BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi vaiado em cerimônia de entrega de apartamentos do Minha Casa, Minha Vida em Maceió, questionou o público e recebeu apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o segundo dia seguido de vaias a Lira em um evento do governo federal - na quinta, 9, foi em entrega de obra hídrica com Lula no interior do Estado.
“Duvido que um morador que vai ser atendido por essas casas esteja vaiando hoje, isso é uma falta de respeito”, disse o presidente da Câmara. “Mais do que vaias e aplausos, a função do parlamentar é trabalhar pelo seu Estado, é continuar aprovando matérias no Congresso Nacional, é dando suporte para que tudo aconteça nas políticas públicas. E a Câmara dos Deputados faz o seu papel”, afirmou. Em determinado momento Lula se levantou e se colocou próximo a Lira, em sinal de apoio. Essa é um tática comum do petista quando seu objetivo é desencorajar vaias contra outro político em seu palanque.
“Nenhum político, ele e eu, com respeito e sem demérito a nenhum político desse Estado, ninguém entregou mais casas no Estado do que o senador Benedito [de Lira, pai do presidente da Câmara] e o deputado Arthur Lira”, afirmou Lira. Líderes alagoanos adversários do grupo político do presidente da Câmara, como o ministro Renan Filho (Transportes) e o governador Paulo Dantas (MDB) também estavam no ato.
Ao discursar, Lula saiu novamente em defesa de Lira. O petista disse que as vaias a políticos de grupos adversários em eventos institucionais tornam difícil para ele viajar e fazer inaugurações de obras. “A gente precisa apenas a aprender a respeitar quando o ato é institucional. O ato institucional não tem cor partidária. Porque se não fica difícil para um presidente da República viajar para inaugurar coisa. Porque as pessoas que vêm aqui são convidadas por nós. E ninguém leva ninguém na sua casa para ser vaiado, para ser mal tratado”, declarou o presidente da República.
“É uma questão de comportamento que me incomoda muito”, afirmou. E acrescentou: “Esse ato aqui é para a gente homenagear os companheiros do conjunto residencial Parque da Lagoa. É um ato que não tem partido político”, disse Lula.
Segundo o presidente, este é um ano difícil para esse tipo de compromisso porque em outubro haverá eleições municipais. Isso faz com que as rivalidades dos grupos políticos se acirrem. Ele se disse grato a Arthur Lira, ao prefeito de Maceió, João Henrique Campos, e ao governador de Alagoas, Paulo Dantas, por eles terem comparecido à solenidade.
Lula ressalvou que a proximidade demonstrada no ato do Minha Casa, Minha Vida não necessariamente se reproduzirá nas disputas pelas prefeituras. “Vai ter um momento em que vou viajar algumas cidades para apoiar um candidato. A gente não vai estar junto em todos os lugares”, disse o presidente da República.