BRASÍLIA - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira, dia 9, os últimos 16 ministros e completou a formação do primeiro escalão do futuro governo. Lula adiou os acordos políticos a até três dias da posse, para abrir espaço aos partidos de centro-direita, seu futuro Centrão, e ampliar a base de governabilidade no Congresso.
Na última leva de anúncios, ele também confirmou a entrada no governo de duas ex-presidenciáveis, Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento, e Marina Silva (Rede), que retorna ao Ministério do Meio Ambiente. Ambas são consideradas escolhas pessoais de Lula, em retribuição ao apoio e engajamento prático e simbólico delas na campanha.
Tebet afirmou que ela e o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, são uma dupla que “não tem como dar errado”. “Nós já começamos com três identidades: somos professores universitários, ele tem parentes no meu Estado (Mato Grosso do Sul) que são amigos em comum. E ele me deu a terceira: somos de origem libanesa. Então, não tem como dar errado”, disse Tebet, que chamou Haddad para a foto conjunta com Lula e piscou para ele no fim.
Ao anunciar Marina, disse que “todo mundo estava esperando” e “muita gente já sabia” quem seria a ministra do Meio Ambiente.
Os principais partidos contemplados foram o MDB, o PSD e o União Brasil. Dando três ministérios a cada, Lula selou o acordo para que as legendas integrem o governo, mesmo diante de insatisfações no PT e em partidos pequenos não atendidos. Juntas, essas as siglas somam 143 deputados e 31 senadores.
Lula entregou o Ministério da Previdência Social ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que havia sido ministro do Trabalho no governo Dilma Rousseff. O PDT disputou a Presidência com o ex-ministro Ciro Gomes, ex-aliado pessoal e hoje crítico de Lula.
Lula orientou os ministros a montarem as equipes de forma democrática e com capacidade técnica e defendeu a nomeação de parlamentares e políticos sem experiência na área que assumem: “No meu governo não há medo de escolher político. Fora da política não se resolve quase nada nesse planeta”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffman, afirmou que na próxima semana vai começar a dialogar para compor o segundo escalão com partidos menores que ficaram sem ministérios. Avante, PV, Solidariedade e Pros serão contemplados com cargos. “Nenhum ministério é porteira fechada”, disse ela. “São partidos que estiveram conosco na caminhada, gostaríamos muito que tivessem ministérios, mas não foi possível. Vamos tentar contemplar”.
A nova Esplanada
Segundo a presidente do PT, os presidentes da Petrobras, da Caixa e do Banco do Brasil ficarão para um segundo momento. Até pouco antes do anúncio dos ministros, havia a previsão de confirmação do senador Jean Paul Prates na petrolífera. Lula preferiu postergar de última hora. Segundo Lula, os dois maiores bancos serão assumidos por mulheres. “Vamos ter uma mulher na presidência do Caixa e uma mulher no Banco do Brasil. O Banco do Brasil tem 200 anos e nunca se pensou em ter uma mulher na presidência”, afirmou ele, anunciando apoio a políticas de paridade salarial de gênero.
“A construção do governo continua, e vai continuar depois da posse”, disse Lula, que confirmou que irá se debruçar na semana que vem sobre a escolha de cargos no segundo escalão do governo, inclusive nos cargos federais distribuídos nos Estados.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) serão chefiadas por indígenas, afirmou Lula. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), foi anunciada sob gritos de “demarcação já” e “nunca mais o Brasil sem nós”.
Ele disse que fará uma reunião ministerial ampla nos primeiros três dias do governo e logo um encontro com governadores.
Lula exaltou a presença recorde de onze mulheres como ministras do governo e, um a um, anunciou os “companheiros” e “companheiras”. “Quero que vocês façam parte da história política nesse País, no momento que tivemos coragem de assumir um Brasil delicado, destruído”, disse ele.
Ao anunciar o governador do Amapá, Waldez Goes, indicado do senador Davi Alcolumbre (União-AP), para a pasta de Integração Nacional, Lula confirmou que ele vai deixar o PDT. A tendência é que ele se filie ao União Brasil. “O companheiro Waldez quando ele era governador, eu era presidente da República. Tivemos mandato juntos. Eu fiquei muito feliz porque o companheiro Waldez é do PDT, mas ele foi indicado pelo União Brasil”, disse o presidente eleito.
Lula afirmou também que o futuro ministro terá a tarefa de ajudar o União Brasil a colaborar com o futuro governo no Congresso. “Ele vai se afastar, pedir licença do PDT e vai assumir o compromisso de ajudar a coordenar esse ministério e vai ajudar também a coordenar a bancada e o partido do companheiro Bivar (presidente da legenda)”, afirmou. “Waldez, você vai ter duplo trabalho, além de seu trabalho como ministro, vai ter que ajudar a coordenar a bancada na Câmara e no Senado. Portanto, se prepare”, completou o petista.
O nome de Waldez foi sacramentado na noite de ontem, 28, após uma reunião entre Lula e Alcolumbre. Na manhã desta quinta, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, Alcolumbre e Lula fizeram uma nova reunião e definiram a indicação dos deputados Daniela do Waguinho (União-RJ), próxima de Bivar, e Juscelino Filho (União-MA) para comandar respectivamente as pastas de Turismo e Comunicações.
Veja a lista de ministros anunciados por Lula:
Planejamento - Simone Tebet (MDB)
Meio Ambiente - Marina Silva (Rede)
Cidades - Jader Filho (MDB)
Transportes - Renan Filho (MDB)
Agricultura - Carlos Fávaro (PSD)
Pesca - André de Paula (PSD)
Minas e Energia - Alexandre Silveira (PSD)
Integração e Desenvolvimento Regional - Waldez Góes (governador do Amapá, do PDT, deve migrar para o União Brasil)
Turismo - Daniela do Waguinho (União Brasil)
Comunicações -Juscelino Filho (União Brasil)
Previdência - Carlos Lupi (PDT)
Desenvolvimento Agrário - Paulo Teixeira (PT)
Gabinete de Segurança Institucional - General Gonçalves Dias
Secretaria de Comunicação Social - Paulo Pimenta (PT)
Povos Indígenas - Sônia Guajajara (PSOL)
Esporte - Ana Moser
Líder do governo na Câmara - José Guimarães (PT)
Líder do governo no Senado - Jaques Wagner (PT)
Líder do governo no Congresso - Randolfe Rodrigues (Rede)