Bastidores da política que movimentam a economia

Opinião|Lula muito ajuda a equipe econômica se não atrapalhar


Mais uma vez cabe a Fernando Haddad extinguir incêndios causados pelo próprio chefe

Por Lorenna Rodrigues

Há pouco mais de três meses, publiquei neste espaço uma coluna com o título: “Lula se irrita com equipe e Haddad volta a atuar de bombeiro. Por enquanto”. Poderia ser o nome do texto de hoje. Naquela ocasião, em março, o fogo que o ministro da Fazenda ajudava a apagar era o das disputas entre o colega de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Agora, cabe a Fernando Haddad extinguir incêndios causados pelo próprio chefe, que também têm origem na irritação de Lula com a equipe. O presidente passou as últimas semanas em guerra com o mercado. O caldo começou a entornar depois da devolução da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O texto tinha sido enviado por Haddad para compensar a desoneração da folha de pagamentos, mas foi prontamente rejeitado pelo setor produtivo, que pressionou o Legislativo, que enterrou a iniciativa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhado ministro Fernando Haddad (Fazenda) em solenidade no Planalto Foto: WILTON JUNIOR/Estadão
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Lula não gostou da lambança. Nos bastidores, reclamou da comunicação, da articulação política - que jogou a culpa em Haddad, o que abriu um processo de fritura do ministro que só parou depois de sucessivas defesas do presidente.

Irritado, o presidente intensificou a batalha com o mercado no mesmo dia em que Pacheco devolvia a MP, 12 de junho. Em evento no Rio de Janeiro, disse que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. Lula se recusava a falar de corte de gastos.

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De lá para cá, a escalada no discurso do presidente foi proporcional à do dólar. Lula se apoiava em pesquisas e trackings do Palácio do Planalto que mostravam que atacar um “inimigo externo” ao governo - o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - ajudava a melhorar sua percepção em determinadas camadas da população.

Mas pesou a mão. Quanto mais Lula falava, mais o dólar subia, mais irritado ele ficava por isso - chegou a chamar de cretinos os que disseram que a moeda se valorizava por suas declarações.

Esse movimento ocorreu junto à nova estratégia na comunicação do governo, que tem a ver com as eleições municipais, com o presidente em viagens pelo Brasil para inaugurar obras ao lado de candidatos aliados. Discursando em palanques e dando entrevistas em rádios locais, onde mais se sente à vontade, o presidente tem um terreno fértil para ataques intencionais e deslizes acima do previsto.

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Foi preciso uma intervenção e coube ao próprio Haddad fazê-la. Na semana passada, em reunião do Conselhão e ao lado de Lula, o ministro já tinha apontado a necessidade de o governo “calibrar a comunicação”. Não foi o suficiente, Lula continuou soltando pérolas do tipo “com indicação ao BC, quem sabe, baixamos a bola de Campos Neto”.

A “virada de chave” ocorreu no último fim de semana, quando Haddad recebeu Lula e economistas de confiança do presidente, antigos conselheiros que o alertaram que, mais cedo ou mais tarde, a alta do câmbio chegaria à inflação. E que isso acontecendo, não importa a composição do Banco Central, poderia haver necessidade de não só manter a taxa Selic por mais tempo em 10,5% ao ano, como até em elevá-la.

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A conversa parece ter amolecido o coração do presidente. De segunda para cá, ele calibrou o discurso - ontem chegou a dizer que “jamais será irresponsável no fiscal”. Liberou Haddad para anunciar um corte de R$ 25,9 bilhões no Orçamento do ano que vem.

A reação do mercado foi imediata, com o dólar caindo abaixo de R$ 5,50 e juros futuros recuando. Aliados do presidente se animaram e já falam na moeda americana em um patamar de R$ 5,10. Isso dependerá, claro, de vários fatores, entre eles a duração da trégua que Lula dará para que sua equipe econômica possa mostrar serviço.

A hora agora é de Lula recuar e deixar que os planos e ações de Haddad e cia falem por si. Não há mais espaço para retórica e o que vai ancorar expectativas e abrir espaço para a queda dos juros que o presidente almeja é a confiança de que o arcabouço fiscal será respeitado. Os próximos passos serão o anúncio de algum congelamento de recursos neste ano, no próximo dia 22, e o detalhamento do corte anunciado por Haddad. Lula muito ajuda se não atrapalhar.

Há pouco mais de três meses, publiquei neste espaço uma coluna com o título: “Lula se irrita com equipe e Haddad volta a atuar de bombeiro. Por enquanto”. Poderia ser o nome do texto de hoje. Naquela ocasião, em março, o fogo que o ministro da Fazenda ajudava a apagar era o das disputas entre o colega de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Agora, cabe a Fernando Haddad extinguir incêndios causados pelo próprio chefe, que também têm origem na irritação de Lula com a equipe. O presidente passou as últimas semanas em guerra com o mercado. O caldo começou a entornar depois da devolução da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O texto tinha sido enviado por Haddad para compensar a desoneração da folha de pagamentos, mas foi prontamente rejeitado pelo setor produtivo, que pressionou o Legislativo, que enterrou a iniciativa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhado ministro Fernando Haddad (Fazenda) em solenidade no Planalto Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Lula não gostou da lambança. Nos bastidores, reclamou da comunicação, da articulação política - que jogou a culpa em Haddad, o que abriu um processo de fritura do ministro que só parou depois de sucessivas defesas do presidente.

Irritado, o presidente intensificou a batalha com o mercado no mesmo dia em que Pacheco devolvia a MP, 12 de junho. Em evento no Rio de Janeiro, disse que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. Lula se recusava a falar de corte de gastos.

De lá para cá, a escalada no discurso do presidente foi proporcional à do dólar. Lula se apoiava em pesquisas e trackings do Palácio do Planalto que mostravam que atacar um “inimigo externo” ao governo - o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - ajudava a melhorar sua percepção em determinadas camadas da população.

Mas pesou a mão. Quanto mais Lula falava, mais o dólar subia, mais irritado ele ficava por isso - chegou a chamar de cretinos os que disseram que a moeda se valorizava por suas declarações.

Esse movimento ocorreu junto à nova estratégia na comunicação do governo, que tem a ver com as eleições municipais, com o presidente em viagens pelo Brasil para inaugurar obras ao lado de candidatos aliados. Discursando em palanques e dando entrevistas em rádios locais, onde mais se sente à vontade, o presidente tem um terreno fértil para ataques intencionais e deslizes acima do previsto.

Foi preciso uma intervenção e coube ao próprio Haddad fazê-la. Na semana passada, em reunião do Conselhão e ao lado de Lula, o ministro já tinha apontado a necessidade de o governo “calibrar a comunicação”. Não foi o suficiente, Lula continuou soltando pérolas do tipo “com indicação ao BC, quem sabe, baixamos a bola de Campos Neto”.

A “virada de chave” ocorreu no último fim de semana, quando Haddad recebeu Lula e economistas de confiança do presidente, antigos conselheiros que o alertaram que, mais cedo ou mais tarde, a alta do câmbio chegaria à inflação. E que isso acontecendo, não importa a composição do Banco Central, poderia haver necessidade de não só manter a taxa Selic por mais tempo em 10,5% ao ano, como até em elevá-la.

A conversa parece ter amolecido o coração do presidente. De segunda para cá, ele calibrou o discurso - ontem chegou a dizer que “jamais será irresponsável no fiscal”. Liberou Haddad para anunciar um corte de R$ 25,9 bilhões no Orçamento do ano que vem.

A reação do mercado foi imediata, com o dólar caindo abaixo de R$ 5,50 e juros futuros recuando. Aliados do presidente se animaram e já falam na moeda americana em um patamar de R$ 5,10. Isso dependerá, claro, de vários fatores, entre eles a duração da trégua que Lula dará para que sua equipe econômica possa mostrar serviço.

A hora agora é de Lula recuar e deixar que os planos e ações de Haddad e cia falem por si. Não há mais espaço para retórica e o que vai ancorar expectativas e abrir espaço para a queda dos juros que o presidente almeja é a confiança de que o arcabouço fiscal será respeitado. Os próximos passos serão o anúncio de algum congelamento de recursos neste ano, no próximo dia 22, e o detalhamento do corte anunciado por Haddad. Lula muito ajuda se não atrapalhar.

Há pouco mais de três meses, publiquei neste espaço uma coluna com o título: “Lula se irrita com equipe e Haddad volta a atuar de bombeiro. Por enquanto”. Poderia ser o nome do texto de hoje. Naquela ocasião, em março, o fogo que o ministro da Fazenda ajudava a apagar era o das disputas entre o colega de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Agora, cabe a Fernando Haddad extinguir incêndios causados pelo próprio chefe, que também têm origem na irritação de Lula com a equipe. O presidente passou as últimas semanas em guerra com o mercado. O caldo começou a entornar depois da devolução da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O texto tinha sido enviado por Haddad para compensar a desoneração da folha de pagamentos, mas foi prontamente rejeitado pelo setor produtivo, que pressionou o Legislativo, que enterrou a iniciativa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhado ministro Fernando Haddad (Fazenda) em solenidade no Planalto Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Lula não gostou da lambança. Nos bastidores, reclamou da comunicação, da articulação política - que jogou a culpa em Haddad, o que abriu um processo de fritura do ministro que só parou depois de sucessivas defesas do presidente.

Irritado, o presidente intensificou a batalha com o mercado no mesmo dia em que Pacheco devolvia a MP, 12 de junho. Em evento no Rio de Janeiro, disse que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. Lula se recusava a falar de corte de gastos.

De lá para cá, a escalada no discurso do presidente foi proporcional à do dólar. Lula se apoiava em pesquisas e trackings do Palácio do Planalto que mostravam que atacar um “inimigo externo” ao governo - o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - ajudava a melhorar sua percepção em determinadas camadas da população.

Mas pesou a mão. Quanto mais Lula falava, mais o dólar subia, mais irritado ele ficava por isso - chegou a chamar de cretinos os que disseram que a moeda se valorizava por suas declarações.

Esse movimento ocorreu junto à nova estratégia na comunicação do governo, que tem a ver com as eleições municipais, com o presidente em viagens pelo Brasil para inaugurar obras ao lado de candidatos aliados. Discursando em palanques e dando entrevistas em rádios locais, onde mais se sente à vontade, o presidente tem um terreno fértil para ataques intencionais e deslizes acima do previsto.

Foi preciso uma intervenção e coube ao próprio Haddad fazê-la. Na semana passada, em reunião do Conselhão e ao lado de Lula, o ministro já tinha apontado a necessidade de o governo “calibrar a comunicação”. Não foi o suficiente, Lula continuou soltando pérolas do tipo “com indicação ao BC, quem sabe, baixamos a bola de Campos Neto”.

A “virada de chave” ocorreu no último fim de semana, quando Haddad recebeu Lula e economistas de confiança do presidente, antigos conselheiros que o alertaram que, mais cedo ou mais tarde, a alta do câmbio chegaria à inflação. E que isso acontecendo, não importa a composição do Banco Central, poderia haver necessidade de não só manter a taxa Selic por mais tempo em 10,5% ao ano, como até em elevá-la.

A conversa parece ter amolecido o coração do presidente. De segunda para cá, ele calibrou o discurso - ontem chegou a dizer que “jamais será irresponsável no fiscal”. Liberou Haddad para anunciar um corte de R$ 25,9 bilhões no Orçamento do ano que vem.

A reação do mercado foi imediata, com o dólar caindo abaixo de R$ 5,50 e juros futuros recuando. Aliados do presidente se animaram e já falam na moeda americana em um patamar de R$ 5,10. Isso dependerá, claro, de vários fatores, entre eles a duração da trégua que Lula dará para que sua equipe econômica possa mostrar serviço.

A hora agora é de Lula recuar e deixar que os planos e ações de Haddad e cia falem por si. Não há mais espaço para retórica e o que vai ancorar expectativas e abrir espaço para a queda dos juros que o presidente almeja é a confiança de que o arcabouço fiscal será respeitado. Os próximos passos serão o anúncio de algum congelamento de recursos neste ano, no próximo dia 22, e o detalhamento do corte anunciado por Haddad. Lula muito ajuda se não atrapalhar.

Há pouco mais de três meses, publiquei neste espaço uma coluna com o título: “Lula se irrita com equipe e Haddad volta a atuar de bombeiro. Por enquanto”. Poderia ser o nome do texto de hoje. Naquela ocasião, em março, o fogo que o ministro da Fazenda ajudava a apagar era o das disputas entre o colega de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Agora, cabe a Fernando Haddad extinguir incêndios causados pelo próprio chefe, que também têm origem na irritação de Lula com a equipe. O presidente passou as últimas semanas em guerra com o mercado. O caldo começou a entornar depois da devolução da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O texto tinha sido enviado por Haddad para compensar a desoneração da folha de pagamentos, mas foi prontamente rejeitado pelo setor produtivo, que pressionou o Legislativo, que enterrou a iniciativa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhado ministro Fernando Haddad (Fazenda) em solenidade no Planalto Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

Lula não gostou da lambança. Nos bastidores, reclamou da comunicação, da articulação política - que jogou a culpa em Haddad, o que abriu um processo de fritura do ministro que só parou depois de sucessivas defesas do presidente.

Irritado, o presidente intensificou a batalha com o mercado no mesmo dia em que Pacheco devolvia a MP, 12 de junho. Em evento no Rio de Janeiro, disse que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. Lula se recusava a falar de corte de gastos.

De lá para cá, a escalada no discurso do presidente foi proporcional à do dólar. Lula se apoiava em pesquisas e trackings do Palácio do Planalto que mostravam que atacar um “inimigo externo” ao governo - o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - ajudava a melhorar sua percepção em determinadas camadas da população.

Mas pesou a mão. Quanto mais Lula falava, mais o dólar subia, mais irritado ele ficava por isso - chegou a chamar de cretinos os que disseram que a moeda se valorizava por suas declarações.

Esse movimento ocorreu junto à nova estratégia na comunicação do governo, que tem a ver com as eleições municipais, com o presidente em viagens pelo Brasil para inaugurar obras ao lado de candidatos aliados. Discursando em palanques e dando entrevistas em rádios locais, onde mais se sente à vontade, o presidente tem um terreno fértil para ataques intencionais e deslizes acima do previsto.

Foi preciso uma intervenção e coube ao próprio Haddad fazê-la. Na semana passada, em reunião do Conselhão e ao lado de Lula, o ministro já tinha apontado a necessidade de o governo “calibrar a comunicação”. Não foi o suficiente, Lula continuou soltando pérolas do tipo “com indicação ao BC, quem sabe, baixamos a bola de Campos Neto”.

A “virada de chave” ocorreu no último fim de semana, quando Haddad recebeu Lula e economistas de confiança do presidente, antigos conselheiros que o alertaram que, mais cedo ou mais tarde, a alta do câmbio chegaria à inflação. E que isso acontecendo, não importa a composição do Banco Central, poderia haver necessidade de não só manter a taxa Selic por mais tempo em 10,5% ao ano, como até em elevá-la.

A conversa parece ter amolecido o coração do presidente. De segunda para cá, ele calibrou o discurso - ontem chegou a dizer que “jamais será irresponsável no fiscal”. Liberou Haddad para anunciar um corte de R$ 25,9 bilhões no Orçamento do ano que vem.

A reação do mercado foi imediata, com o dólar caindo abaixo de R$ 5,50 e juros futuros recuando. Aliados do presidente se animaram e já falam na moeda americana em um patamar de R$ 5,10. Isso dependerá, claro, de vários fatores, entre eles a duração da trégua que Lula dará para que sua equipe econômica possa mostrar serviço.

A hora agora é de Lula recuar e deixar que os planos e ações de Haddad e cia falem por si. Não há mais espaço para retórica e o que vai ancorar expectativas e abrir espaço para a queda dos juros que o presidente almeja é a confiança de que o arcabouço fiscal será respeitado. Os próximos passos serão o anúncio de algum congelamento de recursos neste ano, no próximo dia 22, e o detalhamento do corte anunciado por Haddad. Lula muito ajuda se não atrapalhar.

Opinião por Lorenna Rodrigues

Editora do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, em Brasília, e colunista do Broadcast e Estadão. Jornalista desde 2006, especialista em Orçamento e Gestão Pública e em Desenvolvimento Econômico. Responsável por coberturas como das emendas Pix e de investigações de fraudes no cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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