral desempenhando um papel significativo nesse processo. Em eleições anteriores, era comum que o primeiro colocado se beneficiasse de um “recall” de votos, resultado de seu maior conhecimento entre o eleitorado. Foi o caso de Celso Russomanno, que nas últimas três eleições começou liderando a corrida, mas perdeu força à medida que a campanha avançava. Neste ano, ela chama a atenção para o inédito empate triplo na liderança, sem precedentes nesta altura das últimas eleições.

Com o crescimento das redes sociais, as chances de reviravoltas aumentaram significativamente. Um exemplo disso é o candidato Pablo Marçal (PRTB), que cresceu 7 pontos percentuais em apenas duas semanas, impulsionado por sua presença nas plataformas digitais. Hoje, ele está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na corrida eleitoral, segundo o último levantamento do próprio Datafolha.

“A volatilidade do eleitor vem aumentando com o decorrer dos anos porque há uma circulação maior de informações e em alta velocidade e isso contribui para mudanças mais rápidas, explica Márcia Cavalari.

Ela ainda acrescenta que os eleitores decidem seu voto cada vez mais tarde. “(Eles) ficam esperando os últimos momentos da campanha, o último debate para avaliar o desempenho do seu candidato de preferência. Os debates entre os candidatos são a principal fonte de informação para a tomada de decisão do voto, seguido por visitas dos candidatos no local de moradia, notícias nos jornais, sites, rádios, notícias e postagens nas redes sociais”, completa.

Doria e Haddad desbancaram favoritos

A eleição de 2016 foi, de longe, a mais disruptiva das últimas décadas: a 40 dias do pleito, o então tucano João Doria aparecia em quinto lugar nas pesquisas, atrás de Russomanno e dos ex-prefeitos Marta Suplicy, Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT). Doria não apenas venceu a eleição, como se tornou o único prefeito de São Paulo a conquistar o cargo no primeiro turno desde que as eleições passaram a ter dois turnos, em 1992. O tucano cresceu à medida que se tornou mais conhecido do eleitorado e foi impulsionado pela onda bolsonarista e antipolítica que dominava o País na época.

Nessa altura da eleição de 2012, parecia improvável que Haddad fosse o candidato vitorioso. Russomanno e José Serra lideravam as intenções de voto com 31% e 27%, concentrando mais da metade da preferência do eleitorado. Haddad, com apenas 8%, era tão pouco conhecido que alguns eleitores o chamavam de Fernando “Andrade”.

A associação com Lula, que havia encerrado seu segundo mandato com a popularidade nas alturas, foi o principal impulsionador da vitória de Haddad, que capitalizou marcas populares de sua gestão no Ministério da Educação (MEC) durante a campanha. Também contribuiu para a vitória petista o fato de o PSDB, então partido rival, ter entrado na disputa já desgastado por um racha nas prévias do partido.

Em 2008, Marta Suplicy e Geraldo Alckmin (então no PSDB) eram os francos favoritos para disputar o segundo turno, mas as previsões dos analistas políticos caíram por terra. A um mês e meio da eleição, Marta liderava com folga, registrando 41% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin. Gilberto Kassab, por outro lado, era considerado o “azarão”: pouco conhecido pelo eleitorado, ele havia herdado a prefeitura de José Serra, que deixara o cargo para disputar o governo do estado.

Kassab conseguiu reverter o cenário desfavorável, utilizando a máquina da prefeitura a seu favor. Com sucesso, atraiu o apoio do PSDB no segundo turno, somando a máquina estadual de Serra à sua campanha. O resultado: Kassab terminou o primeiro turno à frente de Marta e, no segundo turno, foi reeleito com 60% dos votos válidos.

Paulo Maluf, Celso Pitta e Marta Suplicy foram os únicos que mantiveram o favoritismo nos anos de 1992, 1996 e 2000, respectivamente. Maluf, que tinha 46% nas pesquisas a um mês e meio da eleição, foi eleito com a imagem de “fazedor de obras”, na esteira da baixa aprovação de sua antecessora, Luiza Erundina, que contaminou a candidatura de Eduardo Suplicy (PT). Pitta foi alçado ao cargo por Maluf, de quem foi secretário. “Peço a vocês: votem no Pitta e, se ele não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim”, dizia Maluf em peça publicitária que foi À TV. Marta, que este ano voltou às eleições como vice na chapa de Guilherme Boulos, foi eleita prefeita em 2000, impulsionada pela ascensão do PT e pelo desgaste da gestão de Celso Pitta, marcada por escândalos de corrupção.

Liderar as pesquisas a um mês e meio da eleição não é garantia de vitória na cidade de São Paulo. É o que aponta levantamento do Estadão que revela que, quando se trata da eleição para a prefeitura da capital, surpresas e reviravoltas têm sido mais a regra do que a exceção. Na maioria das vezes, quem acaba ocupando a cadeira de prefeito são candidatos que, a poucas semanas da votação, ainda não figuravam em primeiro lugar.

O levantamento considerou todas as pesquisas do instituto Datafolha realizadas a aproximadamente um mês e meio do pleito, desde as eleições municipais de 1988. Das nove disputas analisadas, o vencedor estava numericamente à frente dos demais em apenas três: Marta Suplicy (PT) em 2000, Celso Pitta (PPB) em 1996, e Paulo Maluf (PDS) em 1992.

Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Ricardo Nunes e José Luiz Datena Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em 2020, o tucano Bruno Covas tinha 21% das intenções de voto, tecnicamente empatado no limite da margem de erro com Celso Russomanno (Republicanos), que aparecia com 27%. Já em 2004, José Serra (PSDB) registrava 30% contra 34% de Marta Suplicy, também configurando um empate técnico.

Luciana Chong, diretora do Datafolha, explica que as eleições municipais tendem a ser mais voláteis do que as nacionais, justamente por estarem mais próximas do cotidiano das pessoas. “Na disputa municipal, os eleitores estão vendo de perto o que está ou não funcionando na cidade. É diferente do pleito nacional, que se concentra nas grandes discussões sobre o País”, afirma ela.

Segundo a executiva, as eleições municipais são mais suscetíveis a mudanças de cenário por envolverem um universo menor de eleitores. “Para que haja uma mudança significativa [nas pesquisas nacionais, para presidente], é necessário que essa transformação ocorra em todas as regiões. Já na cidade, é mais rápido de isso acontecer, porque são menos pessoas”.

Leia também: Como ler, entender e não se perder no mundo das pesquisas eleitorais

Marcia Cavalari, CEO do IPEC, faz análise semelhante. “O universo da pesquisa municipal é menor e por isso, a mudança é muito mais rápida do que em uma eleição estadual ou presidencial. Ela atinge mais rapidamente os eleitores”, reforça.

Luciana Chong explica que o cenário eleitoral tende a mudar conforme os eleitores passam a conhecer melhor os candidatos, com o horário eleitoral desempenhando um papel significativo nesse processo. Em eleições anteriores, era comum que o primeiro colocado se beneficiasse de um “recall” de votos, resultado de seu maior conhecimento entre o eleitorado. Foi o caso de Celso Russomanno, que nas últimas três eleições começou liderando a corrida, mas perdeu força à medida que a campanha avançava. Neste ano, ela chama a atenção para o inédito empate triplo na liderança, sem precedentes nesta altura das últimas eleições.

Com o crescimento das redes sociais, as chances de reviravoltas aumentaram significativamente. Um exemplo disso é o candidato Pablo Marçal (PRTB), que cresceu 7 pontos percentuais em apenas duas semanas, impulsionado por sua presença nas plataformas digitais. Hoje, ele está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na corrida eleitoral, segundo o último levantamento do próprio Datafolha.

“A volatilidade do eleitor vem aumentando com o decorrer dos anos porque há uma circulação maior de informações e em alta velocidade e isso contribui para mudanças mais rápidas, explica Márcia Cavalari.

Ela ainda acrescenta que os eleitores decidem seu voto cada vez mais tarde. “(Eles) ficam esperando os últimos momentos da campanha, o último debate para avaliar o desempenho do seu candidato de preferência. Os debates entre os candidatos são a principal fonte de informação para a tomada de decisão do voto, seguido por visitas dos candidatos no local de moradia, notícias nos jornais, sites, rádios, notícias e postagens nas redes sociais”, completa.

Doria e Haddad desbancaram favoritos

A eleição de 2016 foi, de longe, a mais disruptiva das últimas décadas: a 40 dias do pleito, o então tucano João Doria aparecia em quinto lugar nas pesquisas, atrás de Russomanno e dos ex-prefeitos Marta Suplicy, Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT). Doria não apenas venceu a eleição, como se tornou o único prefeito de São Paulo a conquistar o cargo no primeiro turno desde que as eleições passaram a ter dois turnos, em 1992. O tucano cresceu à medida que se tornou mais conhecido do eleitorado e foi impulsionado pela onda bolsonarista e antipolítica que dominava o País na época.

Nessa altura da eleição de 2012, parecia improvável que Haddad fosse o candidato vitorioso. Russomanno e José Serra lideravam as intenções de voto com 31% e 27%, concentrando mais da metade da preferência do eleitorado. Haddad, com apenas 8%, era tão pouco conhecido que alguns eleitores o chamavam de Fernando “Andrade”.

A associação com Lula, que havia encerrado seu segundo mandato com a popularidade nas alturas, foi o principal impulsionador da vitória de Haddad, que capitalizou marcas populares de sua gestão no Ministério da Educação (MEC) durante a campanha. Também contribuiu para a vitória petista o fato de o PSDB, então partido rival, ter entrado na disputa já desgastado por um racha nas prévias do partido.

Em 2008, Marta Suplicy e Geraldo Alckmin (então no PSDB) eram os francos favoritos para disputar o segundo turno, mas as previsões dos analistas políticos caíram por terra. A um mês e meio da eleição, Marta liderava com folga, registrando 41% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin. Gilberto Kassab, por outro lado, era considerado o “azarão”: pouco conhecido pelo eleitorado, ele havia herdado a prefeitura de José Serra, que deixara o cargo para disputar o governo do estado.

Kassab conseguiu reverter o cenário desfavorável, utilizando a máquina da prefeitura a seu favor. Com sucesso, atraiu o apoio do PSDB no segundo turno, somando a máquina estadual de Serra à sua campanha. O resultado: Kassab terminou o primeiro turno à frente de Marta e, no segundo turno, foi reeleito com 60% dos votos válidos.

Paulo Maluf, Celso Pitta e Marta Suplicy foram os únicos que mantiveram o favoritismo nos anos de 1992, 1996 e 2000, respectivamente. Maluf, que tinha 46% nas pesquisas a um mês e meio da eleição, foi eleito com a imagem de “fazedor de obras”, na esteira da baixa aprovação de sua antecessora, Luiza Erundina, que contaminou a candidatura de Eduardo Suplicy (PT). Pitta foi alçado ao cargo por Maluf, de quem foi secretário. “Peço a vocês: votem no Pitta e, se ele não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim”, dizia Maluf em peça publicitária que foi À TV. Marta, que este ano voltou às eleições como vice na chapa de Guilherme Boulos, foi eleita prefeita em 2000, impulsionada pela ascensão do PT e pelo desgaste da gestão de Celso Pitta, marcada por escândalos de corrupção.

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