Literatura de Lapouge mostra o talento de um escritor crítico


Premiado pela Academia Francesa, jornalista buscou o paraíso perdido no Brasil e escreveu livros sobre sua paixão e suas decepções com o País

Por Antonio Gonçalves Filho

Há mais ou menos um ano, Gilles Lapouge, colaborador habitual do caderno Aliás nestes três últimos anos, escreveu um texto em que analisava o mercado editorial francês. A França tinha motivos para comemorar o crescimento vertiginoso da publicação de livros na última década? Contrariando as expectativas, ele respondeu que não: “Tais números são enganosos porque, na verdade, editores e livrarias sofrem, mostram sinais de fadiga”. Poucos autores, em sua opinião, mereciam ser assim chamados. “O crescimento exponencial da oferta não elevou a qualidade; o desperdício é gigantesco; a maioria desses escritos é medíocre”. Naturalmente, Lapouge era uma exceção. Jornalista experiente, ele manteve o bom hábito da leitura e, portanto, escrevia como poucos. Foi um privilégio ser seu interlocutor e editor.

Gilles Lapouge em 2015, no lançamento de seu livro 'Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil' Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Estivemos juntos algumas vezes, sempre em suas breves passagens pelo País. Vinha lançar um livro ou participar de um debate, que tanto podia ser sobre política como sobre o amor, sobre a dificuldade de amar. Esse era um tema caro a Lapouge. Gilles até escreveu um livro sobre ele. Mais especificamente, sobre a dificuldade de amar o nosso país. Em Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil, ele toca em assuntos desagradáveis como racismo e violência para descrever sua relação de quase 70 anos com o País.

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Um de seus livros mais recentes trata exatamente dessa busca pelo paraíso que logo se revela um inferno. Aos 95 anos, Gilles lançou uma obra sobre a utopia, sobre os paraísos reais ou inventados pelos homens: Atlas des Paradis Perdus. Nele, Lapouge recupera os paraísos perdidos de lorde Osgood e os Campos Elísios imaginados por Henri Racine de Monville, também no século 18, um parque temático que sucumbiu à Revolução Francesa. Nesse paraíso imaginário, pagodes chineses dividiam o espaço com igrejas góticas.  Mas o que parecia um paraíso real para ele em 1951 virou um inferno bem maquiado, uma Cítera à beira do colapso ambiental, o que o afastou cada vez mais do Brasil. Melhor pegar outro livro de Lapouge, Noites Tranquilas em Belém, romance publicado em 2015 e que será brevemente lançado pela Pontes Editores. Nele, a cultura francesa se funde à brasileira. Um narrador em busca da própria identidade dá ao leitor um perfil curioso de Gilles, um homem premiado pela Academia Francesa que, de fato, amou nosso território que tão pouco tem a oferecer além da ignorância e da brutalidade. 

Há mais ou menos um ano, Gilles Lapouge, colaborador habitual do caderno Aliás nestes três últimos anos, escreveu um texto em que analisava o mercado editorial francês. A França tinha motivos para comemorar o crescimento vertiginoso da publicação de livros na última década? Contrariando as expectativas, ele respondeu que não: “Tais números são enganosos porque, na verdade, editores e livrarias sofrem, mostram sinais de fadiga”. Poucos autores, em sua opinião, mereciam ser assim chamados. “O crescimento exponencial da oferta não elevou a qualidade; o desperdício é gigantesco; a maioria desses escritos é medíocre”. Naturalmente, Lapouge era uma exceção. Jornalista experiente, ele manteve o bom hábito da leitura e, portanto, escrevia como poucos. Foi um privilégio ser seu interlocutor e editor.

Gilles Lapouge em 2015, no lançamento de seu livro 'Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil' Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Estivemos juntos algumas vezes, sempre em suas breves passagens pelo País. Vinha lançar um livro ou participar de um debate, que tanto podia ser sobre política como sobre o amor, sobre a dificuldade de amar. Esse era um tema caro a Lapouge. Gilles até escreveu um livro sobre ele. Mais especificamente, sobre a dificuldade de amar o nosso país. Em Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil, ele toca em assuntos desagradáveis como racismo e violência para descrever sua relação de quase 70 anos com o País.

Um de seus livros mais recentes trata exatamente dessa busca pelo paraíso que logo se revela um inferno. Aos 95 anos, Gilles lançou uma obra sobre a utopia, sobre os paraísos reais ou inventados pelos homens: Atlas des Paradis Perdus. Nele, Lapouge recupera os paraísos perdidos de lorde Osgood e os Campos Elísios imaginados por Henri Racine de Monville, também no século 18, um parque temático que sucumbiu à Revolução Francesa. Nesse paraíso imaginário, pagodes chineses dividiam o espaço com igrejas góticas.  Mas o que parecia um paraíso real para ele em 1951 virou um inferno bem maquiado, uma Cítera à beira do colapso ambiental, o que o afastou cada vez mais do Brasil. Melhor pegar outro livro de Lapouge, Noites Tranquilas em Belém, romance publicado em 2015 e que será brevemente lançado pela Pontes Editores. Nele, a cultura francesa se funde à brasileira. Um narrador em busca da própria identidade dá ao leitor um perfil curioso de Gilles, um homem premiado pela Academia Francesa que, de fato, amou nosso território que tão pouco tem a oferecer além da ignorância e da brutalidade. 

Há mais ou menos um ano, Gilles Lapouge, colaborador habitual do caderno Aliás nestes três últimos anos, escreveu um texto em que analisava o mercado editorial francês. A França tinha motivos para comemorar o crescimento vertiginoso da publicação de livros na última década? Contrariando as expectativas, ele respondeu que não: “Tais números são enganosos porque, na verdade, editores e livrarias sofrem, mostram sinais de fadiga”. Poucos autores, em sua opinião, mereciam ser assim chamados. “O crescimento exponencial da oferta não elevou a qualidade; o desperdício é gigantesco; a maioria desses escritos é medíocre”. Naturalmente, Lapouge era uma exceção. Jornalista experiente, ele manteve o bom hábito da leitura e, portanto, escrevia como poucos. Foi um privilégio ser seu interlocutor e editor.

Gilles Lapouge em 2015, no lançamento de seu livro 'Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil' Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Estivemos juntos algumas vezes, sempre em suas breves passagens pelo País. Vinha lançar um livro ou participar de um debate, que tanto podia ser sobre política como sobre o amor, sobre a dificuldade de amar. Esse era um tema caro a Lapouge. Gilles até escreveu um livro sobre ele. Mais especificamente, sobre a dificuldade de amar o nosso país. Em Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil, ele toca em assuntos desagradáveis como racismo e violência para descrever sua relação de quase 70 anos com o País.

Um de seus livros mais recentes trata exatamente dessa busca pelo paraíso que logo se revela um inferno. Aos 95 anos, Gilles lançou uma obra sobre a utopia, sobre os paraísos reais ou inventados pelos homens: Atlas des Paradis Perdus. Nele, Lapouge recupera os paraísos perdidos de lorde Osgood e os Campos Elísios imaginados por Henri Racine de Monville, também no século 18, um parque temático que sucumbiu à Revolução Francesa. Nesse paraíso imaginário, pagodes chineses dividiam o espaço com igrejas góticas.  Mas o que parecia um paraíso real para ele em 1951 virou um inferno bem maquiado, uma Cítera à beira do colapso ambiental, o que o afastou cada vez mais do Brasil. Melhor pegar outro livro de Lapouge, Noites Tranquilas em Belém, romance publicado em 2015 e que será brevemente lançado pela Pontes Editores. Nele, a cultura francesa se funde à brasileira. Um narrador em busca da própria identidade dá ao leitor um perfil curioso de Gilles, um homem premiado pela Academia Francesa que, de fato, amou nosso território que tão pouco tem a oferecer além da ignorância e da brutalidade. 

Há mais ou menos um ano, Gilles Lapouge, colaborador habitual do caderno Aliás nestes três últimos anos, escreveu um texto em que analisava o mercado editorial francês. A França tinha motivos para comemorar o crescimento vertiginoso da publicação de livros na última década? Contrariando as expectativas, ele respondeu que não: “Tais números são enganosos porque, na verdade, editores e livrarias sofrem, mostram sinais de fadiga”. Poucos autores, em sua opinião, mereciam ser assim chamados. “O crescimento exponencial da oferta não elevou a qualidade; o desperdício é gigantesco; a maioria desses escritos é medíocre”. Naturalmente, Lapouge era uma exceção. Jornalista experiente, ele manteve o bom hábito da leitura e, portanto, escrevia como poucos. Foi um privilégio ser seu interlocutor e editor.

Gilles Lapouge em 2015, no lançamento de seu livro 'Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil' Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Estivemos juntos algumas vezes, sempre em suas breves passagens pelo País. Vinha lançar um livro ou participar de um debate, que tanto podia ser sobre política como sobre o amor, sobre a dificuldade de amar. Esse era um tema caro a Lapouge. Gilles até escreveu um livro sobre ele. Mais especificamente, sobre a dificuldade de amar o nosso país. Em Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil, ele toca em assuntos desagradáveis como racismo e violência para descrever sua relação de quase 70 anos com o País.

Um de seus livros mais recentes trata exatamente dessa busca pelo paraíso que logo se revela um inferno. Aos 95 anos, Gilles lançou uma obra sobre a utopia, sobre os paraísos reais ou inventados pelos homens: Atlas des Paradis Perdus. Nele, Lapouge recupera os paraísos perdidos de lorde Osgood e os Campos Elísios imaginados por Henri Racine de Monville, também no século 18, um parque temático que sucumbiu à Revolução Francesa. Nesse paraíso imaginário, pagodes chineses dividiam o espaço com igrejas góticas.  Mas o que parecia um paraíso real para ele em 1951 virou um inferno bem maquiado, uma Cítera à beira do colapso ambiental, o que o afastou cada vez mais do Brasil. Melhor pegar outro livro de Lapouge, Noites Tranquilas em Belém, romance publicado em 2015 e que será brevemente lançado pela Pontes Editores. Nele, a cultura francesa se funde à brasileira. Um narrador em busca da própria identidade dá ao leitor um perfil curioso de Gilles, um homem premiado pela Academia Francesa que, de fato, amou nosso território que tão pouco tem a oferecer além da ignorância e da brutalidade. 

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