O futuro político do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin ainda é uma incógnita na corrida eleitoral de 2022. Embora fosse cotado para retornar ao Palácio dos Bandeirantes, Alckmin se desfiliou do PSDB e passou a considerar voos mais altos. Hoje, é cortejado a se tornar candidato a vice numa chapa presidencial liderada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Líder na corrida da sucessão estadual segundo as pesquisas de intenção de voto, o debate sobre trazer seu nome para o cenário nacional acabou adiando a decisão sobre seu destino em 2022.
Agora o ex-tucano dispõe de um leque amplo de convites e cartas na mesa para as próximas eleições. Ele foi cortejado por ao menos cinco legendas — três anos após seu resultado pífio nas eleições de 2018, quando obteve pouco mais de 4% dos votos, apesar da coligação ampla que o apoiava numa das campanhas mais ricas e com maior tempo de TV à época.
Sem descartar publicamente a possibilidade de sair para governador, o tucano passou a dialogar com o ex-presidente Lula em julho. Adversários no passado, tendo inclusive disputado o segundo turno um contra o outro em 2006, ambos se mostraram dispostos a firmar uma aliança para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano que vem. O arranjo ganhou mais força após participarem de um jantar com nomes de nove partidos. Mas esse acerto ainda depende de um acordo sobre qual sigla abrigaria o ex-governador.
PSB
As primeiras negociações em torno da chapa presidencial surgiram via PSB. Amigo e ex-vice-governador de Alckmin, Márcio França, já vinhanegociando com o ex-tucano o ingresso no partido. Interessado em disputar o governo paulista, França se converteu num dos principais negociadores da chapa com Lula.
As tratativas no partido esbarraram na exigência do PSB de que os petistas apoiem França para o governo de São Paulo e de outros quatro estados. Entretanto, o palanque do PT no Estado já é do ex-prefeito Fernando Haddad, que aparece bem posicionado nas pesquisas. Segundo interlocutores, o ex-governador tem dito que o PSB jogou à mesa exigências muito difíceis para selar o acordo. Justificando as demandas, o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, afirmou ao Estadão que “a relação não pode ser de mão única”.
PSD
O partido de Gilberto Kassab era tomado por interlocutores como mais “seguro” para Alckmin, quando seu foco principal era o governo de São Paulo. Mas a aproximação do ex-governador com o PT diluiu as expectativas de filiação à legenda. A hipótese de ser vice de Lula esbarra na resistência de Kassab, que lançou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), como pré-candidato à Presidência.
Durante jantar do grupo Prerrogativas, Lula mostrou que ainda quer aliança com o partido. Segundo o relato de participantes, o ex-presidente disse que seria importante “colocar o PSD no arranjo”. Ao jornal Folha de S. Paulo, Kassab afirmou que o PSD não vai indicar Alckmin para vice de Lula.
Solidariedade
O ex-governador também estuda a possibilidade de se filiar ao Solidariedade, partido liderado pelo deputado Paulinho da Força. Como mostrou o Estadão, a filiação surgiu como alternativa em uma conversa de avião. Dependendo do cenário, porém, pode acabar se concretizando.
Paulinho da Força publicou nas redes sociais o convite que fez ao tucano e deixou clara a intenção de oferecê-lo como vice para Lula. “Convidei o Alckmin para se filiar aoSolidariedade, com o objetivo de ser candidato a vice do Lula. Se ele quiser, o nosso partido estará de portas abertas”, escreveu o presidente do Solidariedade. Durante encontro com representantes da Força Sindical, braço do Solidariedade, Lula afirmou a apoiadores que compor uma chapa com Alckmin seria “bom para o Brasil”. “Continuem articulando com ele. Eu quero”, disse.
PV
O último partido a entrar na disputa pelo nome de Alckmin - e pela vaga de vice na chapa de Lula - foi o PV. O convite foi feito por José Luiz Penna, presidente nacional do PV, que foi secretário de Cultura na gestão do ex-governador paulista. A direção nacional da legenda anunciou apoio à formação de federação com PT, PSB e PCdoB.
União Brasil
Antes que as tratativas com Lula se tornassem públicas, Alckmin já vinha cumprindo agenda de pré-candidato ao governo paulista, participando de eventos para discutir propostas para o Estado. Nesse cenário, o ex-governador iniciou negociações para migrar para o União Brasil - partido que nasceu da fusão entre DEM e PSL. Contudo, as conversas perderam força, uma vez que o diretório paulista resistia ao nome de Alckmin e mantinha diálogo com a gestão João Doria/Rodrigo Garcia para a sucessão no Estado./COLABOROU GUSTAVO QUEIROZ