O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 26, que o governo brasileiro vem mantendo tratativas com a Argentina para a extradição dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Se esses caras não quiserem vir, que eles sejam presos lá. E fiquem presos na Argentina. Se não, venham para cá”, afirmou o presidente em entrevista ao UOL.
Os fugitivos descumpriram medidas cautelares impostas pela Justiça brasileira e, por isso, são considerados foragidos. Lula citou que há entre eles pessoas já condenadas e disse que o Itamaraty, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal estão cuidando do caso.
O presidente disse que o diálogo com o governo argentino está sendo empenhado “da forma mais diplomática possível”. O petista, contudo, afirmou que ainda não conversou o presidente do país, Javier Milei, pois o argentino deve desculpas a ele. “Ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Falou muita bobagem”, alegou.
“Tudo o que o presidente Lula quer (...) está dentro dos desejos dele e respeitamos. O presidente (Milei) não fez nada de que tenha que se arrepender, ao menos até agora”, disse o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni.
Segundo a Casa Rosada, na Itália, durante a cúpula do G-7, Lula e Milei apenas se cumprimentaram apenas de forma cordial, em encontro fortuito. Ambos participaram como convidados de uma sessão de debates, inaugurada pelo papa Francisco. Em 8 de julho, Lula e Milei se encontram mais uma vez, na Cúpula do Mercosul, em Assunção, capital do Paraguai.
PF no rastro de foragidos do 8/1
A PF tentam descobrir o paradeiro de 143 condenados por participação na tentativa de golpe. Na semana passada, o governo Milei repassou às autoridades brasileiras uma lista com os dados de envolvidos no 8 de Janeiro que ingressaram no país vizinho após descumprirem medidas cautelares. O documento foi enviado a Brasília e repassado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A colaboração atendeu a um pedido dos investigadores brasileiros. Por outro lado, a Argentina, tal como o Brasil, é signatária de tratados que a obrigam a analisar pedidos de refúgio, o que pode criar obstáculos e retardar eventuais extradições.