O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje uma crítica ao eleitor paulista que deixou de eleger Delfim Netto (PMDB) como deputado federal nas eleições de 2006. Em discurso durante evento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), Lula não citou nomes, mas criticou o fato de que foram eleitas outras pessoas tão merecedoras de voto quanto Delfim mas, na avaliação de Lula, menos competentes que Delfim. "Um povo politizado, como o de São Paulo, deixou de eleger um Delfim Netto e elegeu outras pessoas, quem sabe, tão merecedoras de voto como ele, mas bem menos competentes para ser parlamentares como ele", afirmou.Lula defendeu a necessidade de se fazer uma reforma política de forma a dar solidez aos partidos, mas pregou um voto mais consciente para melhorar o nível dos representantes na Câmara dos Deputados. "Se a gente não melhorar também o nível das pessoas que vão nos representar na Câmara e no Senado, a gente não pode reclamar depois", disse o presidente.Em mais um discurso em clima de despedida do cargo, Lula prometeu que depois de deixar a Presidência em 1º de janeiro, vai brigar pela aprovação da reforma política pelo Congresso. "Como presidente, não era meu papel brigar ou lutar pela reforma política. Era papel dos partidos políticos. Pois bem, a partir do dia 1º de janeiro eu não serei mais presidente, mas continuarei na política e, portanto, o meu partido e os partidos aliados, nós vamos assumir o compromisso de fazer a reforma política nesse País, de verdade", disse, sob aplausos de cerca de 200 empresários reunidos na solenidade no hotel Transamérica, na capital paulista.Reforma tributáriaAo comparar a reforma política com a tributária, Lula fez uma defesa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, presente à solenidade, e afirmou que nenhum empresário poderia reclamar com o ministro sobre a estrutura tributária brasileira. Lula disse que, por duas vezes, no primeiro e no segundo mandatos, convocou entidades privadas e lideranças partidárias para discutir uma proposta de reforma tributária que tivesse apoio do Congresso Nacional. Mas nenhuma foi adiante."A verdade é que tanto quanto a reforma política, que todo mundo fala que é necessária, as pessoas não querem, porque cada um quer a sua reforma - cada município, cada Estado, e ela não a acontece", afirmou o presidente, para em seguida criticar, sem citar nomes, o governo paulista.De acordo com ele, logo que o governo federal conseguiu aprovar o Super Simples (regime que reduz a tributação para micro e pequenas empresas), o governo de São Paulo "encontrou um jeito de fazer um tipo de política tributária que anulou o Simples". "Passamos dez anos discutindo formas de melhorar a vida da micro e pequena empresa e, aqui em São Paulo, se deu um jeito de matar isso", criticou o presidente da República, sem citar nomes de governadores.