O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Michel Temer a culpa por eventual desabastecimento de fertilizantes no País após o corte de importações por causa do conflito na Ucrânia. Segundo Lula, ambos os mandatários fecharam fábricas do produto durante seus governos.
Em sua rede social, o líder petista reagiu a uma publicação que noticiava uma fala da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, lamentando o fato de o Brasil ter encerrado as atividades de três fábricas de fertilizantes. “Foram os governos de Temer e Bolsonaro que erraram, não o Brasil, fechando fábricas de fertilizantes na Bahia, em Sergipe e no Paraná”, afirmou o ex-presidente.
A Petrobras aprovou, em janeiro de 2020, o encerramento das atividades de uma fábrica de fertilizantes localizada em Araucária, no Paraná, argumentando que resultados negativos mostravam inviabilidade do negócio. Em 2018, a petroleira fechou a fábrica de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE).
O presidente Bolsonaro tem pregado o "equilíbrio" do Brasil no conflito, evitando condenar a ação militar da Rússia de Vladimir Putin sob a alegação de que a produção agrícola brasileira depende de fertilizantes, em especial o potássio, fornecidos pelos russos. Nesta quarta-feira, 2, Tereza Cristina disse que o Brasil tem "forte estoque de passagem" do adubo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), mas que, mesmo assim, o insumo é a principal preocupação do governo brasileiro.
"O nosso maior gargalo no Brasil é o potássio. Importamos mais de 90% do que consumimos. Este é o produto com o qual temos mais preocupação e por isso é que, já prevendo isso, estávamos articulando com outros países produtores, como o Canadá", disse ela.
Bolsonaro também citou a dependência do potássio russo como argumento para aprovar o PL 191/2020 na Câmara dos Deputados, que autoriza a mineração em terras indígenas. O mandatário argumenta que é urgente o acesso a reservas de potássio em terras indígenas, mas, como já mostrou o Estadão, a alegação não se sustenta: há centenas de pedidos de exploração de potássio fora de terras indígenas à espera de liberação das autoridades.
Procurado, o Ministério da Agricultura ainda não se manifestou.