BRASÍLIA — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, afirmou nesta quarta-feira, 13, que, se eleito, pretende criar um “orçamento participativo” em âmbito nacional. Lula fez críticas ao orçamento secreto, esquema criado no governo de Jair Bolsonaro para distribuir emendas parlamentares em troca de apoio no Congresso. A prática foi revelada pelo Estadão.
“Vamos ganhar essa porra dessa eleição. Vamos ganhar essas eleições aqui para a gente poder mudar a história”, disse o ex-presidente, durante encontro com artistas, em Brasília.
Antes, Lula havia observado que era preciso recuperar o orçamento para reconstruir o País. “Se tem dinheiro para a podridão do orçamento secreto, porque não faz orçamento público, à luz do dia, para que o povo conheça para onde vai seu dinheiro? Eu vou tentar, se voltar à Presidência da República, fazer o orçamento participativo a nível nacional”, destacou o petista.
Quando era presidente, Lula enfrentou o escândalo do mensalão, que consistia na compra de apoio parlamentar. “Não sei se vai ser fácil, mas a gente vai ter que construir aplicativo para que (...), depois de fazer no Planejamento o modelo de orçamento, possa espraiar para as pessoas dizerem o que querem para esse País”, insistiu ele. Hoje, a pasta do Planejamento está sob o guarda-chuva do Ministério da Economia.
Diante de uma plateia composta por apoiadores, Lula afirmou que a Comissão do Orçamento é “famosa desde quando prenderam os sete anões”. “E não mudou nada”, observou o ex-presidente, numa referência ao escândalo do Anões do Orçamento nos anos 90. ”Vou governar para todos, mas prioritariamente para o povo pobre. Vamos fazer uma pequena revolução nesse País, a gente não vai dar um tiro, a gente não vai ficar bravo ou gritando com ninguém. A gente vai com muita paz”, disse Lula, que voltou a pedir aos militantes para não responderem a provocações de bolsonaristas.
A preocupação com segurança foi manifestada após o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, pelo policial bolsonarista Jorge Guaranho. Aos artistas, Lula prometeu recriar o Ministério da Cultura e criticou municípios que contratam famosos para shows. “Prefeitos gastam fortunas fazendo shows com artistas que cobram até R$ 1 milhão e 200 para fazer um show e não é capaz de gastar 30 reais com um grupo de teatro local, com um grupo de música local”, afirmou. Como mostrou o Estadão, pequenas cidades — algumas delas sem saneamento básico — investiram milhões em shows de cantores, a maioria sertanejos, neste ano eleitoral.