O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou uma porta aberta para a formação de alianças em eventual segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). “A gente não tem que ficar com melindre de conversar com quem quer que seja. Nosso barco é que nem a Arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro e nós iremos salvar todo mundo”, disse o petista neste sábado, 1º, em entrevista coletiva.
De acordo com o agregador de pesquisas eleitorais do Estadão Dados, atualizado com os dados divulgados neste sábado pelos institutos Datafolha, Ipec, Quaest, Ipespe e MDA, Lula tem 51% das intenções de voto e Bolsonaro, 36%.
Para Lula, segundo turno é outra eleição. “Não tem nada comparado ao primeiro turno. Você vai procurar as forças políticas que foram derrotadas para conversar. Se você não consegue conversar com quem não quer conversar, você vai conversar com o partido, com os eleitores.”, afirmou.
Nos bastidores, a campanha de Lula considera que conseguirá atrair Simone Tebet (MDB) para o palanque em caso de segundo turno. Ciro Gomes (PDT), por sua vez, já declarou que não apoiará o petista. Lula já afirmou, em outras ocasiões, que uma possível aproximação seria feita através dos presidentes dos partidos, descartando Ciro da tratativa com o PT.
Em aceno a eleitores de outros candidatos, Lula disse respeitar aqueles que não votam nele. “Eu queria dizer que respeito aqueles que não votam em mim. Eu possivelmente não tenha encontrado as palavras para convencê-los a votar em mim, mas como sou muito novo (risadas) posso ainda convencê-los a votar em mim”, afirmou.
Em diferentes momentos, no entanto, Lula buscou passar a mensagem de que não será um problema se a eleição for definida no segundo turno e não no primeiro. “Sou muito esperançoso que essa eleição se defina amanhã. Se não, vamos ter que fazer que nem um time que vai para a prorrogação: descansar 15 minutos, e voltar”, afirmou. Ele também fez apelo contra a abstenção e pediu que eleitores votem neste domingo.
Eleições no Estadão
Durante entrevista, Lula se mostrou otimista e fez brincadeiras e piadas ao responder a perguntas de imprensa. O petista agradeceu os aliados, a esposa, Janja, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, enalteceu a parceria com Geraldo Alckmin (PSB), elogiou o arco de alianças políticas que estabeleceu e também se mostrou grato pelo apoio recebido da classe artística.
Em diferentes momentos, no entanto, buscou passar a mensagem de que não será um problema se a eleição for definida no segundo turno e não no primeiro. “Sou muito esperançoso que essa eleição se defina amanhã. Se não, vamos ter que fazer que nem um time que vai para a prorrogação: descansar 15 minutos, e voltar”, afirmou.
De acordo com Lula, petistas devem ir à Avenida Paulista neste domingo independentemente do resultado da eleição deste domingo. “Amanhã estarei festejando, se ganhar ou for para o segundo turno. Vamos para a Paulista fazer festa e vamos trabalhar, porque ressurgir das cinzas, como nós ressurgimos, é motivo de muita alegria e vitória”, afirmou.
Questionado se teme não tomar posse, se eleito, em razão de eventual questionamento do resultado por Bolsonaro, Lula respondeu: “Eu não temo nada. Eu só tenho o povo não me eleger. Se o povo me eleger haverá posse e haverá tudo mais o que foi prometido”. No exercício do mandato, o presidente Bolsonaro, principal adversário do petista, tentou colocar em xeque a lisura do processo eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as pesquisas de intenção de voto.
Padre Kelmon
Lula minimizou o enfrentamento no último debate com o candidato Padre Kelmon (PTB) e disse que não estava diante de um sacerdote, mas de um “laranja”, em referência às dobradinhas com o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. “Se tiver eleição em dois turnos, debate é melhor porque é tête-à-tête”, avaliou, após dizer que o chefe do Executivo “gosta de mentir”. “Faz parte do DNA dele”, disparou.
Lula ainda chamou Bolsonaro de “fora de padrão de qualquer normalidade”. “Todo mundo sabe que a gente por mais que tenha cometido pecado, não merecia ter sido condenado ganhando esse Bolsonaro como presidente da República”, disparou.
Ao lado de Alckmin, Lula destacou a aliança com o antigo adversário. “A nossa aliança é uma coisa muito forte. A gente pensava que gente inimigo e de repente a gente vai jogar no mesmo time e percebemos que éramos amigos e não sabíamos. A gente descobre que tem muitos pensamentos comuns, que a gente tem o mesmo sonho para o povo brasileiro e a gente não sabia”, afirmou, sobre Alckmin.
Pouco antes, Alckmin também elogiou o parceiro de chapa. “É raro o homem público ter essa empatia com o povo como tem o presidente Lula”, disse. “Tudo o que foi feito de véspera de eleição, com a máquina pública, e o povo não mudou. O povo deu uma aula”, afirmou o ex-governador paulista, que disse que irá esperar o resultado das urnas “com humildade, com confiança”.