Em aceno ao segmento evangélico, no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ampla vantagem, o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso dizendo que Bolsonaro é “mentiroso” e usa “o nome de Jesus em vão para tentar enganar a boa-fé dos homens e mulheres”. O petista evocou apoiadores a agir contra “a fábrica de mentiras” que atuou em 2018, quando Fernando Haddad disputou o Planalto.
”A maior mentira que (Bolsonaro) conta por dia é evocar Deus toda hora. Ele está mentindo. Ele usa o nome de Jesus em vão para tentar enganar a boa-fé dos homens e mulheres”, criticou Lula durante encontro com trabalhadoras domésticas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).
”Nós queremos restabelecer uma outra relação com a sociedade. Estado não tem religião. Estado não pode ter religião. Estado precisa tratar todas as religiões com respeito”, defendeu. Lula voltou a lembrar que em 2003, durante sua gestão, foi criada a Lei de Liberdade Religiosa e, em 2009, a Marcha para Jesus. Disse também que durante o governo Dilma Rousseff (PT) foi sancionada a Lei do Evangelho.
Diante da disseminação de fake news sobre a relação entre governos do PT e evangélicos, Lula pediu ajuda de apoiadores para desmentir desinformação nas redes sociais. “Precisa ficar atento a essa quantidade de mentiras que é contada todo santo dia. Vocês precisam aproveitar o zap de vocês para não deixar que a mentira corra”, disse. Segundo ele, “a mentira voa e a verdade engatinha”.
Lula endossou esse movimento para evitar “que a fábrica de mentiras faça o que fez quando Haddad foi candidato em 2018″. Como mostrou o Broadcast Político, o temor é que a campanha bolsonarista reforce a alegação de que o petista, se eleito, fecharia igrejas. A agenda é vista como uma reedição da discussão do “kit gay” da corrida eleitoral de 2018.
Lula diz que Bolsonaro participa de motociata por não ter coragem de fazer comício
Lula fez novo aceno ao segmento feminino. O petista destacou Dilma Rousseff como primeira presidente mulher do País e disse que ela “foi tirada do governo por uma sacanagem, por uma bicicletada que inventaram”. Ao criticar o presidente Bolsonaro, sem mencioná-lo, Lula afirmou que “o cara que votou para tirar ela não dá nem bicicletada, dá motociata” porque não teria coragem de fazer comício.
”Dilma foi tirada do governo por uma sacanagem, por uma bicicletada que inventaram. A Dilma foi tirada e o tal do cara que votou para tirar ela não dá nem bicicletada, dá motociata”, afirmou Lula. “Ele não tem coragem de fazer comício. Quando vai é para fazer comício com militares, militantes dele. Ele não se mistura com povo pobre porque sabe que mente demais. Não é Lula que está dizendo, é a imprensa”, afirmou.
Lula voltou a prometer que, se eleito, criará um Ministério da Mulher. “Não vai ser mais uma secretaria, vai ser um ministério. Mulheres são maioria nesse País e já mostraram ter competência para exercer qualquer função em qualquer lugar no mundo e no Brasil também”, disse.
O aceno acontece após gafes cometidas pelo ex-presidente em relação ao público feminino e que tiveram grande repercussão nas redes sociais. Durante um comício em Belém na noite de quinta-feira, 1, por exemplo, Lula disse que trabalho doméstico é “serviço da mulher” ao mencionar que o homem tem que ter a “dignidade de ajudar na cozinha”.
Em ato realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no dia 20 de agosto, Lula também acumulou outra polêmica. “Mão de homem não foi feita para bater em mulher. Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso”, disse na ocasião.
No evento deste domingo, Lula reforçou a pauta de igualdade de oportunidades e disse que, se eleito, não vai “prejudicar ninguém”. “Não quero que a filha da empregada doméstica prejudique o filho do patrão dela. A única coisa que eu quero é que o filho da empregada doméstica tenha a mesma oportunidade de disputar a mesma vaga com qualquer pessoa do mundo”.