BUENOS AIRES – Em sua primeira viagem internacional desde que assumiu como presidente, Luiz Inácio Lula da Silva Lula afirmou que o Brasil “voltará à normalidade” e destacou que o novo comandante das Forças Armadas, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, nomeado no sábado, pensa “exatamente” como ele.
“(O ex-presidente Jair) Bolsonaro não respeitou a Constituição. As Forças Armadas não podem estar nas mãos de políticos”, disse Lula, em entrevista coletiva, após reunião com o presidente argentino, Alberto Fernández, na Casa Rosada, sede do governo local. “Eu escolhi um comandante do Exército que não foi possível dar certo (Júlio Cesar de Arruda), e escolhi outro comandante. Tive uma boa conversa com o comandante (Ribeiro Paiva), e ele pensa exatamente como tudo que tenho falado sobre a questão das Forças Armadas.”
Lula ressaltou que as Forças Armadas têm papel definido na Constituição, o de garantir a soberania. “Eu penso que todas as carreiras de Estado não podem se meter na política durante o exercício da função. Porque essa gente tem estabilidade, essa gente não pertence a nenhum governo, essa gente pertence ao Estado brasileiro, portanto eles precisam aprender democraticamente”, declarou.
Segundo ele, o culpado pela politização das Forças Armadas é Bolsonaro. “O Bolsonaro conseguiu a maioria em todas as forças militares, a polícia dos Estados, a polícia rodoviária, uma parte da polícia militar e uma parte das Forças Armadas. Agora nós temos um papel de muita responsabilidade que é fazer com que o País volte à normalidade e as forças policiais e militares voltem à normalidade”, destacou o petista.
Lula ressaltou que, na sua visão, Bolsonaro não respeitou a Constituição e as Forças Armadas. “E eu tenho certeza que nós vamos colocar as coisas no lugar. O Brasil vai voltar à normalidade. As Forças Armadas vão cumprir com seu papel, o poder Executivo vai cumprir com seu papel, o poder Legislativo vai cumprir com seu papel, e assim o Brasil vai ficar bem”, disse o presidente na Argentina, onde participa, nesta terça-feira, da reunião de cúpula da Conferência de Países Latino-Americanos e Caribe (Celac).
De manhã, Lula participou de encontro bilateral entre Brasil e Argentina, quando foram firmados acordos nas áreas de Saúde, Economia, Ciência e Tecnologia e Infraestrutura. O presidente brasileiro afirmou que irá estreitar a relação entre as universidades dos dois países. Lembrando que atualmente a Argentina tem cerca de 30 mil estudantes brasileiros cursando medicina no país, onde não há vestibular.