O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o governador Paulo Dantas (MDB), de Alagoas, afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suspeita de ter operado um esquema de “rachadinha” em seu gabinete quando era deputado. Em ato político em Alagoas na quinta-feira, 13, o candidato do PT à Presidência discursou em um carro de som ao lado de Dantas, que é seu aliado e candidato à reeleição no Estado.
O petista chamou de “precipitado” o afastamento do governador e comparou o caso à sua condenação no âmbito da Operação Lava Jato. “Eu sei o que você está passando. Não sou advogado, não vou me meter. Mas vou dizer para você, na minha opinião, todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Essa condenação precipitada sua me cheira a minha condenação”, disse o ex-presidente.
Condenado na Lava Jato, Lula ficou 580 dias preso. Ele deixou a prisão em 8 de novembro de 2019 porque o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou o entendimento sobre a prisão após julgamentos de segunda instância. Em março de 2021, os processos foram anulados.
Dantas disputa o segundo turno em Alagoas contra Rodrigo Cunha (União Brasil), candidato apoiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Confira nesta matéria quais são os governadores que apoiam Bolsonaro ou Lula no segundo turno.
A defesa de Lula pelo governador de Alagoas é um aceno ao senador Renan Calheiros (MDB), que se opôs à orientação nacional de seu partido de apoiar a candidatura de Simone Tebet à Presidência e passou a pedir votos para o petista já no primeiro turno. O filho do parlamentar, o ex-governador Renan Filho (MDB), compõe o palanque de Dantas no Estado e foi eleito ao Senado em 2 de outubro.
Dantas é investigado sob suspeita de operar um esquema de contratação de funcionários fantasmas para desvio de salários, a chamada “rachadinha”, quando era deputado estadual. A investigação mira pelo menos 93 nomeações de servidores em cargos comissionados na Assembleia Legislativa de Alagoas, que recebiam até R$ 21 mil. Os investigadores estimam que os supostos desvios podem chegar a R$ 54 milhões. O governador nega irregularidades e diz que o inquérito tem motivação política.
O afastamento é cautelar, para preservar a investigação e evitar desvios. A medida não afeta a candidatura do governador à reeleição. O governador ainda pode tentar reverter a decisão recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF).